Juventude Evangélica



ID: 2770

Harmonia

Palavr@ção 15

09/05/2014

Palavr@ção on-line 15

 Harmonia

Expediente

PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Maio de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaboradora: Katilene Willms Labes
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Martha Regina Maas
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br


Palavr@ção é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.

Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.

Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.



PALAVRA - Qual a definição que damos para harmonia?

A harmonia é um conceito clássico que se relaciona com as ideias de beleza, proporção e ordem. Essa palavra vem do Latim HARMONIA, ajuste, combinação, concordância de sons, “meios de encaixar, de combinar”; de HARMOS, “articulação do corpo, ombro”; de uma raiz Indo-Europeia, “encaixar, articular”.

Quando o assunto é encaixar, frequentemente nos deparamos com um conceito de encaixe perfeito: uma combinação de roupas que será apropriada para determinada situação e não poderá ser utilizada em outras; o jeito correto de dispor os móveis da casa ou de escolher a cor das paredes; a culinária; o livro; a igreja da moda. Sendo assim, todas nós, crianças, adolescentes, jovens e pessoas adultas fazemos nossas escolhas usando como base os conceitos de harmonia estabelecidos por alguém.

A influência desses conceitos socialmente aceitos tem proporções grandiosas, de modo que o ponto de vista pessoal é ignorado. Num mundo onde a beleza é supervalorizada, empenhamos muito tempo classificando o que é belo e o que não é tão belo dentro de algum padrão que não sabemos por quem foi criado, sobre o qual não fomos consultados e do qual nos apropriamos com facilidade e reproduzimos com um tom de soberba.

O que a bíblia fala sobre harmonia?

No primeiro capítulo do livro de Gênesis, o relato da criação do mundo fala da harmonia que há entre tudo o que foi criado por Deus: “E Deus viu que o que havia feito era bom”. Já o Apóstolo Paulo, de maneira mais específica, escreveu sobre a importância da harmonia na vida comunitária. Em 1 Coríntios 12.12, ele fala da constituição de um único corpo enquanto igreja. Um corpo no qual judeus permanecem judeus e gregos permanecem gregos; um corpo formado pela diversidade. Paulo compara a comunidade a um corpo que tem muitos membros e que necessita de todos eles para se tornar completo e pleno. Um corpo completo e harmônico a partir de suas diferenças.

O corpo humano é a união de uma grande quantidade de funções diferentes. Essa diversidade também é comentada por Paulo quando se refere à vida comunitária: ele também destaca que a organização deve ser compartilhada e harmoniosa, que as funções não devem se sobrepor e que as hierarquias são desnecessárias. Paulo fala ainda da cooperação entre os membros e do cuidado que necessitam ter uns com os outros. Assim como na música é necessário que o conjunto de sons seja agradável, nas relações é necessário que todas as pessoas envolvidas se sintam confortáveis com o sistema harmônico vivido.

Harmonia muitas vezes é sinônimo de simetria e, nesse ponto, somos provocadas e confundidas. Poderíamos nos remeter a uma situação de igualdade forçada, entretanto, nossa compreensão de harmonia não deve ser no sentido de igualdade, mas, sim, na possibilidade que a dignidade traz: a combinação necessita vir de proporções regulares para todas as partes envolvidas. A dignidade, como pressuposto para a harmonia, surge quando as pessoas se sentem igualmente atendidas, amadas, respeitadas, ouvidas e valorizadas. Em 2 Coríntios 5.18-19 está um convite para levar adiante palavras e gestos de reconciliação, assim como Deus o fez através de Jesus Cristo: “...nos transforma de inimigos em amigos dele”. Nessa ocasião, a comunidade de Corinto passava por dificuldades relacionadas ao exercício do poder por parte de algumas pessoas que se colocavam acima das outras, considerando que a sua parte do trabalho era a mais importante. O alerta é para que o amor e o servir ao próximo estejam à frente do desejo de reconhecimento e valorização pessoal. A reconciliação que Deus nos concede deve ser vivida também em comunhão com as outras pessoas.

