À Nina, da Amazônia
e todas as crianças do mundo
Desafios, dificuldades, dúvidas não poderiam ser maiores. Nem mesmo o medo, estampado nos olhos e no mais íntimo do nosso ser. Preservar um resto de força era o maior dos desafios. A fragilidade prevalecia contra nossa vontade. A intuição, nosso instinto de autopreservação dava o alerta: atenção em demasia ao que é frágil, resulta num enfraquecimento ainda maior! Para sair dessa situação, resta olhar para cima, buscar conexão com o que é comumente considerado importante e forte.
É assim? Seria esse o único caminho a ser seguido nessa travessia?
Naquela hora, aproximaram-se de Jesus perguntando: - Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? E Jesus chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse:
- Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Quem se colocar no lugar dessa criança, esse é o maior no céu e na Terra. (Conforme Mateus,18)
Jesus conhece e está preparado para esse recorrente jogo de cena à sua volta. Inconformado, busca elementos que possam reorganizar o imaginário das pessoas e, para tal, coloca uma criança no centro das atenções.
Hoje, em nosso meio, possivelmente escolheria a Nina, uma das Menininhas da Amazônia.
Para causar impacto nas redes sociais? Não. Claro que não. A atitude de Jesus causa profunda estranheza nos adultos.
No decorrer dos séculos, as reações do ser humano continuam as mesmas. A interlocução no texto bíblico de Mateus continua atual. Na ansiosa busca por autoridade, na Terra e até no céu, justamente nos momentos mais delicados e sérios, prevalece a estreita lógica de sempre: Impor, ordenar e deixar acontecer, no presente, o que estava longe de ser justo e bom no passado. Diante disso, mesmo dimensões amazônicas, mostram-se vulneráveis e impotentes.
A vida atual, com resolução digital, mostrou-se ainda mais frágil. Os enormes impasses que vivemos hoje darão lugar a novos e inevitáveis desafios no amanhã.
Onde investir os nossos esforços? Por onde começar?
Obrigado, Sebastião Salgado!
Hermann Wille
“Esses povos indígenas fazem parte da extraordinária história da nossa espécie. Seu desaparecimento seria uma grande tragédia para o Brasil e uma imensa perda para a humanidade. Não há tempo a perder”, completa a campanha, assinado por Salgado e sua esposa, Lélia Wanick Salgado. |