Dom e graça de Deus: a fé nas mães

01/05/2008

   Dizem que mãe resume o que é amor e que Deus é só amor, o amor incondicional pelos seus filhos. Ao tornar-se mãe, a mulher aprende o verdadeiro sentido das palavras. Não apenas daquelas ligadas a sentimentos que gostamos de nutrir, como plenitude, paz, dedicação e o tão almejado amor incondicional e acima de qualquer razão. Também aprende-se o que realmente significam medo, ansiedade, preocupação e uma tristeza indecritível quando algo ruim acontece com o filho tão amado. Em homenagem ao Dia das Mães, neste ano comemorado em 11 de maio, fomos buscar na Bíblia, fonte da Palavra de Deus, algumas histórias de mães, permitindo lições para os dias de hoje. Para isso, convidamos quatro Pastoras para refletir sobreas mães bíblicas. Participa a Pa. Claurete Marisa Saueressig, formada em Teologia pela EST, atuando na Paróquia Martin Luther de Erval Seco/RS. Também faz parte a Pa. Jaqueline Michel Piazza, formada pela EST, com especialização em Aconselhamento e Psicologia Pastoral (família) pelo IEPG, e atualmente trabalhando na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Guaíba/RS. Contribui, ainda, a Pa. Cristiani Érica Petry, atualmente exercendo o pastorado na Comunidade em Linha Nova/RS e ocupando o cargo de Pastora Vice-Sinodal do Sínodo Nordeste Gaúcho. Finaliza a Pa. Eliana Lisandra Weber, no momento em seu primeiro campo de atividade ministerial, na Paróquia de Dois Irmãos/RS.


Maternidade, uma bênção de Deus
Pa. Claurete Marisa Saueressig

   Ao ler o texto bíblico de 1Sm 1.2-2.21, podemos ver que Ana queria muito ser mãe, como certamente tantas outras mulheres. Ela, porém, sabia que a vida é dádiva de Deus e somente Ele poderia lhe conceder essa bênção, por isso entregou a sua vida nas mãos de Deus e orou insistentemente. Orou e confiou. Essa fé confiante de Ana, de deixar Deus conduzir a sua vida, continuou com ela também depois que recebeu o seu filho de presente. Certamente, foi essa mesma fé que lhe deu sabedoria para cuidar e orientar Samuel.
   Que bom poder ouvir o testemunho de Ana ainda hoje. Ele nos ajuda a lembrar sempre de novo que a maternidade é uma bênção de Deus. Numa realidade em que ‘você é o que você produz’, materialmente falando, na qual ‘tempo é dinheiro’, talvez ser mãe nem sempre seja visto como bênção. É a ação de Deus que nos abre o coração para olhar para a maternidade como um presente, uma grande oportunidade. Pessoalmente, posso testemunhar o quanto tenho aprendido com essa vivência. Vejo que ser mãe é uma troca de saberes e sabores do sagrado da vida. As crianças nos ensinam a olhar o mundo de um jeito diferente, muito mais humano e divino.
   Tudo isso certamente não anula o peso das dificuldades e dos desafios da maternidade, muitas vezes maiores do que pensamos poder suportar, principalmente num mundo que ainda não nos oferece um espaço digno para a vivência da maternidade, mas Deus dá também a nós a persistência e a sabedoria para cuidar e orientar os nossos filhos e filhas, para que sigam o caminho de Deus. Juntemo-nos com Ana nessa busca incessante da vida em plenitude que vem de Deus.
                                                                                                                Para refletir, leia 1Samuel 1.2-2.21


