Muito ouvimos falar de dízimo. Existe muita discussão em torno deste assunto. Exageros em relação a temática são proclamados e também praticados em nossa realidade religiosa pluralista brasileira. Escutamos, inclusive, histórias tristes de pessoas que entregam o dízimo a determinadas igrejas, mas passam necessidade de comida, de saúde e até de educação. Outras proclamam que desde que estão doando o dízimo receberam muitas bênçãos em sua vida. As histórias de vida e de fé são, muitas vezes, contraditórias em relação à prática do dízimo, que se tornou uma lei, principalmente em determinadas igrejas evangélicas. O discurso teológico do dízimo está relacionado, na maioria das vezes, com o recebimento de bênçãos e prosperidade, baseada numa teologia retributiva, isto é, procura-se negociar com Deus.
A pergunta que nós nos fazemos como mulheres participantes da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e integrantes ativas de grupos da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) é, afinal de contas, o que significa dízimo? O que o dízimo tem a ver conosco mulheres de confissão luterana que buscam orientar a sua vida no tripé de comunhão, testemunho e serviço? Como a Bíblia, a Sagrada Escritura, fala de dízimo? Neste estudo, buscarei refletir sobre o significado do dízimo no Antigo Testamento? As minhas fontes de pesquisa são a Bíblia, comentários bíblicos e pesquisas referentes à temática do dízimo. No final do artigo encontra-se disponível uma pequena bibliografia para quem desejar aprofundar-se no tema.
Dizimo: em busca de uma definição
A palavra dízimo em hebraico é (ma’aser), significando a décima parte de alguma coisa. A raiz aser guarda uma relação com o verbo árabe ‘ashara, que significa formar uma comunidade, constituir um grupo, ganhando assim, um profundo significado teológico. A relação destas palavras dá sentido claro para o conceito bíblico sobre o dízimo, que é celebrar, comunitariamente, a Javé com suas produções1. Portanto, em seu sentido etimológico a palavra dízimo tem a ver com celebração, comunidade, produção e com a fidelidade a Deus. Dízimo é uma palavra que necessita ser entendida nas relações pessoais, comunitárias, produtivas e religiosas. A entrega do dízimo não era somente um sinal de gratidão, mas ela continha em si uma ética, relacionada com o cuidado pela vida em sua integralidade, que se mostrava nas relações com a terra, com a família, com a comunidade e com Deus. Quando lemos no Antigo Testamento sobre dízimo sempre é necessário entender o texto dentro do seu contexto. Isto significa que não é possível usar um versículo isolado para justificar uma prática de dizimo, como, muitas vezes, temos visto e ouvido. O dizimo tem a ver com a confissão de fé de que Deus é o criador e mantenedor da vida (Sl 24), mas também está relacionado com a comunidade como prática de solidariedade e de justiça social, como veremos na análise de alguns textos do Antigo Testamento. Na vida do povo de Israel existe uma profunda e íntima relação entre a vida cotidiana e a vida de fé.
Meditando alguns textos que se referem ao Dízimo no Antigo Testamento (AT)
A primeira referência ao dízimo encontramos no contexto de Gênesis 14.20-24, que remete à vitória de Abrão sobre o rei Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele. Estes também tinham prendido e se apossado dos bens do seu sobrinho Ló. (Gn 14.9-17). Depois da grande vitória de Abrão, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; e abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.” (Gn 14.18-20)
Em resposta a esta atitude de Abrão o rei de Sodoma disse: “Dá-me as pessoas, e os bens ficarão contigo. Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao Senhor, o Deus Altíssimo, o que possui os céus e a terra e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a Abrão; nada quero para mim, senão o que os rapazes comeram e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo, estes que tomem o seu quinhão.” Com isto, Abrão estava afirmando que a vitória pertencia a Javé. Interessante observar que Abrão deu a décima parte de algo que recebeu. Nada do que foi conquistado pertencia ao patriarca, ele conquistou, juntamente com outras pessoas, na batalha que tinham travado. O dizimo aqui não é um tributo institucionalizado, uma obrigação, mas uma forma, poderíamos dizer, de agradecimento pela vitória. O dízimo de Abrão se dá num contexto político e religioso, pois Melquisedeque era não apenas rei de Salém, mas também ‘sacerdote do Deus Altíssimo’.
