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Culto para o Dia dos Povos Indígenas

Celebração

21/04/1997

1. Introdução

O Grupo de Trabalho Missionário Evangélico (GTME) é uma entidade ecuménica de apoio e solidariedade com os povos indígenas e de assessoria para as igrejas na sua tarefa missionária. Ele elabora todos os anos subsídios litúrgicos para a Semana dos Povos Indígenas para uso dos seus membros e das igrejas a ele relacionadas. A cada ano uma comissão de uma das igrejas (ou mais de uma) fica encarregada da tarefa. Para 1996, um grupo de pessoas da Pastoral Indigenista Presbiteriana (Jonas Nascimento e Darli Alves) criou a liturgia abaixo, que foi usada em várias partes do Brasil durante a Semana dos Povos Indígenas.

A liturgia foi divulgada através do informativo trimestral do GTME, Tupari, no 52, de março de 1996, págs. 7-10. As músicas são acompanhadas de notas musicais, o que é um grande auxílio para quem as desconhece.

O material elaborado para a Semana dos Povos Indígenas sempre gira ao redor de um tema atual. Para o ano em que foi elaborada a liturgia abaixo o tema foi a cidadania. Acompanhou-a um cartaz com o seguinte título: Índios, Cidadãos Brasileiros com Suas Diferenças Culturais.
Você pode ter acesso ao texto na íntegra solicitando-o ao GTME — Cx. P. 642 — 78005-970 Cuiabá — MT — Tel./Fax (065) 322 7476.

2. Liturgia Para o Dia dos Povos Indígenas

 

I — O DEUS DA VIDA NOS CONVIDA A CELEBRAR

Todos: Salmo 117.
1 — Louvem a Javé, nações todas, e o glorifiquem todos os povos!
2 — Pois o seu amor por nós é firme, c sua fidelidade é para sempre! Aleluia!
Canto: Convite à Liberdade (Sérgio Matos) — veja Tupari, no 3 de 1996.

II — O DEUS DA VIDA NÃO TOLERA UM MUNDO DIVIDIDO ENTRE OPRESSORES E OPRIMIDOS, RICOS E POBRES

Celebrante: Pelas mãos cheias de violência, muitas vezes falando em teu nome oprimimos, matamos e massacramos as nações indígenas, destruindo suas culturas como se fôssemos possuidores exclusivos da verdade.

Todos: Perdoa-nos, Senhor.

Celebrante: Por isso, Senhor, nos colocamos em teu altar para que, cons¬cientes desses nossos atos, possamos ter o verdadeiro arrependimento, inspirados no exemplo de amor que Teu Filho nos deu.

Todos: Porque ou defendemos a vida porque ela está sendo esmagada ou devemos ter a coragem de não pronunciar o nome de Jesus Cristo.

Canto: Axé (Pastoral Negra / Ismael Tressmann) — O Povo Canta, p. 74.

III — O DEUS DA VIDA NOS CONVIDA A OUVIR O DESAFIO DE SUA PAEAVRA EXPRESSA NA CULTURA DOS DIFERENTES POVOS

Canto: Aleluia (Simei Monteiro). Salmo 3 — Um Desafio para o Justo

2 Javé, como são numerosos os meus opressores, numerosos os que se levantam contra mim!
3 Numerosos aqueles que dizem a meu respeito: Deus nunca vai salvá-lo.
4 Tu, porém, Javé, és o escudo que me protege, es minha honra, aquele que me faz erguer a cabeça.
5 Em alta voz eu grito a Javé, e ele me responde do seu monte santo.
6 Posso deitar-me, dormir e despertar, pois é Javé que me sustenta.
7 Não temo essa multidão de gente que cm cerco se coloca contra mim.
8 Levanta-te, Javé! Salva-me, Deus meu! Pois golpeias no queixo meus inimigos todos, e quebras os dentes dos injustos.
9 De Ti, Javé, vêm a salvação e a bênção para teu povo.

Comentário:

1ª. sugestão — divisão do texto:

Vv. l e 2 — Caracterizar os inimigos dos povos indígenas ao longo desses quase 500 anos.

Culto para o Dia dos Povos Indígenas

Vv. 3 e 6 — Questão da resistência: renovas a minha coragem. Em que pese todo o contexto de morte, os povos indígenas têm resistido, certos de que a vida pertence ao Criador.

Vv. 7 e 8 — Num contexto de opressão e morte, Deus faz brotar a semente de esperança e vida.

2a sugestão — como trabalhar o texto:

a) Reflexão compartilhada, partindo das divisões do texto.

b) Encenação:

1° momento: utilizando símbolos que representam a opressão.
2a momento: símbolos que representam a resistência.
3a momento: símbolos que representam a contraposição da vida e da morte.

Canto: Chamado (Chico Esvael e Luiz Carlos).

— Momento de intercessão pelos povos indígenas.

