Juventude Evangélica



ID: 2770

Palavr@ção 18

28/10/2014

Palavr@ção on-line 18

 FÉ

Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB - Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos - Outubro de 2014
Colaboração: Secretaria de Ação Comunitária e Conselho Nacional da Juventude Evangélica CONAJE
Elaborador: P. Alberi Neumann
Equipe de revisão: P. Jaime Jung, Diac. Simone Engel Voigt e Prof. Katilene Willms Labes
Revisão Ortográfica: Gabriela Kloth
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br


PALAVR@ÇÃO é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo possui duas partes: uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a reflexão sobre um assunto importante vem conectada a sugestões de atividades práticas para a juventude.

Palavra
Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio de auxílio para a preparação de estudos sobre determinada temática.

Ação
Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender à realidade e às necessidades do grupo de jovens.


PALAVRA: Falando sobre a fé

Você já ouviu expressões como: bota fé nisso que vai dar certo!, não perca a fé!, precisamos ter muita fé neste momento? Frases como essas são ouvidas e ditas em diferentes lugares e situações: nas rodas de conversas, nas redes sociais, na mídia, na moda, na política, nos esportes, quando as pessoas fazem planos... Elas se tornam ainda mais presentes em situações-limite, como doença grave, luto, desemprego, dificuldades na vida afetiva. Essas frases querem estimular as pessoas a permanecerem firmes na fé e na esperança.

A palavra fé tem duas origens: a primeira deriva do termo grego pistia, que quer dizer acreditar. Este é o significado mais usual; a outra origem da palavra vem do latim, fides, que também possui o sentido de acreditar, mas agrega a este, o conceito de fidelidade.

Quando olhamos para a realidade brasileira e buscamos fazer uma análise da situação religiosa em nosso país, notamos que é uma realidade plural, multicolorida e complexa. A diversidade é uma das grandes marcas de nosso contexto nacional. Prova disso, é o constante surgimento de novas denominações religiosas e a migração das pessoas de uma igreja para outra. Segundo o último senso do IBGE, o número de pessoas que se autodenominam sem religião ou sem igreja aumentou nos últimos anos. No entanto, isso não significa que essas pessoas não tenham fé ou não expressem alguma religiosidade, elas apenas manifestam um crescente desencantamento com as instituições religiosas e suas práticas doutrinárias.

A fé se mostra através do amor

Quando o apóstolo Paulo chegou à cidade de Atenas, deparou-se com um cenário que o deixou impressionado devido à diversidade de crenças, ao choque de ideias e à curiosidade das pessoas que lá moravam. Nessa cidade se cultuavam muitos ídolos e havia altares para vários deuses e deusas. Um altar, em especial, chamou a atenção de Paulo, nele estava escrito: “ao Deus desconhecido”.

Após anunciar o evangelho de Jesus Cristo naquela cidade, algumas pessoas lhe perguntaram: Podemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? (Atos 17.19b). Paulo, de maneira muito sábia, lembrando-os do altar dedicado ao Deus desconhecido, disse: Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio (Atos 17.23b). Paulo foi muito feliz em sua resposta. Falou da sua fé sem desrespeitar a religiosidade das pessoas daquela cidade. Em nenhum momento se colocou acima delas, muito menos buscou impor as outras pessoas a sua doutrina ou o seu jeito de crer.

No evangelho de Mateus 22.37-38, Jesus anuncia uma regra de ouro para orientar todas as relações interpessoais e a vida: Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente. Este é o maior mandamento e o mais importante. E o segundo mais importante é parecido com o primeiro: Ame as outras pessoas como você ama a você mesmo.

Essa postura respeitosa, sábia e amorosa do apóstolo Paulo e, sobretudo, de Jesus, é um exemplo a ser seguido pelas pessoas cristãs. Num contexto como o brasileiro, de muitas expressões religiosas, somos chamados e chamadas a viver e testemunhar a nossa fé em Jesus Cristo através da convivência fraterna e do respeito a pessoas que expressam outras formas de religiosidade. Do contrário, estaremos incentivando a intolerância religiosa, que separa e oprime.


Passando a palavra

No diálogo sobre fé, o amor é parceiro inseparável. O amor deve ser o ponto de partida e de chegada de qualquer conversa e caminhada conjunta. Já dizia Martim Lutero: Fé e amor perfazem a natureza do cristão. A fé recebe, o amor dá; a fé leva a pessoa a Deus, o amor a aproxima das demais. Através da fé ela aceita os benefícios de Deus, através do amor ela beneficia seus semelhantes.

Bibliografia: 

- CHAMPLIN, Russel Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2003.
- Caderno de Estudos pré-CONGRENAJE. XXII Congresso Nacional da Juventude Evangélica - VIII Fest´art. 2014. Veja aqui
- GNANABARANAM, Johnson. Senhor, renova-me: reflexões. São Leopoldo: Sinodal, 1993.

SAIBA MAIS 

Dica de Hinos

- Canção da Chegada: HPD 333
- Palavra não foi feita para dividir: HPD 415
- Momento Novo: HPD 434


Dica de Músicas

- Andar com fé: Gilberto Gil.
- Tolerância: Ana Carolina.

Dica de Livros

- Criatitude Tolerância e Diversidade. Secretaria da ação Comunitária da IECLB e Conselho Nacional da Juventude (CONAJE). Porto Alegre, 2014. Disponível em PDF - www.luteranos.com.br. Veja aqui.

- BRAKEMEIER, Gottfried. Série Educação Cristã Contínua. Confessionalidade Luterana.
 


Dica de Filme

- Alexandria (Ágora). Ano: 2009; Gênero: Drama. Retrata o contexto social vivido pela população da cidade de Alexandria no Egito entre os anos 355 e 415 d.C. Um período de grande agitação em virtude dos conflitos entre o cristianismo, o judaísmo e a cultura greco-romana. Classificação: 14 anos.


