Dinâmica: Dança das Cadeiras Cooperativas
Brincar primeiro o jogo da Dança das Cadeiras na forma tradicional. Depois brincar a Dança das Cadeiras Cooperativas, em que no início o número de cadeiras é igual ao número de participantes. A cada rodada uma cadeira é eliminada, mas o número de participantes permanece o mesmo. No final do jogo, há somente uma cadeira, mas o grupo precisa exercer sua criatividade e cooperação para que todas as pessoas possam sentar na cadeira (sentar no colo, nos pés). Ao invés de cadeiras também se pode utilizar folhas de jornal. No final o grupo todo deve caber em apenas uma cadeira ou dentro da única folha de jornal que sobrou.
Impulsos para reflexão:
- o jogo tradicional é transformado num novo jogo, ou seja, em conjunto podemos recriar e transformar o que já existe.
- no jogo tradicional se valoriza a competição, uma pessoa ganha enquanto as outras são eliminadas. No jogo novo existe cooperação, e todas as pessoas ganham.
- embora a forma tradicional seja divertida, melhor e mais divertido é poder se esforçar para incluir todas as pessoas.
- na primeira versão existe o esforço e objetivo individual, na segunda versão o esforço e objetivo coletivo.
- no jogo novo existem novas maneiras de se brincar: sem pressa, sem tensão ou preocupação de se sentar mais rápido do que outras pessoas, poder andar/correr em direções diferentes, enxergar as cadeiras como ponto de encontro, liberdade para curtir a música e o momento, brincar ao invés de competir, dançar em comum-unidade
- podemos imaginar e nomear situações na vida real em que as pessoas parecem estar brincando a Dança das Cadeiras na forma tradicional? E na forma de cooperação?
Reflexão
Enquanto preparava esta reflexão, chegou a notícia de mais uma vítima do trânsito em nossa região. Um rapaz de 21 anos, vítima de sua própria imprudência no trânsito, que pisou fundo demais no acelerador e, ao se perder numa curva da BR, entrou debaixo de um caminhão. Quem não conhece um jovem que perdeu a sua vida no trânsito? Não é verdade que muitas pessoas jovens, geralmente rapazes, se envolvem em acidentes, por dirigirem de forma agressiva? As estatísticas comprovam que homens jovens são os que mais morrem no trânsito. Seja detrás da direção de um carro ou empinando uma moto, são vários exemplos Brasil afora de jovens que desperdiçam o seu futuro e causam sofrimento na família, por excesso de velocidade e imprudência. Por que muitos rapazes correm este risco? Por que querer mostrar que se é o bom/gostosão dirigindo perigosamente?
Alguém entre vocês talvez responda, muitos jovens se acham 'invencíveis', fortes o suficiente para enganar as leis da física. Certo. Mas, nossa reflexão quer ir além. Pois a agressividade no trânsito é apenas um capítulo de um processo de formação dos meninos rumo à idade adulta. (Sei que estou generalizando o, mas imagino que vocês também reconhecem este quadro!).
Desde cedo, na infância e adolescência, o menino vai aprendendo que precisa ser forte, independente e agressivo. Da mãe ele ouve que menino não chora. Do pai ele aprende que lugar de mulher é na cozinha e que, portanto, não existe nenhum problema o homem ficar deitado no sofá assistindo televisão, enquanto a mulher lava a louça e limpa a cozinha após o almoço. Ao adentrar a escola nosso jovem aprendiz descobre que para sobreviver é preciso competir. Afinal, os rapazes mais populares entre as moças são aqueles que se destacam nos esportes por causa de seu porte físico e habilidade para jogar. E não somente nos esportes se compete. É preciso investir nas roupas da moda para impressionar os colegas ou ainda, diante dos amigos, exagerar o número de parceiras com quem nosso jovem rapaz 'ficou' na festa.
Na música nas baladas este jeito de 'machão' é reforçado (sugestão: com -partilhar a letra de uma música tipo Faroeste Caboclo da Legião Urbana, ou Camaro Amarelo de Munhoz e Mariano). A letra que ouvimos é um entre os muitos exemplos de músicas que exaltam o homem forte, independente e agressivo. Ao mesmo tempo, em que o rapaz/homem é retratado como 'machão, a música identifica a moça/mulher como objeto sexual, fonte de prazer masculino, interessada no carrão ou na carteira de dinheiro do rapaz/homem.
Por fim, ao entrar no mercado de trabalho e participar do mundo adulto, o nosso jovem aprendiz agora precisa provar sua capacidade de se manter forte e independente. De preferência se destacando financeiramente e conquistando o reconhecimento social. O seu trabalho não é fonte de prazer e subsistência, mas sim uma obrigação e arena de competição. E que desgraça é ele perder o emprego e se tornar dependente financeiramente de sua companheira. Pois, como se aprendeu desde cedo, o homem é o provedor, a coluna que sustenta a casa e a família.
O resultado deste longo processo de formação e competição é o homem solitário, incapaz de expressar seus sentimentos e reconhecer ou admitir suas próprias fraquezas. Muitas vezes, não sabendo lidar com as frustrações que a vida apresenta, ou ainda por outro motivo, simplesmente desconta sua raiva na companheira e nas crianças. Nesta vida de competição não há quem vence, apenas quem perde.
Leitura do texto bíblico Mateus 20.20-28
Jesus, entretanto, nos apresenta uma proposta de vida diferente. Enquanto seus discípulos (homens) estão preocupados com quem irá conquistar o lugar de destaque e reconhecimento social no Reino de Deus, o homem Jesus enfatiza o serviço às pessoas com quem convivemos. Colocar-se à disposição para servir como um escravo era uma imagem bastante ousada para a época de Jesus. E porque não dizer, também para a nossa época. Jesus, ao destacar a figura do escravo como exemplo de servir, pede aos homens para quebrarem o ciclo da competição, poder, força e violência. Na própria vida de Jesus temos o exemplo de um homem que foi 'forte' ao se tornar 'fraco. Sua mensagem, sua vida estavam a serviço das pessoas oprimidas e marginalizadas. Jesus caminhou junto com pessoas consideradas perdedoras: as viúvas, os trabalhadores pobres, as pessoas enfermas, famílias de camponeses que haviam perdido suas terras, pessoas forçadas a migrarem de um lugar para outro.
Encontramos em Jesus um homem que indica novas maneiras para homens (e mulheres) viverem e se relacionarem em comunidade. Não em competição que desgasta e machuca, mas sim em serviço e cooperação. Assim, podemos nos perguntar: que tal repensarmos nossas atitudes, acolhendo as pessoas com seus diferentes jeitos de ser e brincar de dançar comunidade? Como relacionar o ensino de Jesus com a busca por relacionamentos mais igualitários e justos entre homens e mulheres? Como evitar a competição e favorecer a cooperação para promover ações positivas na família, na escola, na universidade, na igreja e na sociedade?
P. Alexander Roberto Busch - Paróquia em Badenfurt
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