IECLB e Igreja Episcopal Anglicana do Brasil - IEAB



ID: 2725

Anglicanos e Luteranos a caminho do encontro

09/08/2001

Primeira Comissão Mista Anglicana-Luterana
I Encontro Ministros/as da IEAB e da IECLB - 2001
I Encontro Ministros/as da IEAB e da IECLB - 2001
I Encontro Ministros/as da IEAB e da IECLB - 2001
I Encontro Ministros/as da IEAB e da IECLB - 2001
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O movimento ecumênico é uma marca dos cristãos no século XX. O diálogo entre as diferentes confissões cristãs revela que o que nos une é muito maior do que o que nos divide. Esta afirmação foi reafirmada pelos participantes do 1º. encontro entre pastores e pastoras das Igrejas Luterana e Anglicana no Brasil, realizado nos dias 7 a 9 de agosto em São Paulo


A busca pelo diálogo e unidade dos cristãos moveu a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB) a organizarem um encontro entre pastores e pastoras das duas Igrejas. A iniciativa partiu da Diocese de São Paulo da IEAB e do Sínodo Sudeste da IECLB, e é fruto de vários diálogos bilaterais entre as duas igrejas. O encontro aconteceu nos dias 7 a 9 de agosto de 2001 em São Paulo. Cerca de 30 participantes viveram este momento histórico de comunhão e aproximação. Este foi um encontro histórico, não só para as instituições, mas em nossas vidas, afirmou o Pastor Sinodal Rolf Schünemann ressaltando a importância do encontro, o primeiro entre pastores e pastoras das Igrejas Luterana e Anglicana no Brasil.

Quem somos? Como podemos nos aproximar se não nos conhecemos? O grupo refletiu sobre estas perguntas nas dinâmicas de integração, conduzidas pelo Pastor Victor Linn. As dinâmicas descontraíram o grupo criando um ambiente de informalidade e franqueza, o que possibilitou um maior conhecimento mútuo. Por meio de dinâmicas o grupo também compartilhou as suas experiências no ministério pastoral, neste momento também auxiliado pelo psiquiatra Dr. Maurício Garrote. Poder falar da vocação ao ministério, das angústias e das alegrias vividas no ministério pastoral, fez do encontro uma experiência muito especial, revelando que a comunhão entre as igrejas passa pela vida das pessoas.

No relacionamento entre as duas igrejas já existem experiências valiosas. Uma delas acontece em Santo André, onde a Missão Lídia da Igreja Anglicana usa as dependências da Paróquia Evangélica Luterana do ABCD para as suas celebrações e atividades. As duas comunidades realizam algumas celebrações conjuntas durante o ano e estão organizando em conjunto o Curso Básico da Fé.

Um breve histórico, o perfil e a identidade da Igreja Anglicana foi apresentado pelo Bispo Diocesano e Primaz Glauco S. Lima. O Pastor Sinodal Rolf Schünemann fez a apresentação da Igreja Evangélica Luterana. Ambas as igrejas possuem uma maior presença no sul do país. Os luteranos possuem uma organização mais congregacional. A organização episcopal da Igreja Anglicana não é exercida com autoritarismo pelos bispos, mas procura respeitar a liberdade das comunidades e promover a sua autonomia. Os anglicanos somam no Brasil cerca de 103 mil fiéis e os luteranos são aproximadamente 710 mil.

A história do Encontro Anglicano-Luterano ao longo dos séculos foi apresentada pelo Bispo Emérito Sumio Takatsu da IEAB. O relacionamento entre luteranos e anglicanos data desde a Reforma do século XVI. O primeiro encontro entre teólogos anglicanos e luteranos aconteceu entre 1933-36 resultando num acordo que se denominou de Artigos de Wittemberg. Por volta de 1570, cada uma das igrejas já havia balizado a sua identidade eclesial, os luteranos com o livro de Concórdia e os anglicanos com o livro de Oração Comum e os 39 Artigos.

A reaproximação entre as duas igrejas aconteceu a partir do início do século passado, historiou o Bispo Sumio. Ele apresentou um trecho da declaração de Meissen, que expressa essa realidade quando diz: Embora tenhamos nos distanciado um do outro e vivamos agora separados, jamais nos condenamos mutuamente. No século dezenove nossas igrejas estiveram envolvidas conjuntamente em diversas empresas missionárias. Nos anos sombrios entre 1933 e 1945 alguns membros de nossas igrejas reuniram-se em verdadeira comunhão de testemunho. Esses relacionamentos desenvolveram-se depois da Segunda Guerra Mundial e continuaram a produzir frutos no Movimento Ecumênico Mundial (art. 10).

No Brasil uma comissão Nacional Anglicana-Luterana se reúne regularmente desde 19 de dezembro de 1994. A primeira comissão Nacional Anglicana-Luterana teve a sua sede em São Paulo e era formada pelo Rev. Dr. Jaci Maraschin e Bispo Sumio Takatsu, representantes da Igreja Anglicana, e pelo Pastor Herrmann Wille e o Pastor Regional Martin Hiltel, representantes da Igreja Luterana. Baseada no Relatório da Consulta Internacional Anglicana-Luterana de 1987 a comissão elaborou o Documento As Verdades que Compartilhamos.

O testemunho do encontro, da convivência promove a unidade. Este sentimento foi um consenso entre os participantes ao final do encontro. O desejo de avançar na caminhada conjunta ficou expresso nas propostas apresentadas do que fazer para promover uma maior comunhão entre as igrejas. Conforme o Bispo Glauco, não haverá nada de produtivo para o futuro se não tivermos uma meta em comum. Devemos fugir de caminho de muitas reuniões que burocratizam o processo e desenvolver ações conjuntas que promovam a aproximação e o diálogo. Estimular o intercâmbio ente grupos e comunidades, desenvolver ações conjuntas na área da formação teológica para leigos e obreiros e obreiras das igrejas, organizar celebrações conjuntas, a troca de púlpito foram algumas das propostas levantadas pelo grupo. Para agosto de 2002 foi marcado o 2º. encontro entre anglicanos e luteranos, sinal de que o grupo quer permanecer firme a caminho do encontro.

O apóstolo Paulo assumiu a tarefa de ser ministro de uma nova aliança, afirmou o Pastor Sinodal Rolf Schünemann durante a sua pregação na celebração de encerramento. Assim como Paulo, convidou o Pastor Rolf, somos chamados a olhar para Cristo, que é o centro, e a partir dele relativizar as nossas instituições. Somos instrumentos da reconciliação, em especial das pessoas que fazem parte do mesmo corpo. A celebração da Santa Ceia foi oficiada pelo Bispo Glauco Soares de Lima. Na partilha do pão e do vinho, do corpo e do sangue de Cristo, afirmamos pela fé que somos todos um só corpo.

Eduardo Stauder, pastor na
Paróquia de Santos

(Fonte: A Cruz no Sul, Nº. 3, Ano 53, 2001, p. 13)
 

Cristãos que oram são verdadeiros auxiliares e salvadores.
Martim Lutero
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