A ADL foi fundada a 22 de fevereiro de 1956, pelo senhor Artur Schmidt. Pastor Luterano, veio ao Brasil suprir a vacância pastoral da Paróquia de Serra Pelada. A realidade da época era bastante diversa da encontrada atualmente. Hoje defasado e abandonado pelas políticas públicas, em meados da metade do último século, o distrito de Serra Pelada se apresentava com enorme potencial de crescimento e tudo levava a crer que em poucos anos estaria emancipado. A ligação asfáltica aos municípios de Laranja da Terra e Afonso Cláudio, dizia-se na época, era questão de tempo.
Por outro lado, a situação da região era bastante precária, o que dificultava a atuação pastoral de Schmidt, uma vez que sua paróquia abrangia uma área que ia de Afonso Cláudio até o distrito de Santo Antônio de Itueta, no interior de Minas Gerais, o que o levava a gastar muitas horas em lombo de mula, realizando os atendimentos.
Essas andanças, no entanto, permitiram a Schmidt compreender a difícil situação que acometia o povo da região; sobretudo no referente à educação, pois as poucas escolas existentes na região dificilmente ofereciam formação de nível médio; isso, quando era possível aos jovens freqüentá-las, uma vez que eram muito distantes e as estradas estavam em péssimo estado, quando existiam.
Diante disso, Schmidt, em sua residência pastoral, iniciou um internato, no qual os jovens tinham aulas de música, teatro, conhecimentos bíblicos, língua inglesa e alemã, bem como agricultura e trabalhos manuais.
Inicialmente idealizada somente para rapazes, pouco tempo depois a Escola Bíblica Evangélica-Lutherana do Espírito Santo, ou simplesmente Bibelschule, como era conhecida pela população, também passara a receber moças. Essas recebiam especial atenção da esposa do pastor, a senhora Käthe Schmidt. Professora de Ensino Religioso de formação, Käthe se ocupava mais com as moças, ensinando-lhes, além daquilo que era aprendido pelos rapazes, os afazeres domésticos, muito úteis e necessários para a época.
Os e as jovens atendidos pela Bibelschule, complementavam seus estudos à noite, na então ainda ativa Escola Joaquim José Vieira, localizada na Vila de Serra Pelada, sede do distrito e distante cerca de um quilometro da sede da paróquia.
Passada uma década, a demanda continuava crescendo, forçando Schmidt a buscar uma nova estrutura, mais ampla e preparada para o exercício da docência.
Nesse sentido, diversos doadores, do Brasil e do exterior, possibilitaram a construção do Novo Prédio, a partir de então, localizado na vila de Serra Pelada, e não mais na sede da paróquia, distante um quilometro do local.
A manutenção das atividades também não era fácil. Além do apoio advindo das paróquias luteranas da região e dos soldos conseguidos pelo casal Schmidt junto a amigos da Alemanha, muitos esforços foram necessários para a manutenção dos jovens na ADL.
Havia uma contribuição por parte dos familiares, mas essa não era suficiente; além de as famílias de muitos jovens também não reunirem as condições necessárias para contribuir sequer com a alimentação de seus filhos.
Diante desse prospecto, Käthe e Artur buscaram apoio junto ao consulado alemão, localizado na cidade de Belo Horizonte.
Por ministrarem aulas de alemão, recebiam um valor em dinheiro, repassado pelo governo alemão; esse valor, no entanto, não ficava com o casal Schmidt, mas era totalmente revertido para a manutenção das atividades da ADL.
Passados alguns anos, um dos egressos dessa formação, o senhor Inácio Fehlberg, que complementara sua formação na Alemanha, passou a auxiliar o trabalho da ADL.
Além dele e do casal Schmidt, outros voluntários vinham de todo o estado do Espírito Santo, contribuindo com o que lhes era possível. Alguns professores vinham semanalmente; outros, que residiam mais distante, conseguiam vir mensalmente ou quando lhes era possível.
De qualquer forma, foi a partir dos esforços de várias pessoas que a ADL pôde manter suas atividades por mais de meio século.
Caminhos trilhados pela ADL – ao longo de todo esse tempo, aconteceram diversas mudanças de conjuntura em nível de Igreja, de Educação Pública do Estado do Espírito Santo e de país. Essas alterações influenciaram muito a ADL, levando sua direção a, por diversas oportunidades, alterar seus rumos.
Foi diante de uma dessas mudanças que, em 1964, a Escola Bíblica Evangélica-Lutherana do Espírito Santo passou a se chamar FUNDAÇÃO DIACÔNICA LUTERANA.
No entanto, isso fora só o começo. Percebendo que as necessidades de formação eram maiores, foi fundado, em 1966 o “Ginásio Diacônico Luterano”. Com isso, também se ampliou a oferta de cursos, passando-se a oferecer diversos cursos, tais como Magistério em Nível Médio, Técnico com Contabilidade, Curso de Enfermagem ou liderança comunitária com ênfase em educação religiosa.
Já em 1979, a FDL passa a denominar-se “Associação Diacônica Luterana – ADL”, formando, partir de então, ministros auxiliares para a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasi.
A partir de 1999, a formatação ministerial oferecida na ADL deixou de formar ministros auxiliares para a Igreja, mas continuou formando lideranças comunitárias de nível médio, pois compreendia que a qualidade da formação oferecida correspondia ao que era esperado pelas Paróquias e Comunidades.
Em 2005, a ADL iniciou o Curso de Agropecuária com enfoque em Agroecologia. Esse foi idealizado a partir do resultado de uma consulta popular, que apontou essa área como uma das prioritárias para a região.
No entanto, com o desenvolver do curso, percebeu-se que a prática agroecológica precisa ser, primeiramente, aceita, para após ser posta em prática. Como muitos agricultores e pessoas ligadas à gestão da agricultura não crêem em sua eficácia, mesmo com diversos esforços feitos para a manutenção dessa formação, apenas uma turma foi formada, estando o curso parado por um período indeterminado. Se a demanda voltar a ser detectada, o curso poderá ser reaberto.
Em 2007, o Curso de Lideranças Comunitárias foi dividido em duas ênfases: Serviço Social e Educação Popular. Essa alteração partiu de uma observância da equipe de trabalho, que percebeu que estava havendo uma dificuldade de compreensão por parte dos alunos e das comunidades do que é específico em cada área