Diversidade de comida boa traz saúde para a mesa e para o bolso. Esta afirmação é concretizada a partir de oficinas, realizadas pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) núcleo Erexim (RS), que reúnem agricultoras e agricultores. As atividades de reconhecer o valor das frutas nativas e beneficiar hortaliças reúnem o Projeto Ecoforte e a chamada pública de ATER.
“Em setembro de 2014 iniciamos o mapeamento de espécies de frutas nativas que existem nas propriedades das 80 famílias beneficiadas no projeto do Ministério do Desenvolvimento Agrário”, conta Deoner Zanatta Júnior, engenheiro florestal e técnico do CAPA encarregado do projeto que se estende até 2017 e pode ser renovado se a conjuntura política for favorável.
NOVIDADES NO CLIMA
O levantamento botânico teve abrangência de sete municípios do Alto Uruguai e foi constatado que agora existe um clima local diferenciado, criado pela barragem de Itá. “Com uma maior umidade praticamente não ocorrem mais geadas em locais de Severiano de Almeida, Marcelino Ramos e Paulo Bento. Nestas propriedades passou-se a produzir frutas que costumavam ser cultivas apenas junto ao litoral gaúcho”, releva Deoner. Entre elas encontram-se abacaxi, banana, goiaba, araçá e a palmeira jussara que produz uma espécie de açaí.
Um dos objetivos do projeto é provar que as espécies nativas, muitas vezes esquecidas no pátio, podem agregar valor a partir de beneficiamentos agroindústrias. “Conseguimos fazer suco e polpa de frutas como butiá, jabuticaba, guabiroba, uvaia e pitanga, esta ainda com dificuldades de extração.”
Os equipamentos, que permitem beneficiar as frutas e também hortaliças orgânicas que porventura voltem das feiras agroecológicas, vieram do Projeto Ecoforte patrocinado pela Fundação Banco do Brasil. “Iniciamos as atividades em março de 2015, ao receber dois conjuntos de equipamentos”, conta Daiane de Mattos Taborda, engenheira agrônoma e técnica do CAPA que responde pelo projeto.
“O Ecoforte propõe-se a criar 18 unidades de referência no RS para processar hortaliças, frutas nativas e grãos”, explica Daiane. O CAPA/Erexim recebeu dois conjuntos de equipamentos, um para cortar e embalar hortaliças e legumes, e outro para extrair suco e polpa de frutas encontradas na região. Além de produzir alimentos, o programa também visa a sua comercialização a partir de trocas e de vendas que acontecem nos encontros estaduais da Rede Ecoforte.
Durante as oficinas, que geralmente acontecem em espaços públicos municipais, Deoner e Daina mostram novas possibilidades de produtos que possam aumentar a renda familiar e estão disponíveis na vegetação nativa.” Apresentamos alternativas simples e viáveis para diversificar os pomares. Em nossa região pessoas que investiram muito em cítricos atualmente encontram dificuldades para comercializar sua produção.” justifica Daiane.