Lado AÇÃO – Roteiro de estudo (ideal para retiro ou passa-dia)
PARA VER O FILME MARTIM LUTERO
Catequista Louis Marcelo Illenseer
Esta proposta de estudo sobre a vida e obra de Martim Lutero e os principais temas da Reforma a partir do filme Martim Lutero tem três partes. Cada parte tem uma técnica diferente. Por ser uma proposta que demanda mais tempo que a média de duração de um encontro de grupos, ela se aplicará melhor como roteiro para um retiro ou encontro de um dia.
Objetivo: Buscar uma contextualização dos temas principais do luteranismo, a partir do filme “Lutero” (2003), dentro de um enfoque bíblico.
PRIMEIRA PARTE
1. Introdução
Ao olharmos para a história da Reforma, reconhecemos alguns termos centrais, como indulgências, somente a graça, liberdade, etc. Em 1953 e 2003 foram produzidos dois filmes sobre a Reforma e Martim Lutero. Estes filmes, chamados respectivamente de “Martinho Lutero” e “Lutero”, procuraram apresentar o processo de crise que Lutero passou e que o levou à redescoberta do Evangelho a partir de Romanos 1.17 – “o justo viverá por fé”, desencadeando o movimento da Reforma da Igreja.
2. Assistir um dos filmes sobre Martim Lutero.
3. Técnica do Varal
Materiais: Papel pardo recortado em forma de camisetas - algumas contendo palavras-chave do filme (de situações ou conceitos importantes que aparecem no filme) e outras em branco; fio para montar um varal, prendedores de roupa ou grampeador, canetinhas coloridas.
Desenvolvimento:
a) Dividir o grande grupo em pequenos grupos de, no máximo, 8 pessoas.
b) Cada grupo vai receber algumas camisetas, recortadas em papel pardo, sobre as quais estão escritas palavras-chave referentes ao filme. Cada grupo recebe também camisetas em branco, onde outras palavras-chave ou expressões que chamaram a atenção podem ser escritas.
c) Ainda nos pequenos grupos, discutir os aspectos mais importantes, referentes a todas as palavras-chave.
d) Em plenária, as camisetas serão apresentadas e estendidas num varal, seguindo uma linha do tempo conforme o filme.
4. Conclusão
Feita a linha do tempo, retomar os temas do filme que correspondem às passagens bíblicas que Lutero utilizou, ou que representem esses temas. Anotar essas passagens em outras camisetas, que serão expostas no mesmo varal.
SEGUNDA PARTE
1. Introdução
Após esta retomada dos temas principais do luteranismo, extraídos do filme, sugerimos promover um debate.
2. Técnica do Debate
a) Um debate é uma discussão de ideias. Para haver um debate interessante, que leve o grupo a uma reflexão aprofundada de um determinado tema, as ideias precisam ser contrastantes, ou seja, precisam se contrapor. Não acontece debate onde se discute o mesmo ponto de vista de uma situação. Por exemplo: sobre o machismo, o debate pode ser feito por duas mulheres, uma que defende que o marido é quem manda em casa e outra que defende os ideais feministas.
b) Nesse caso, o debate é, de certa forma, uma dramatização. É importante preparar as falas, colocar em contraposição as ideias contrastantes e ensaiar. O debate pode ser feito com, no mínimo, duas pessoas ou envolver um grupo todo. No caso de um debate entre duas pessoas, pode-se acrescentar uma terceira pessoa que será a mediadora, com a tarefa de controlar o tempo de cada fala e até participar com perguntas às debatedoras.
c) A definição do tema. O debate será mais interessante quando o tema escolhido fizer parte do contexto do grupo.
d) O debate não pode ser muito longo, ou perder-se em outros assuntos. É comum acontecer num debate que o assunto principal seja esquecido. A pessoa mediadora deve observar para que isso não ocorra e alertar o grupo, se necessário.
e) Para um debate democrático, onde o grupo todo vai participar, pode-se iniciá-lo com as pessoas debatedoras que vão discutindo os temas, sem concluir o assunto. O grupo, portanto, terá a tarefa de continuar a discussão. Esse tipo de debate não tem ganhadores e ganhadoras ou perdedores e perdedoras, pois o mais importante é o processo de reflexão feito pelo grupo. Deve-se evitar que um debate termine com mudança total de pensamento da parte de um dos lados. Exemplo: no tema do machismo, a mulher que defende o feminismo convence a outra mulher. Isso até pode acontecer, mas é preciso cuidar para que essa “rápida” mudança de opinião não seja apenas superficial, prejudicando a abertura em se expor ideias e opiniões.