IV — O DEUS DA VIDA NOS ENVIA AO COMPROMISSO COM A VIDA E O RESGATE DA CIDADANIA

Oração de envio:

Celebrante: Em comunhão com os povos indígenas de todas as nações, juntemo-nos numa só oração ao Deus uno, Pai e Mãe de toda a humanidade, à semelhança da oração que nosso Senhor nos ensinou.

Todos: Pai nosso que estás nos céus.

Celebrante: Na busca incessante de plenitude de vida para todos os povos, sem preconceito de raça ou ideologia:

Todos: Santificado seja o teu nome.

Celebrante: Pela fidelidade de teu povo em buscar primeiramente teu reino e tua justiça:

Todos: Venha o teu reino.

Celebrante: Na determinação unânime de trabalharmos por uma paz sólida, numa ordem que seja justa para as gerações futuras:

Todos: Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.

Celebrante: Por meio do cuidado apaixonado e do compartilhamento com¬prometido:

Todos: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.
Celebrante: Por causa de nosso interesse próprio e por nos preocuparmos primordialmente conosco, temos aumentado a amargura entre povos e nações:

Todos: Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nos¬sos devedores.

Celebrante: Quando o medo desordenar a mente ou a segurança obscurecer a consciência, e estivermos correndo o risco de te esquecer:

Todos: Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.

Celebrante: Sobre todas as raças e nações tu governas soberanamente; teu amor de pai e mãe tudo alcança; em tua vontade está a nossa paz e em tua vida está a nossa vida.

Todos: Pois teu é o Reino, o poder e a glória para todo o sempre. Amém.

Canto final: Duas opções: Baião das Comunidades (Zé Vicente) ou Bênção (canto para as crianças de Wesley C. Teixeira).

[Esta é cantada com gestos. Formam-se pares, uma pessoa de frente para a outra; depois troca-se de pares tantas vezes quantas se quiser.]

Deus te abençoe (põe as mãos na cabeça).
Deus te proteja (põe as mãos no ombro).
Deus te dê a paz (dá um abraço).
Deus te dê a paz (dá outro abraço).

Um Reino para Todos (sugestão para oração final que não faz parte da liturgia original), de Arteno Spellmeier:

Temos a tua promessa, Senhor:


Muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul
e vão sentar-se à mesa no reino de Deus — Lucas 13.29.
Tu és o Salvador e Libertador de todos os seres humanos
e de toda a Criação.
O teu reino está aberto a pessoas de todos os lugares,
a mulheres e homens, crianças e idosos,
a representantes de todas as raças e cores,
de todas as culturas e tradições:
presentes estarão pessoas do Oriente com sua mística,
pessoas cio Ocidente com sua racionalidade,
pessoas do Norte com sua ciência
e pessoas do Sul com sua esperança.
Tudo será de todos e todas.
Em teu reino há lugar para mulheres oprimidas e violentadas;
crianças ninhadas em sua infância;
homens explorados em seu trabalho;
povos indígenas massacrados,
estrangeiros em sua própria terra.
Todos poderão contar suas histórias de sofrimento,
partilhar suas experiências
de resistência e espiritualidade,
enriquecer com seu amor e doação
a convivência e a comunhão.
Por que esperar por um futuro incerto,
se o teu reino já está em nosso meio?
Por que protelar a partilha,
se tu partilhas tudo conosco?
Por que discriminamos as pessoas diferentes de nós,
se tu nos aceitas em nossa alteridade?
Por que queremos uniformizar tudo em tua criação,
se a fizeste tão heterogênea,
tão diversificada, rica e colorida?
Agradecemos-te por podermos ser diferentes.
por não precisarmos ser tudo.
por podermos ser limitados.
por nos complementarmos uns aos outros.
por nos aceitares em nossa alteridade e
por nos aceitares em nossa limitação. Agradecemos-te que também na morte a vida não perde o sentido, porque tu lhe dás uma nova forma e um novo sentido em tua eternidade. Amém!

3. Bibliografia

- ALTMANN, Lori. Leitura da Bíblia entre Indígenas. In: KILPP, Nelson & WESTHELLE, Vítor, eds. Proclamar Libertação. São Leopoldo, Sinodal, 1989. vol. XV, p. 61-70.
- A Máscara índia de Deus. Blumenau, maio 1992. (Cadernos do Comin, 1).
- Tuparí. 52, Cuiabá, GTME, na 52, mar. 1996, p. 7-10.


Autor(a): Lori Altmann
Âmbito: IECLB / Organismo: Conselho de Missão entre Povos Indígenas - COMIN
Título da publicação: Proclamar Libertação / Editora: Editora Sinodal / Ano: 1996 / Volume: 22
Natureza do Texto: Liturgia
Perfil do Texto: Celebração
ID: 13992
Procuremos sempre as coisas que trazem a paz e que nos ajudam a fortalecer uns aos outros na fé.
Romanos 14.19
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