¨A beleza existe em todo lugar. Depende do nosso olhar, da nossa sensibilidade; depende da nossa consciência, do nosso trabalho e do nosso cuidado. A beleza existe porque o ser humano é capaz de sonhar. (Moacir Gadotti)
Há algum tempo fizemos no grupo de jovens da comunidade uma gincana, o objetivo era organizar um evento para receber pais e mães, as equipes receberam tarefas relacionadas a isso. Todas tiveram ótimo desempenho e o evento foi um sucesso. Entretanto, o mais produtivo foi o que aprendemos no caminho até o dia do encontro. Como em muitas outras ocasiões e espaços, alguns grupos conseguiram alcançar o objetivo com mais facilidade. O relevante dessa história para o tema desta reflexão é pensar que aquelas pessoas que apresentaram maior dificuldade foram as mesmas que no decorrer das atividades discutiam pensando apenas no seu ponto de vista e não no bem coletivo.
O círculo familiar é ainda mais vulnerável aos conflitos, por um lado pela convivência e intimidade entre os membros, mas, também pelas diferenças de idade, pelos contextos da infância e juventude, pela geração da qual cada pessoa faz parte. Especialistas dizem que a cada dez anos o ciclo de uma nova geração se fecha. Lembramos que a 15 ou 20 anos atrás uma mulher de 30 anos era mãe de crianças crescidas e, com 50 anos era avó e considerada uma adulta bastante amadurecida. Hoje em dia mulheres de 30 anos ainda não decidiram quando terão filhos e filhas, enquanto mulheres de 50 anos estão decidindo a escola dos filhos e das filhas e, toda essa mudança é natural, não demanda preocupação.
Enquanto avós e avôs de hoje enfrentam dificuldades para se adequarem as novas tecnologias, pais e mães se acostumam com aquilo que tardiamente passou a fazer parte das suas rotinas, crianças com pouco mais de três anos demonstram habilidades corriqueiras com os dedinhos em teclados Touchscreen.
Nesse contexto de gerações distintas descobrimos os conflitos geracionais que sempre acompanharam a humanidade e que agora ganham evidência em intervalos menores de tempo. Surgem brigas, discussões, magoas e divisões familiares que podem durar pouco ou muito tempo para serem resolvidas.
Não existem fórmulas para evitar as discussões. E quem disse que isso é necessário? Segundo o dicionário a palavra discutir significa: Apresentar questões acerca de alguma coisa; analisar apresentando questionamentos; examinar. Colocar em questão; questionar ou contestar. Entrar em acordo sobre alguma coisa. Apresentar argumentos contrários ao assunto em questão; debater. Conversar com excesso de empolgação; brigar.
Quando discutimos, levando em consideração o sentido correto da palavra, colocamos nossas opiniões e ouvimos as opiniões de outras pessoas, isso nos faz crescer. Crescer em individualidade, autonomia, liberdade de ser, identidade. É necessário maturidade das pessoas envolvidas para enfrentar essa situação tirando dela o melhor proveito.
As pessoas pensam de diferentes formas, um dos segredos está em não querer impor a sua opinião como se fosse a única correta. O que é correto para uma pessoa pode não ser para outra. É necessário sabedoria e compreensão. Quando não aceitamos que a outra pessoa pensa diferente de nós manifestamos nossa intolerância com o que é diferente.
Ao falar de conflitos de gerações estamos falando de uma questão de respeito e tolerância. Respeito pelo que eu sou a partir da outra pessoa e tolerância com o que eu não sou.
Sugestão de atividade:
Que tal organizar uma roda de conversa entre pessoas de diversas gerações para que possam falar das realidades das juventudes em diferentes momentos da história. Podemos falar da realidade social, econômica, como eram as relações de gênero e geracionais. Além disso é um momento onde podemos falar com essas pessoas de como eram as atividades, anseios, desejos e dificuldades do grupo de JE em cada época.
Referências:
Disponível em:
Katilene Willms Labes
Professora e Coordenadora da Pastoral da Criança e da Juventude do Vale do Itajaí
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