Para viver em harmonia não podemos ser pessoas passivas. Em 1 Tessalonicenses 5.21 compreendemos que harmonia é diferente de aceitação e passividade. Temos autoridade para estudar, discutir, refletir e reconhecer o que é bom para a comunidade na qual participamos. Somos desafiados e desafiadas a viver em harmonia, mas não uma harmonia encoberta por um silêncio que aprisiona. Uma harmonia que dê voz a todas as pessoas, que reconheça os interesses e desejos da comunidade, que alcance a dignidade e valorize todos os dons que estão a serviço do Reino de Deus.

Passando a palavra

A harmonia na estética, assim como na música, depende do ponto de vista e de uma relação de conhecimentos prévios de cada pessoa. Por outro lado, harmonia nos relacionamentos depende de caminhar em união, faz referência ao respeito, aos desejos e aos modos de ser da outra pessoa, tem relação com amor, carinho, alteridade. O ponto de vista pouco interessa. O que precisamos é ter o desejo de estar em conjunto, de nos colocarmos a serviço e de sermos humildes.

Bibliografia

- Dicionário online de português: Significado de Harmonia. Acessado em 11 de abril de 2014
http://www.dicio.com.br/harmonia/

- Origem da Palavra: Site de Etimologia. Acessado em 11 de abril de 2014
www.origemdapalavra.com.br


SAIBA MAIS

Dica de Poema:
- Marina Colasanti:
Eu sei, mas não devia
Acesse o vídeo com a narração do poema: https://www.youtube.com/watch?v=2RwCgla_7Rs
Acesse o texto do poema: http://www.releituras.com/mcolasanti_eusei.asp

Dica de Vídeo:
- A história dos direitos humanos: O vídeo trata sobre personalidades que entraram para a história buscando harmonia e dignidade para todas as pessoas.
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=uCnIKEOtbfc

Dica de Música:
- Ebony and ivory (Ébano e marfim): Stevie Wonder e Paul McCartney
Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=gRvuCnX9eXU



AÇÃO – Comunidade em harmonia


Dinâmica de acolhida: Eu sei, mas não devia

Material necessário:
Folhas, canetas, computador, caixa de som e o vídeo ou o texto do poema “Eu sei, mas não devia” de Marina Colasanti (veja como acessá-lo na seção SAIBA MAIS).

Sequência:
- Peça para que a turma se sente confortavelmente e, em silêncio, escutem a leitura do poema.
- Depois, com a turma ainda em silêncio, distribua uma folha e uma caneta para cada pessoa e peça que escrevam uma palavra ou frase que lhes chamou a atenção na poesia.
- Quando toda a turma tiver acabado de escrever, convide para que, em silêncio, caminhem pela sala trocando as folhas e trocando abraços com todas as pessoas presentes.


Texto Bíblico: 1 Coríntios 12.12-28

Esta passagem bíblica apresenta a imagem do corpo humano para fazer uma analogia com a vida comunitária. Cada pessoa é uma parte do corpo: tem dons, desejos e necessidades diferentes e, por conta dessas diferenças, assume posições distintas. Para que esse corpo funcione harmonicamente é importante que cada membro se sinta bem no local para o qual foi designado, respeitando as características e necessidades dos outros membros.

Impulsos para meditação:

Em um pedaço grande de papel pardo (aproximadamente 2 metros), faça o contorno do corpo de uma pessoa. Para isso, peça que alguém se deite sobre o papel e risque ao redor com um lápis ou caneta. Então, usando uma tesoura, recorte seguindo o contorno e separe as diferentes partes: braços, pernas, tronco, cabeça, etc. Depois converse com a turma sobre as seguintes perguntas:

- Qual dessas partes é a mais importante?
- Alguma dessas partes pode sobreviver sem a outra?
- Caso falte uma das partes, o que é preciso acontecer?
- Se a comunidade fosse um corpo humano, qual parte vocês seriam?

