A gente quase não ousa pensar adiante. Se Jesus não tivesse nascido, ele também não teria morrido na cruz e não teria ressuscitado no terceiro dia. ‘Se não tivesse ressuscitado, o mundo teria perecido’, diz um antigo hino de Páscoa.
Você e eu: o que seria de nós? Ouçamos o que diz o Poeta Friedrich von Hardenberg em um dos seus hinos: ‘O que sem ti teria eu sido, / e qual o meu porvir, Senhor? / Por medo e angústia deprimido, / seria presa do temor. / Não saberia a quem amar. / sem luz seria o meu porvir, / e, preso em ânsias e pesar, / não saberia a quem fugir’.
Com o nascimento de Jesus, o mundo mudou. Mesmo aqueles que só no Natal frequentam a Igreja e passaram a celebrar o dia do nascimento de Cristo à maneira do mundo, limitando-se a dar e a receber presentes: eles testemunham mesmo com uma faisquinha quase apagada que Jesus, o Cristo, nasceu. No entanto, Jesus não veio para nos trazer a festa de Natal. A faisquinha periga apagar-se por completo, quando sufocada no mercado de presentes e banquetes festivos, por fios intermináveis de luzinhas tremeluzentes e demais coisas mágicas criadas em nossa era eletrônica. ‘Mundo, o perdido, vê Deus nascido!’: quem continua ouvindo esta mensagem natalina central? Há quem diga ‘A festa de Natal tornou-se um fator econômico de primeira grandeza’. Impressionante! O que o volume de vendas das lojas de brinquedo tem a ver com Jesus, o Salvador?
Nestas linhas, não queremos entoar uma cantilena de lamentações. Para nós, Jesus Cristo continua sendo o Salvador do mundo e, por isso, não queremos dar-nos por satisfeitos com a festa de Natal assim como vem sendo celebrada. Queremos ater-nos ao próprio Jesus e celebrar o fato real da sua vinda. Queremos juntar-nos aos pastores de Belém, que, após ouvirem a mensagem de Natal da boca dos anjos, falaram uns aos outros ‘Vinde, vamos a Belém para vermos a história que lá aconteceu’.
Esta história ‘que lá aconteceu’, ela é o que importa. A história de Jesus, da criança, do homem, do crucificado, do ressurreto. Importa que essa história se torne a nossa história. Importa que nos identifiquemos com esta criança, este homem, este Filho de Deus e que, como cristãos, não só levemos a etiqueta com o seu nome, mas que vivamos em Cristo, que tenhamos o direito de usarmos a sua carteira de identidade para nos identificarmos – perante Deus e perante o mundo.
Uma proposta para o prezado leitor: ao olhar, na noite de Natal, as luzinhas tremeluzentes da árvore de Natal, tente imaginar a cena em que o Filho pródigo, frustrado e arrependido, volta ao seu pai, que lhe vai ao encontro, o abraça e o beija. Este pai, que sai da sua casa e vai ao encontro do filho - este é Jesus. O filho que ele encoraja a voltar à casa paterna e a compartilhá-la com ele - este é você.
Pastor Lindolfo Weingärtner, Pastor e Professor de Teologia emérito da IECLB, autor de livros cristãos publicados no Brasil e na Alemanha, é colunista da página em Alemão (Editoria Deutsche Seite) no Jorev Luterano. Leia este texto em alemão na página 14. |