Não sabemos exatamente porque Abrão decidiu que a décima parte seria uma quantia apropriada para agradecer a misericórdia de Javé. Possivelmente, encontrem-se aqui influências dos povos da Babilônia e da Assíria que eram obrigados a dar um décimo de suas posses como sacrifícios às diferentes divindades. Quando Abrão ofereceu a Javé o dízimo de tudo, ele também estava fazendo uma confissão de fé e afirmando que Javé é o Deus único. A décima parte remetia para a totalidade. O povo de Israel tinha bem claro que Deus é o criador (Gn 1 e 2), mantenedor e sustentador dos céus e da terra e tudo o que nela se contém (Ex 19.5; Sl 24.1; Sl 50.10-12; Ag 2.8). Portanto a entrega da décima parte é a ação prática desta confissão de fé.
O segundo texto no livro de Gênesis onde encontramos uma referência ao dízimo se encontra no contexto da fuga, do sonho e da coluna em Betel erguida por Jacó (Gênesis 28.1-22). Jacó tinha usurpado a benção do pai, que caberia ao seu irmão Esaú. Ele fugiu, partindo de Berseba e seguiu para Harã, e quando chegou ao determinado lugar, já sendo noite, pegou uma pedra e a fez seu travesseiro. Jacó sonhou com uma escada posta na terra que chegava até os céus, onde os anjos do Senhor subiam e desciam por ela. “Perto dele estava o Senhor e lhe disse: Eu sou o Senhor, Deus de Abraão, teu pai e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta darei, a ti e à tua descendência. A tua descendência será como pó da terra (…) Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido” (Gn 28.13-15). Deus veio ao encontro de Jacó, entrou numa relação direta com ele, um homem fugitivo e conturbado. Deus prometeu a ele terra e descendência, bem como acompanhá-lo bem de perto. Quando Jacó despertou do sonho ele reconheceu: Deus está neste lugar e eu não o sabia. (…) a casa de Deus, a porta dos céus. (Gn 28.16-17). Jacó reconheceu que tudo estava aí ao seu dispor, mas, até o momento, ele não tinha se dado conta. A pedra que Jacó usou como travesseiro agora foi transformado em altar. Jacó, então, também fez um voto. “Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; em de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo.“ (Gn 28.20-22).
Um Jacó, fugitivo, perdido e conturbado foi encontrado por Deus. A história do sonho de Jacó é muito bonita e interessante. Interessante perceber que Deus se manifestou no sonho e despertou Jacó para a realidade. Deus veio ao encontro e interveio na história de Jacó, o acolheu e lhe deu promessas de terra e descendência. Este sonho nos fala que para Deus não há impossíveis. Onde não havia apoio, Deus colocou uma escada. Jacó dormiu sob uma pedra dura, mas sonhou e viu a escada que Deus colocou a sua disposição. Jacó despertou, transformou a pedra dura em altar e fez o seu voto de fidelidade a Deus. O dízimo no contexto da narrativa da história de Jacó aparece como reconhecimento da presença e companhia de Deus nos momentos conturbados da vida.
No final do livro de Levítico (27.30-32) temos uma referência sobre a sistemática das dizimas. O livro de Levítico apresenta muitas legislações, referindo-se a aspectos sacrificais, sacerdotais e pureza. Quer-se apontar para a santidade de Deus. A base econômica do Povo de Israel é agropastoril. Como já foi salientado, tudo provém de Deus. Deus é santo e santas são as suas obras. “Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do Senhor, santas são do Senhor. No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor.” Todo dízimo pertence ao Senhor. Na prática do dízimo também se busca a santidade perante o Senhor. Salienta-se no contexto da teologia do livro de Levítico a santidade de Deus, bem como todos os frutos produzidos na terra. O dizimar é entregar a Deus o que é de Deus.