Reflexão: Se você julgar apropriado, pode comentar que o respeito e complementariedade contribuem para que a comunidade cumpra a sua missão de ser sinal do Reino de Deus. A vida comunitária se tornaria inviável se todas as pessoas tivessem a mesma função e desempenhassem as mesmas tarefas. Por outro lado, não podemos permitir uma harmonia forçada na qual algumas partes são supervalorizadas enquanto outras são consideradas menos importantes. Por isso, a harmonia deve vir acompanhada de cooperação. Conforme os versículos 25 e 26, somos motivados e motivadas a nos apoiar mutuamente para que todas as partes se sintam membros do corpo de Cristo.


Canto: Canção da Chegada (HPD 333)
Se for possível convide uma pessoa ligada à área da música para ensaiar com o grupo. Uma possibilidade é utilizar um arranjo desse hino em duas ou mais vozes. Esta é uma oportunidade para falar sobre “harmonia musical” e refletir com a turma sobre a harmonia no convívio comunitário.


Dinâmica: Boneco dublê

Divida a turma em trios (cada trio terá que representar uma cena de uma situação do cotidiano). Escolha uma função para cada pessoa do trio: uma das pessoas será a narradora da história, outra será o boneco e a terceira será a que controla o boneco. A proposta é que, enquanto a história é narrada, aquela pessoa que controla o boneco deve movimentar o corpo do boneco, seus braços, pernas e o que for necessário para representar a cena. Um exemplo de história pode ser o de uma senhora idosa em sua cadeira de balanço tricotando uma blusa para seu netinho. Certifique-se de que todas as pessoas entenderam a dinâmica.

Cada trio terá 5 minutos para pensar na história e preparar a sua encenação. Depois desse tempo, cada grupo apresenta sua cena para os demais. Uma dica é filmar ou fotografar as cenas para compartilhar com a comunidade posteriormente.

Após o termino das apresentações de todos os grupos, convide a turma para conversar sobre a experiência que esta dinâmica proporcionou. Como sugestão, faça as seguintes perguntas:

- Como cada pessoa se sentiu em relação à função que recebeu?
- Quem do trio estava no comando? O boneco, a pessoa que controlava o boneco ou a narradora?
- De que forma podemos relacionar esta dinâmica com o tema deste encontro?

Reflexão: Você pode comentar que o objetivo desta dinâmica é ajudar o grupo a perceber a importância de cada pessoa ser protagonista, assumir ações e atitudes em sua vida e na sociedade. Não podemos ser marionetes nas mãos das outras pessoas, fazendo somente o que elas querem. Mas, tendo por base a nossa fé em Jesus Cristo, podemos agir, falar e demostrar a opinião que temos. Nossa opinião e atitude têm lugar neste corpo que é a comunidade.

Atividade Complementar: Vídeo reportagem

Desafie a turma a fazer uma reportagem sobre o tema deste encontro. As gravações podem ser feitas em uma filmadora ou máquina fotográfica digital e depois editadas no computador. Vocês podem entrevistar o pessoal do grupo de jovens e também outros membros da comunidade, como, por exemplo: o ministro ou a ministra, presbíteros, presbíteras e outras lideranças. Depois de finalizado o vídeo com a reportagem, ele pode ser apresentado em uma celebração ou em algum outro momento que seja propício para conversar sobre este assunto. Sugerimos as perguntas abaixo, mas você pode elaborar outras que fiquem melhor para o seu contexto:

- Como você se sente sendo parte da nossa comunidade?
- Em sua opinião, o que precisamos fazer para ter uma comunidade harmoniosa?


Sobre a autora
Katilene Willms Labes é formada em Ciências da Religião e atua como professora de Ensino Religioso na rede municipal de Gaspar/SC. Trabalha também na Coordenação da Pastoral da Criança e Juventude do Sínodo Vale do Itajaí e é membro da Junta Diretiva do Conselho Latino Americano de Igrejas - CLAI.

A Comunidade cristã deve ser reconhecida, sem sombra de dúvida, na pregação do Evangelho puro
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