Manifesto às trabalhadoras e aos trabalhadores – 1º de maio, dia do trabalho
Erga a voz em favor de quem não pode defender-se, seja defesa de quem está desamparado.
Erga a voz e julgue com justiça; defenda os direitos das pessoas pobres e necessitadas.
(Provérbios 31.8-9)
A existência humana é curta e frágil e seu sentido e realização não estão restritos ao trabalho, mesmo tendo ele centralidade na vida. Não vivemos apenas para trabalhar, mas trabalhamos para viver com dignidade, atendendo as necessidades e as alegrias da vida. O trabalho precisa garantir a dignidade do ser humano, o serviço às pessoas e a construção de uma sociedade justa e solidária.
Entretanto, em muitos casos, o trabalho é uma mercadoria à serviço do dinheiro e do lucro. As mulheres são as que mais sofrem com a mercantilização do trabalho. Neste contexto maligno, elas têm menos acesso à terra, a recursos financeiros, à tomada de decisão, à proteção contra a violência, aos espaços políticos. Elas ganham 23% a menos que os homens e a taxa de informalidade chega a 70%. O Brasil está em quinto lugar mundial no número de feminicídios. Mulheres negras e indígenas são mais pobres do que as mulheres brancas. É preciso enfrentar esta lógica cruel, promover a partilha e a igualdade de direitos.
Recentemente, foi feita uma grande mobilização social, que culminou com a aprovação, no Congresso Nacional, da Renda Básica Emergencial. Milhões de pessoas receberão um valor de R$ 600,00 durante 3 meses, como forma de apoiar trabalhadoras e trabalhadores em tempos de distanciamento social, devido à pandemia de Covid-19. Esta medida não resolverá o problema, mas aliviará muito sofrimento.
Diante de cenário de violência e opressão, da falta de direitos e de políticas públicas, as instituições diaconais são fonte de bênção, de justiça e de dignidade. Nossa atuação promove a saúde popular e comunitária, a agroecologia, a acolhida de pessoas em tratamento médico, a defesa de direitos de povos indígenas, de crianças, adolescentes, pessoas idosas, homens e mulheres, com justiça de gênero.
Nossa ação como instituições diaconais é decisiva nos contextos abandonados e sofridos. O compromisso com o Evangelho nos coloca em ação por uma sociedade com trabalho digno e justo, que cuide e proteja as pessoas necessitadas, que não pratique a violência baseada em gênero, que respeite e valorize a vida.
Motivamos as pessoas que neste dia do trabalho nossas ações sejam de cuidado, de justiça, direito e defesa da vida.
Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam quem oprime; garantam o direito de quem é órfão, defendam a causa das viúvas. (Isaías 1.17)
Porto Alegre/RS, 30 de abril de 2020.
GRUPO GESTOR DA REDE DE DIACONIA