Já no livro de Números 18.21-32 encontra-se uma diferença em relação ao texto de Levítico, referido acima. Levítico afirma que todos os dízimos são para o Senhor, enquanto que Números refere-se a entrega dos dízimos para o sustento dos filhos de Levi. Quem eram estes filhos de Levi? Os filhos de Levi (levitas) são aqueles que se dedicam ao trabalho no templo/trabalho religioso. Dentre eles é escolhido o sumo sacerdote. “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda e da congregação” (Nm 18.21). Eles dependem do dízimo do povo para sobreviverem. A entrega do dízimo é para o seu sustento. No entanto, os levitas também precisam entregar ao Senhor uma oferta, o dízimo dos dízimos. De acordo com Números 18.26ss: “Também falarás aos levitas e lhes dirás: Quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por vossa herança, deles apresentareis uma oferta ao Senhor; o dízimo dos dízimos. (…) Assim, também apresentareis ao Senhor uma oferta de todos os vossos dízimos que receberdes dos filhos de Israel e deles darei a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote. De todas as vossas dádivas apresentareis toda oferta ao Senhor: do melhor delas, a parte que lhe é sagrada.” Os levitas recebiam o dízimo, mas repassavam também uma parte ao sacerdote, isto é dízimo dos dízimos. Para os trabalhadores e o serviço do templo era dedicado o dízimo.
A passagem de Deuteronômio 12.17-18 nos fala que o dizimo também será colocado e consumido comunitariamente, num lugar escolhido pelo Senhor, um lugar sacral, um lugar de culto. “Nas tuas cidades, não poderás comer o dízimo do teu cereal, nem do teu vinho, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas, nem nenhuma das tuas ofertas votivas, que houveres prometido, nem a tuas ofertas voluntárias, nem as ofertas das tuas mãos, mas o comerás perante o Senhor, teu Deus, no lugar que o Senhor, teu Deus, escolher, tu, e teu filho, e tua filha, e teu servo, e tua serva, e o levita que mora na tua cidade; e perante o Senhor, teu Deus, e te alegrarás em tudo o que fizeres.” Chama a atenção que a comensalidade do dizimo é um ato de alegria e de inclusividade de gênero e de classe social (teu filho, tua filha, teu servo e tua serva). Também o levita que mora na cidade é convidado para a festa do consumo do dízimo. O dizimo não é para o acúmulo de riquezas, mas para a partilha entre todos e todas da família. O momento da partilha é momento de alegria. A cada ano, o israelita devia separar os dízimos de tudo quanto produzisse. Habitualmente tal dízimo era comido também por ele no lugar do culto. Alegrava-se, juntamente com sua família, diante de seu Deus. Esta alegria devia ser compartilhada com o levita, que fazia o trabalho religioso e não tinha acesso a terra, nem herança. O culto é um lugar de alegria!
Em Deuteronômio 14.22-29, segundo REIMER2 “projeta-se a proposição legal de que o dízimo, a instituição econômica mais forte para a manutenção dos templos e da monarquia na Antiguidade, seja recolhido fielmente a cada ano. O produto, contudo, ao invés de ser canalizado para a instituição central, deverá ser consumido pela comunidade diante das portas do santuário numa espécie de piquenique religioso.” Segundo o texto de Dt 14.22-23: “Certamente, darás os dízimos de todo o fruto das tuas sementes, que ano após ano se recolher no campo. E, perante o Senhor, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer o Senhor, teu Deus, todos os dias.” Estes versículos referem-se que o dizimo de todos os produtos (cereal, vinho, azeite, primogênitos das vacas e ovelhas) devem ser ofertados, como processo de aprendizagem para o temor a Deus a cada dia, isto é, o reconhecimento de que Deus é o criador dos céus e da terra. Ainda segundo REIMER, “a cada três anos, o dízimo deverá ser revertido para o financiamento dos pobres da área da aldeia ou cidade. Assim, além de sua subsistência ordinária, terão a cada três anos, acesso a uma parcela do dízimo dos produtos agropecuários recolhidos pelos israelitas proprietários de terra”3 .De acordo com Dt 14.28-29: “Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade. Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade e comerão, e se fartarão, para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem.” A bênção de Deus acontece quando realiza-se a partilha do dízimo para com os pobres da cidade: o estrangeiro, o órfão e a viúva. Também o oficiante do trabalho religioso, o levita, é convidado para a festa da partilha.
