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ID: 2882

Galo Verde promove diálogo no Dia Mundial da Água

22/03/2021

Diálogo do Galo Verde sobre Dia Mundial da Água
Diálogo do Galo Verde sobre Dia Mundial da Água
Diálogo do Galo Verde sobre Dia Mundial da Água
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Inaugurando um novo formato de encontro virtual e estudo de tema, DIÁLOGOS SEMPRE VERDES, o Programa Ambiental Galo Verde, se colocou ao lado de inúmeras entidades que, no dia 22 de março de 2021, promoveram algum evento para refletir a realidade da água nos nossos dias.

Dentro de um plano de ação que o Grupo Tarefa Pró Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ) vem desenvolvendo, o foco desta vez foi para A IMPORTÂNCIA DO PARQUE E SUAS NASCENTES.

Inicialmente, o coordenador do GV, Johannes, foi nomeado cronometrista do grupo e feito algumas considerações técnicas sobre a plataforma usada para o diálogo, o Zoom.

Evandro Meurer iniciou os trabalhos da noite com uma motivação bíblica citando e comentando o trecho de quando Jesus se encontra com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó e pede água à ela (João 4:5–8). Leu um poema de Dyovany Otaviano Riacho de Pedra/PE, previamente selecionado por Carla de Conto Schieck (que não pode estar presente) sob o título “Conversando com a água”. E Felipe Gruetzmacher apresentou o ativista Wigold Bertoldo Schaffer que apresentou o seguinte compilado de informações:

● uma pessoa precisa de 15 litros diários de água para viver e satisfazer necessidades;
● dia 21 de março foi o dia mundial das florestas: há conexão entre o dia da água e o dia das florestas;
● A ONU apresenta os direitos da água como uma maneira de conectar o planeta e a raça humana com recursos hídricos;
● a água é um patrimônio do mundo;
● a gestão da água é imprescindível para a sustentabilidade, pois acessar água potável é um direito das pessoas;
● em geral, a maior parte da água do mundo não pode ser usada porque contém sal;
● um grave problema ambiental enfrentado pelas pessoas é a falta de saneamento básico;
● praticamente, metade da população mundial enfrenta algum desafio relacionado à água;
● o stress hídrico é desencadeado pelo consumo excessivo;
● há graves desigualdades no acesso à água, seja Brasil, seja mundo;
● outro ponto que complica é a degradação dos ecossistemas que compromete o abastecimento;
● mudanças climáticas estão afetando o fornecimento da água em todo mundo;
● Brasil utiliza uma quantidade gigantesca de água para produzir soja e grãos para exportar. Ou seja: estamos exportando nossa valiosa água na forma de soja e grãos;
● problemas migratórios podem piorar com a escassez hídrica;
● o crescimento populacional, modelo de produção agrícola e pecuária altamente ineficientes comprometem a gestão hídrica em todo mundo;
● dicas práticas para conservar a água:
- proteção de ecossistemas, nascentes e fontes;
- usar cisternas, reusar e economizar água;
- proteger Unidades de Conservação para garantir o abastecimento de água potável para as cidades.

Logo depois das palavras de Wigold, Felipe apresentou o outro convidado para o Diálogo, o biólogo João de Deus Medeiros que fez as seguintes considerações:

● comentou sobre o histórico das Unidades de Conservação;
● mencionou sobre limites e a área do Parque Nacional de São Joaquim;
● o Parque tem em torno de 50.000 hectares dentro do bioma da Mata Atlântica;
● foi criado (em 6.07.1961) para proteger a espécie Araucária, biomas e ecótono (transição entre biomas);
● no contexto do Parque, há diversos biomas complementares: floresta ombrófila densa, floresta de araucárias, matas nebulares e campos de altitude);
● o campo de altitude é uma relíquia de um clima anterior (é o Pleistoceno, onde predominava um clima seco e frio);
● com o findar do Pleistoceno, a tropicalização avança juntamente com o avanço das araucárias;
● campos de altitude são refúgios para espécies raras (biodiversidade);
● o manuseio do fogo destrói campos de altitude;
● e o mais importante é que o campo de altitude conversa a espécie da trufeira (planta que retém umidade);
● há diversas cidades com problemas de abastecimento, mudanças climáticas pioram o quadro e toda a biodiversidade é impactada;
● com isso, há escassez de água e chuvas torrenciais em diferentes épocas do ano;
● a formação geológica do Parque Nacional de São Joaquim (aquíferos Guarani e Serra Geral) são imprescindíveis para a recarga da água;

● No caso específico do Parque de São Joaquim, citou os seguintes pontos:
- é preciso conservar e recuperar o recurso hídrico;
- o consumo excessivo inviabiliza atividades econômicas;
- pessoas que têm moradia dentro do Parque precisam de indenização (celeridade do poder público);
- o Parque necessita de regularização fundiária;
- O Senador Dário Berger com um PL busca reduzir em 20% da área do Parque;
- Já o Senador Esperidião Amin quer aprovar esse Projeto de Lei (redução da área do Parque) em Regime de Urgência;
- assim, seria possível a instalação de complexos eólicos e uma rede de linha de transmissão.
- são atividades que trarão impactos ambientais enormes para o Parque;
- por sua vez, o Parque pode ser um indutor de desenvolvimento econômico melhor e democratizar a renda mais eficazmente do que os projetos dos Senadores;

Finalizada as falas do professor João de Deus, Luiz Felippe, membro da Comissão de Defesas dos Aparados da Serra, comentou sobre as fragilidades nos estudos de impacto, o turismo enquanto gerador de empregos e a importância de indenizar pessoas residentes no Parque.
Werner Fuchs citou sobre a estratégia de conhecer quais grupos estão interessados em reduzir a área do Parque para evidenciar essas conexões entre empresas e políticos.

João de Deus toma a palavra e disse que as famílias tradicionais que estão na política seriam as mais beneficiadas pelas alterações no parque. O próprio Dário Berger é sócio de uma empresa que explora luz e energia elétrica.

Já Wigold manifesta preocupação com a chegada de Carla Zambelli na Comissão de Meio Ambiente, pois isso pode significar problemas para a agenda ambiental. Por outro lado, Jaques Wagner pode ser uma aliança política estratégia para a agenda ambiental.

João de Deus citou Esperidião Amin como uma conexão entre empresas e políticos (foco na busca por votos).

Luiz Felipe citou a impopularidade das Unidades de Conservação, pois sofrem de baixo grau de implementação e infraestrutura mínima para boa educação ambiental.

O desmonte dos órgãos de fiscalização ambiental é um forte motivo para popularizar a questão das Unidades de Conservação.

Já Evandro mencionou sobre articulações estratégicas com:

● moradores ;
● igrejas;
● entidades

Johannes Gerlach manifestou preocupação com a privatização das águas e a parceria público-privada que podem ser um empecilho para uma gestão das Unidades de Conservação.

Wigold explicou que uma parceria-público privada funciona como uma concessão para a iniciativa privada (alguns pontos da gestão de um parque podem ser cedidos para empresas).

Além disso, o ativista comentou coisas práticas que nosso grupo pode fazer:

● ação política: analisar a conjuntura do Parlamento;
● acionar o Ministério Público Federal;
● esclarecer a população.

Enquanto João de Deus aponta o diálogo com igrejas e famílias como uma oportunidade de confrontar essa política, Evandro “enxerga” o aniversário de 60 anos do Parque de São Joaquim como uma chance de mobilizar pessoas.

Werner menciona sobre a importância de procurar aliados estratégicos (a Rede Ecovida, por exemplo).

Carlos Eduardo Krueger comentou sobre a importância do Grupo Galo Verde para a fé e o cultivo de boas prática cristãs.