AÇÃO - Fé e amor são inseparáveis!

Leitura Bíblica: Mateus 22.34-40

Amar a Deus e amar ao próximo. Estes são os dois grandes mandamentos apresentados por Jesus como o resumo de todos os outros. Neles, Jesus resume a essência e o espírito da vida humana. Fé e amor são inseparáveis! Essa é a regra de ouro que deve nortear o nosso viver e as nossas inter-relações. É o que deve nos mover em tudo.

Impulsos para meditação: Divida a turma em dois grupos e peça que leiam e compartilhem algo sobre um dos textos abaixo. Depois cada grupo compartilha algo sobre o que conversou:

- Tiago 1.27: Alguém está pensando que é religioso? Se não souber controlar a língua, a sua religião não vale nada, e ele está enganando a si mesmo. Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo.

- 1 João 4.20-21: Se alguém diz: Eu amo a Deus, mas odeia o seu irmão, é mentiroso. Pois ninguém pode amar a Deus, a quem não vê, se não amar o seu irmão, a quem vê. O mandamento que Cristo nos deu é este: quem ama a Deus, que ame também o seu irmão.

Comentário: Para nós, pessoas evangélicas de confissão luterana, nossa reflexão e prática religiosa precisam conciliar a fé e o amor. Onde estes dois são tratados de forma saudável e equilibrada, não haverá espaço para radicalismos, fundamentalismos e fanatismos. Dentro da tradição luterana, confiamos que, quem sabe que é justificado por graça, mediante a fé, não transforma a fé numa lei ou doutrina, mas faz dela um estilo de vida, movido pelo amor ao seu semelhante.

Dinâmica: Observe e comente

Material necessário: um tijolo, um buquê com flores de cores diferentes, um quadro ou a figura de uma ponte, e cartazes com as seguintes frases:
- Foi o maior desgosto na família quando descobriram que a moça frequentava outra igreja;
- A minha igreja sim é a igreja verdadeira, ela é a única que salva!

Sequência:
- Forme um círculo com as cadeiras. No centro dele, sobre um pano, coloque os objetos.
- A seguir, peça para que cada jovem em silêncio caminhe e observe os objetos e busque compreender o que eles simbolizam.
- Feito isso, reúna a turma em círculo e compartilhem o que foi observado. Dê a oportunidade para que as pessoas possam complementar suas ideias, mas evite o debate. Permita que cada jovem possa expressar sua opinião livremente.

Comentário: Segue uma breve interpretação sobre esses objetos. Se for o caso, você pode complementar a reflexão com o que foi apresentado na parte teórica (Palavra) deste estudo.

- As frases: Falas desse tipo infelizmente são comuns, estão presente em muitos comentários do dia a dia e também em postagens nas redes sociais da internet. Cabe-nos perguntar: Por que as pessoas fazem esse tipo de comentários? O que eles causam?

- O tijolo: Ele nos leva a refletir sobre os muros ou paredes que construímos em nome da fé. São as barreiras que impedem o diálogo e a inter-relação. Mas, pode também construir.

- O buquê de flores: Nele percebemos que há flores de diferentes cores e formatos. Cada uma é única e importante e, juntas, formam um bonito buquê.

- A figura da ponte: Ela nos chama ao compromisso que temos, a partir de uma fé que atua pelo amor, de construir pontes que ligam diferenças, que permitem o ir e o vir, que são elos de convivência, oração e testemunho de unidade em meio à pluralidade. Ao invés de paredes, somos chamados e chamadas para construir pontes que aproximem as pessoas, sem distinção e independente da cor da sua pele, etnia, credo, língua, gênero ou classe social.


Atividade Complementar: Uma ponte para a unidade

Material necessário: tábuas, pregos, martelos, pincéis e tintas de diferentes cores.

Primeiro passo: Convide a turma para confeccionar uma ponte de madeira que represente o que refletimos neste encontro. A turma pode usar a criatividade e cada pessoa pode colaborar com o que se sentir a vontade. Se for o caso, você pode chamar alguma pessoa que trabalhe com carpintaria para dar uma ajuda no projeto.

Segundo passo: Converse com o ministro ou a ministra de sua comunidade sobre a possibilidade de compartilhar este trabalho. Uma forma legal seria o grupo de jovens apresentar a ponte e o que refletiu neste encontro em um culto comunitário.

Observação: Outra opção é fazer uma ponte em miniatura com palitos de picolé e cola.

 

TEM A VER

Oração pela unidade da fé
Johnson Gnanabaranam (bispo luterano indiano)

Santo Espírito, Criador da Comunhão, Tu constróis pontes entre raças e povos diferentes. Guia os povos de todo o mundo à unidade da fé.

Santo Jesus, Salvador da humanidade, Tu morreste pelos seres humanos de todos os continentes. Guia a todos e todas nós da perdição à salvação.

Santo Deus, Criador da Humanidade, Tu criaste a todas as pessoas de um sangue só. Nós, porém, distinguimos e separamos pessoas de pessoas. Guia-nos da dispersão e do desmembramento à união.

Velas podem ter cores distintas, mas as suas chamas tem a mesma aparência. Ajuda-nos a compreender que todos e todas nós somos teus filhos amados e tuas filhas amadas, apesar de pertencermos a raças, povos e nações diferentes.

Ouve nossa oração pela unidade da fé, por tua graça e por teu amor. Amém.


Sobre o Autor
Alberi Neumann é pastor da IECLB e trabalha na Paróquia de Limeira-SP, no Sínodo Sudeste.

 

 

 


 

O Espírito de Deus se une com o nosso espírito para afirmar que somos filhos de Deus.
Romanos 8.16
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