Maria, mãe abnegada
Pa. Jaqueline Michel Piazza

   Para Lutero, Maria é modelo de vida cristã, que experimentou a justificação por graça e fé, escolhida por Deus para ser a mãe de Cristo, agraciada para concretizar a promessa que haveria de vir o salvador. Lucas narra o nascimento de Jesus de forma detalhada. A jovem Maria acreditou em Deus e sua promessa. Pela fé, aceitou a honra que Deus lhe concedera, a escolha para dar continuidade ao seu plano de, por Jesus Cristo, restabelecer a relação de toda a humanidade com Deus e soube compreender que esta era a sua tarefa, devendo cumpri-la fielmente.
   Após o convite da parte de Deus, feito pelo anjo, Maria se autodenomina serva do Senhor, disposta a fazer a vontade de Deus. Maria é modelo de fé evangélica. Pela fé, Maria assume posição, corre riscos, confia na providência divina quando viaja e não há onde se hospedar para dar à luz, confia em Deus quando se perde do seu filho e encoraja Jesus a realizar seu primeiro milagre. Vemos sua presença de mãe abnegada junto ao filho, aos pés da cruz de Cristo, com o coração de mãe dolorido, lágrimas vertendo, expressivas e reveladoras de um indescritível amor de mãe. Nada podia dizer ou fazer, mas fez o que estava ao seu alcance de mãe: ficou presente.
   Pela fé, Maria confiou, foi uma mãe dedicada e somente no final teve a visão do propósito de Deus: quando da ressurreição de Jesus. Pela fé e esperança, Maria é exemplo de mãe que conhece a Palavra de Deus, confia, vive e fala da sua experiência suprema por meio do seu cântico, consolo e inspiração para Lutero quando exilado e com direitos políticos cassados. O cântico de Maria é consolo para nós cristãos em todos os tempos e para todas as gerações.
                                                                                                                     
Para refletir, leia Lucas 1.26-55

As duas mães
Pa. Cristiani Érica Petry

   Na Bíblia, temos uma bela coleção de histórias de mães, envoltas em situações bastante pitorescas. Em 1Reis 3.16-28, encontramos uma delas. Aparece uma mistura de sentimentos, valores e ousadia. Na verdade, há vários lados para serem observados e que nos ajudam a compreender atitudes, em princípio, muito humanas, mas que atrapalham o convívio saudável e fraterno.
   As duas mulheres que aparecem na história moram juntas e têm filhos ao mesmo tempo. Enquanto tudo vai bem, elas são parceiras. Diante da morte de uma das crianças, se coloca um verdadeiro drama para elas: as duas afirmam serem a mãe daquela criança. Com a intervenção do rei Salomão, elas são tiradas do impasse! Ele faz a proposta inusitada de partir a criança viva ao meio. Neste momento, ele sabe quem é a mãe verdadeira, pois ela luta pelo seu filho e, inclusive, se for o caso, abre mão de ficar com ele para preservar-lhe a vida.
   Nestas situações é que aparecem as dores sufocadas, os desejos não realizados, as expectativas frustradas e os sonhos não trabalhados. Também se tornam evidentes os fundamentos sobre os quais as pessoas envolvidas constroem as suas vidas.
   Sempre de novo, observa-se que o comprometimento com a vida como um todo, é que permite ter discernimento diante da melhor atitude a ser tomada nas questões do dia-a-dia.
                                                                                                   
                    Para refletir leia, Êxodo 2.1-10

Deus como a mãe que consola

Pa. Eliana Lisandra Weber

   Como alguém a quem sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados (Is 66.13). O profeta, em sua concepção de Deus, o compara à imagem de uma mãe que toma sua criança nos braços e a consola, a estimula. A maternidade e a paternidade enriquecem nosso entendimento acerca do amor incondicional de Deus. Contudo, ninguém ama igual a Deus. O próprio Isaías já apontava para essa verdade, ao dizer que mesmo uma mãe ou pai esquecendo-se de seu filho, Deus não se esquece (49.15).
   Vivemos no tempo dos extremos, o que afeta essencialmente a vida em família. O amor, o perdão e a paciência andam em baixa nas relações. Hoje, por muito pouco, se grita, agride, rouba, mata... O consolo que Deus nos promete em sua Palavra e nos Sacramentos nos lembra que precisamos fazer paz com nós mesmos e ao nosso redor. Começando isso em nossos lares. É na família que o consolo, a solidariedade, o respeito e os limites começam a ser treinados.
   Martim Lutero diz que na, desgraça, está escondida sempre uma bênção, no erro, perdão e justiça, na morte há vida e na aflição, consolo. Ainda diz mais: esta é a grande verdade, Ele não poupou a seu próprio Filho. A morte e sobretudo a ressurreição de Jesus nos possibilitam nova vida, oportunidade para recomeço, para acertamos nosso passo com Deus e com os que nos rodeiam.
   Na vida, muitas coisas mudam, o amor de Deus, sua promessa e vontade não mudam jamais. Jesus, por muitos momentos, disse: Vinde, mas também disse Ide. Consciente de que a fé se dá nesse movimento, vamos fazer o que nos cabe: receber e compartilhar, ser consolado e consolar. Vai tu e seja uma bênção na vida da irmã e do irmão!
                                                                                                                        
Para refletir, leia Isaías 66.13

Todas as nossas orações devem fundamentar-se e apoiar-se na obediência a Deus.
Martim Lutero
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