Feito os devidos agradecimentos, o evento foi finalizado com algumas palavras de Johannes, Coordenador do GV quando eram 21:45.

No dia seguinte ao evento participantes foram convidados a responder 3 perguntas a título de AVALIAÇÃO. As perguntas e as respectivas respostas colhidas foram:

1) O que foi BOM?

 O grande conhecimento dos palestrantes.
 Foi bom que as falas do Wigold e João não foram muito longas. Boa informação técnica e política. Moderador tentou ser bem dinâmico.
 Eu creio que foi benéfica a manifestação dos palestrantes. Cada qual trouxe elementos importantes que fazem alusão não apenas ao Dia da Água, mas também à reflexão sobre a sua importância para todas as formas de vida. Antes de mais nada, para que haja vida, é necessário o elemento biológico/natural água. Depois, a preocupação com o manejo, o uso e o reuso da água. As alarmantes e impensadas intervenções humanas nos sistemas de rios e nos ciclos das chuvas. O fator político e governamental, que também exerce forte influência para a situação preocupante em que vivemos, além da postura inconsciente da humanidade, como um todo, fazendo um uso desmedido e egocêntrico sobre a biodiversidade. Há que se criar responsabilidade sobre os nossos atos, inclusive no que se referem às intervenções sobre o ambiente natural.
 A organização de VOCÊS em pouco tempo e dividir as responsabilidades (Evandro, cê, Felipe, Carla que não conseguiu mas participou com este texto). Moderador deu um bem vindo para todas/os individualmente.
 Eu achei que a discussão foi muito boa.
 O encontro como um todo foi ótimo. Estarmos reunidos, falando do meio ambiente (mais especificamente sobre a água) e tendo a presença de pessoas especialistas no assunto, é muito engrandecedor! Então, como um todo, o evento fluiu de forma excelente.
 A oportunidade de Diálogo (menos “palestra” sobre um tema bem específico (Água) com foco e um contexto e realidade pontual (PNSJ)
 Gostei principalmente da qualidade dos painelistas que abordaram os assuntos com clareza e conhecimento. A possibilidade de participação também foi ponto positivo.
 O encontro foi muito bom de modo geral, destaco aqui a qualidade e conhecimento dos oradores.

2) O que podemos MELHORAR?

 Talvez, discutir mais ações práticas.
 Melhorar a cronometragem, porque com o zoom grátis todos precisam estar atentos à interrupção.
 Acho que poderiam ser mais frequentes os momentos como esse, em que pessoas das mais diversas profissões, que se preocupam com a preservação ambiental, tenham uma oportunidade trazer a sua visão, a sua experiência e a sua preocupação com algum dilema ambiental. Sejam integrantes do Galo Verde ou convidados externos. Penso que a reflexão não pode esfriar. Precisamos manter-nos atentos e compartilhar de informações úteis, não apenas dentro do Galo Verde, mas também para a comunidade cristã, ecumênica e global.
 Para moderar Moderador usou o seu celular com as fotos pequeninhas. Por isso aconteceu algumas vezes que não viu o pedido de pessoas de falar, perguntar uma coisa! A minha proposta: uma segunda pessoa que está cuidando somente este assunto num monitor grande. Fomos um grupo pequeno, mas com mais pessoas poderia “frustrar” participantes. O horário foi somente uma orientação, pois aqui as pessoas não chegam na hora...
 Acho que poderia ter mais participantes, mas não sei com o fazer para que as pessoas participem. Talvez um esforço adicional de convite a pessoas que a gente consideram chaves nesse tipo de debate.
 Acho que podemos melhorar na questão da divisão das apresentações. Penso que talvez seja melhor apresentar os palestrantes convidados todos no início (ao invés de só quando eles forem falar) para assim eles poderem abordar os assuntos com mais tempo. Acredito que seria interessante também que um dos organizadores mutasse o microfone das pessoas que não estão falando, já que em alguns casos, mesmo pedindo, as pessoas continuam com o microfone aberto enquanto o outro está falando.
 Usar outro APP que permita um Diálogo sem interrupção
 Sobre como melhorar, não tenho muita experiência com este formato de debate pela internet
 Uma sugestão, talvez já tenha sido feita e eu não prestei atenção, é de divulgar uma agenda com os horários. Eu sai de outra reunião para entrar na do Galo Verde, e até a fala do Wigold de fato começar teve todo um protocolo de falas.Para mim, naquela ocasião, teria sido melhor ter entrado apenas no horário da fala diretamente. Uma outra sugestão seria chamar os opositores do Parque para uma roda de discussão. Eu sei que é difícil ficar ouvindo essas pessoas... Eu sei também que nem sempre é bom dar ainda mais palco do que essas pessoas já têm. Mas ao mesmo tempo, é saudável termos um debate com argumentos, um lado ouvir o outro. Se não. Cada lado se fecha em si, e já sabemos quem leva vantagem com isso na hora que as pautas são votadas.

