Johann Sebastian Bach – 300 anos
Porto Alegre/RS
Música sacra é arte, e a de J. S. Bach o é de modo singularmente perfeito. Pertence o compositor às maiores capacidades musicais de todos os tempos. Suas obras, como é próprio de arte verdadeira, possuem valor supra-temporal. Elevam-se acima do vaivém das modas e conquistaram destaque incontestado no patrimônio cultural da humanidade.
Mas, música sacra é mais do que arte. É arte colocada a serviço da glorificação de Deus. É ação de graças, emprestando seus recursos ao testemunho do Evangelho. Também nisto J. S. Bach é incomparável exemplo. Costumava inscrever em suas partituras as siglas S. D. G., significando Soli Deo Gloria. Eis o mandato de toda música sacra: Render a Deus louvores. Paradoxalmente o ser humano alcança real grandeza unicamente na medida em que engrandece a Deus. J. S. Bach produziu suas obras neste espírito. É uma causa de sua grandeza. Soube articular a boa nova do Evangelho com tamanha maestria que chegou a ser chamado o quinto evangelista.
Normalmente a música sacra não atinge níveis tão elevados como o de Bach. Na verdade, diante de Deus não importa o grau de cultura ou perfeição. Importa a autenticidade, e esta não se mede com padrões artísticos. E todavia, J. S. Bach, este músico luterano e simultaneamente ecumênico, desafia a louvarmos Deus da melhor maneira possível. Compromete-nos o compositor com o aperfeiçoamento da música sacra, inclusive daquela que não lhe segue os trilhos e se expressa em formas novas, originais de nosso ambiente e época. Isto não porque Deus aceitasse somente o perfeito, mas porque é um dever da gratidão ao Senhor de todas as coisas.
Ouvir Bach como artista e testemunha do Evangelho e simultaneamente deixar-se inspirar por ele é certamente a maneira mais condigna de honrar a sua memória.
Gottfried Brakemeier Presidente em exercício da IECLB
Ainda hoje Johann Sebastian Bach impressiona profundamente a todos os estudiosos e admiradores da música erudita e sacra. A música dele interpreta, sublinha, amplia, emoldura e dá maior vigor ao texto em suas composições, transformando-as em pregações extraordinárias do amor de Deus, revelado em Cristo Jesus e dirigido a todos os seres humanos.
Além das qualidades de gênio musical, Bach demonstra em todas as suas obras um conhecimento profundo das Escrituras Sagradas e das Confissões luteranas, bem como fé cristã e pessoal muito convicta. Em tudo o que fez testificou sua dependência do Senhor e seu desejo de cantar louvores ao Altíssimo.
Bach fazia com que, nos ofícios religiosos, todos os participantes fossem envolvidos no canto e na música, o que prova quanto queria que todo o ser que respira louve ao Senhor.
A Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) sente-se grata a Deus pelo privilégio de, junto com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), brindar os amantes da boa música com este exemplo das vigorosas pregações musicais de Bach neste ano em que, com profundo respeito ao mesmo e gratidão sincera a Deus, comemoramos os 300 anos de nascimento do grande compositor.
Rev. Dr. Johannes H. Gedrat Presidente Nacional da IELB
Lado A
1. Abertura (Suite) nº. 2 em si menor (BWV 1067) Polonaise e Badinerie
2. Abertura (Suite) nº. 3 em ré maior (BWV 1068) Air
3. Coral: Ó fronte ensanguentada (O Haupt voll Blut und Wunden)
2º. Coral da Paixão — São Mateus (BWV 244)
Prelúdio Coral — Herzlich tut mich verlangen
Foi minha toda a carga — 4ª. estrofe
4. Concerto para Cravo e Orquestra nº.5 em fá menor (BWV 1056) 2º. Mov.
Lado B
1. Concerto Duplo para Violino e Oboé (BWV 1060) 1º. mov.
2. Concerto Brandenburguês nº. 4 (BWV 1046) — 1º. mov.
3. Coral: Quem tudo entrega ao Deus amado (Wer nur den Iieben Gott lasst walten) - Final da Cantata nº. 93 (BWV 642)
Prelúdio Coral — Wer nur den Lieben Gott lasst walten
Não penses quando estás aflito — 2ª estrofe
4. Coral: És minha alegria (Jesu meine Freude) do moteto de mesmo nome (BWV 610)
Sob o teu abrigo — 2ª. estrofe
Tudo me é desdouro 3ª. estrofe
Orquestra de Câmara
Solistas:
Telmo Jaconi, Violino
Secundino C. Campos, Flauta transversa
Elda Pires, Flauta doce
Eliana Hubert, Flauta doce
Orpheu Tommasini, Oboé
Miriam Braga Guimarães, Cravo
Hans Spring, Órgão
1ºs violinos: Telmo Jaconi, Ariel Piccininno, Nicolau Richter
2ºs violinos : Amilcar Carli, Omar Aguirre, Violas Miguel Pimenta, José S. Dias
Violoncelo: Adriane Savytzky Jaconi, Jean Jacques Pagnot
Baixo: Milton Masciadri
Cravo: Hubertus Hoffmann
Coral
Sopranos: Andréa S. da Luz, Débora Petry, Ione Goetz, Ione Meneghetti, Marilice Jordani, Vera Campos
Contraltos: Liane Schneider, Kattie Lammel, Marci Bordin, Marina Caldas, Mônica Kanitz
Tenores: Eldad Chapper, Júlio Posenatto, Luiz Alberto Marques, Paulo Hoffmann
Baixos: Álvaro Freire, Cláudio L. Ribeiro, Cláudio Miron, Clóvis Gedrat, Martim C. Warth, Manoel Santos
Regente: Leo Fuhr
Gravação - Francisco Anele e Geraldo Schuler
Editagem - Francisco Anele
Capa - Johann Sebastian Bach (quadro de L.L. Ihle, 1720)
Gravado na Igreja da Comunidade Evangélica Martim Luther de Porto Alegre Maio - 1985 pela ISAEC Gravações e Produções