3. O debate de duas pessoas jovens, que querem ser coordenadoras de um grupo
Outra sugestão é um debate que tenha como personagens principais duas pessoas do grupo, que querem coordenar um grupo. Elas terão que se preparar para a “eleição” de uma das duas ou das duas. O tema do debate pode ser, por exemplo, “como coordenar um grupo”. Cada pessoa vai buscar argumentos para convencer a outra e o grupo.
Exemplo de ideias contrastantes: uma das pessoas que irá debater é mais preocupada com temas espirituais, outra, com temas sociais. A primeira defende a ideia de que o grupo de jovens deve orar mais, que há pouca oração e pouca leitura bíblica. Já a segunda defende a ideia de que o grupo deve buscar formas de ação solidária e não se preocupar tanto com a oração. Neste exemplo, as ideias não são necessariamente contrastantes, mas, dependendo da forma como o debate é conduzido, pode levar o grupo justamente a encontrar o equilíbrio entre as duas ideias, ou ainda optar por uma ou outra. (Veja exemplo de como pode se realizar esse debate no estudo “A Relação entre Fé e Obras”).
TERCEIRA PARTE
1. Objetivos
A partir de textos bíblicos, vivenciar situações de nossos dias, em forma de sociodrama. Trabalhar textos bíblicos que foram interpretados pela tradição luterana e que refletem o nosso “tempero”.
2. Técnica: Sociodrama em grupos
Materiais: Um texto bíblico para cada grupo acompanhado de subsídios para a sua compreensão.
Desenvolvimento:
a) Dividir o grande grupo em grupos menores, de, no máximo, 8 pessoas.
b) Cada grupo recebe um texto bíblico, com alguns subsídios para entendê-lo.
c) Em 30 minutos, cada grupo deve ler o texto e os subsídios e buscar situações em nossos dias que se podem ser relacionadas a esse texto.
d) Os grupos devem preparar uma dramatização sobre a reflexão feita (por exemplo, por meio de teatro com fala, mímica, cena estática, debate, etc.).
e) Convidar para a apresentação das dramatizações.
f) Desafiar o grande grupo a reagir a essas dramatizações, a partir das seguintes perguntas:
- Essa situação vivenciada reflete a nossa realidade? De que forma?
- Essa situação vivenciada é utópica? Por quê?
- Quem são os ou as personagens centrais e que papéis eles ou elas exercem na realidade? Esses papéis condizem com a realidade?
3. Conclusão
Em plenária, ao final das dramatizações e da reflexão feita pelo grupo, concluir com algumas questões:
Lutero baseou sua crítica à igreja de sua época em textos bíblicos. Suas descobertas estavam ancoradas na Bíblia. Sua teologia, portanto, era uma teologia bíblica com centralidade em Jesus Cristo. Lutero chegou a relativizar alguns textos bíblicos por acreditar que estes textos não pregavam a Cristo.
Em nossos dias, a Bíblia é acessível à grande maioria da população e há diferentes formas de leitura e interpretação. Lutero defendeu a liberdade em relação às Escrituras. Para ela, a palavra de Deus não é privilégio de alguns sacerdotes ou padres.
Que leitura o nosso grupo de jovens e a nossa comunidade faz hoje da Bíblia? Podemos dizer que nossa leitura bíblica é luterana, ou seja, baseada em princípios luteranos? Por quê?
Este estudo teve a linguagem revista e atualizada. A proposta integra o volume 3 da Coleção Palavração denominado “Graça e Fé: temperos para a vida”, publicado em 2003 pelo Departamento Nacional para Assuntos da Juventude da IECLB – DNAJ, sob a coordenação de Cláudio Giovani Becker e impresso por Contexto Gráfica e Editora (ISBN 85-89000-14-1).
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