3)O que você destaca a respeito do CONTEÚDO recebido?

 A importância de discutir isso tudo.
 Para mim o conteúdo do Wigold já era conhecido. Pra outros talvez não. Pra mim valeu o informe do João. Também a contribuição do Luiz Felippe.
 Gostei do material que o colega Wigold nos disponibilizou sobre a sua explanação. Nele, temos informações bastante úteis, atuais e preocupantes sobre a maneira como a espécie humana tem tratado um bem tão precioso como a água. Poderíamos, inclusive, fazer um resumo, tanto do evento de ontem, como desse material disponibilizado. Com isso, acho interessante publicar e movimentar as nossas redes sociais, o site do Galo Verde, a própria IECLB, dentre outros meios. Acho que oportunidades como essa precisam ser propagadas, mostrando que o GV está ativo e atuante. Em novos momentos, poderíamos transmitir por mais redes (Youtube, por exemplo), ampliando o alcance ao vivo e permitindo que mais pessoas tenham acesso a momentos de debate e reflexão sobre o meio ambiente.
 Eu não entendi bem o que o Wigold falou por causa do sistema técnico dele (microfone ruim?), mas tenho o Zoom gravado para ouvir mais uma vez. O outro professor ouvimos bem. Pequenas falhas de fatos seriam uma ajuda de seguir dos muitos fatos.
 Achei importante a participação do Luis Felippe Kuns (de Porto Alegre). O Luis Felipe já foi diretor nacional do Ibama e tem grande conhecimento desses temas, além de ser uma pessoa que está engajada na defesa do Parque.
 O conteúdo em si foi ótimo. Como tínhamos ali reunidas pessoas que entendem do assunto, todas as informações trazidas foram engrandecedoras para nossas ações e posicionamentos. Excelente!
 Um Diálogo muito qualificado, pelo nível de conhecimento e engajamento tanto dos 2 Convidados quanto dos Participantes
 Sou suspeito quanto ao conteúdo, pois tendo a valorizar mais o tema do Parque.
 Eu achei bem interessante na fala do Wigold, se não me engano no começo, que ele comentou que países que não tem água, por exemplo, via soja, que precisa de muita água para a produção. Esses países “empurram” a produção de tudo que precisa de água para os outros.

O Galo Verde se prepara agora para a realização de seu 9º Seminário a se realizar em junho próximo seguindo o tema da água. O GT pró PNSJ, por sua vez, segue forte também no outro foco, que é a defesa do Parque Nacional de São Joaquim, que, por um Projeto de Lei que tramita no Senado, está ameaçado de ter sua área reduzida.

Felipe Gruetzmacher e Evandro Meurer
Ativistas Voluntários no Galo Verde

Quem é tão forte que não necessite também de consolo do menor dos seus irmãos?
Martim Lutero
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