Como afirma TRIANA4 , este dízimo a cada três anos era a verdadeira oferta. Em Deuteronômio 26.12 chama-se esse ano de “o ano do dízimo.” Assim lemos em DT 26.12: “Quando acabares de separar todos os dízimos da tua messe no ano terceiro, que é o dos dízimos, então, os darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas cidades e se fartem”. Em Dt 26.15 lemos: “Olha desde a sua santa habitação, desde o céu, e abençoa o teu povo, a Israel, e a terra que nos deste, como juraste a nossos pais, terra que emana leite e mel.” Importante salientar, de acordo com TRIANA5 , REIMER6 e STAUDER7 , que nenhuma legislação anterior ao Deuteronômio regulamentou a prática do dízimo. E, ao que tudo indica, a lei do dízimo, junto com o conjunto das leis sabáticas que são enunciadas (Dt 14-22-15,23) destaca o fato de que todas leis mostram uma estreita relação entre culto, fidelidade, reconhecimento de Deus que age na história e a busca de igualdade da comunidade, com a necessidade de compartilhar propriedades, liberdade e alimento com as pessoas necessitadas e miseráveis: levita, estrangeiro, migrante, órfão, viúva, filhos, filhas, servos, servas e os mais fracos da sociedade em geral. A prática do dízimo está ligada com a solidariedade e a justiça social e só quando acontece nesta relação, recebe-se a bênção de Deus. O dízimo está ligado com a partilha dos alimentos, e nesta partilha organiza-se a vida do povo.
O autor do livro de Deuteronômio, provavelmente pertencia ao grupo dos levitas, tendo como objetivo a reabilitação da figura do levita, reivindicando a sua importância ao lado do sacerdócio para o governo da comunidade. No entanto, o objetivo de Deuteronômio não se resumia a defender o interesse dos levitas, o que se pretendia era resgatar a tradição profética, conservada pelos levitas, a fim de que a comunidade judaica não ficasse reduzida ao culto formal, mas fosse capaz de se organizar socialmente, num espírito de solidariedade e de justiça social, segundo o projeto de Javé, o Deus libertador, conforme a tradição do Êxodo.
Interessante perceber que em 2 Crônicas 31.2 o rei Ezequias estabeleceu e regulamentou o trabalho no templo, isto é, os turnos de trabalho dos sacerdotes e dos Levitas. “Além disso, ordenou ao povo, moradores de Jerusalém, que contribuíssem com sua parte devida aos sacerdotes e aos levitas, para que pudessem dedicar-se à lei do Senhor. Logo que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram em abundância as primícias do cereal, do vinho, do azeite, do mel e de todo produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância” (2 Cr 31.5-6). Como já vimos, sacerdotes e levitas são aqueles que realizam o trabalho religioso e vivem da realização deste trabalho. Eles dependem da contribuição do dízimo para sobreviverem. Provavelmente, estavam acontecendo desvios na prática do dízimo. Ezequias, portanto, chamou a atenção dos moradores de Jerusalém. Em 2 Co 31.11-12 percebemos a organização da prática do dízimo, ordenada por Ezequias: “Então, ordenou Ezequias que se preparassem depósitos na Casa do Senhor. Uma vez preparados, recolheram neles fielmente as ofertas, os dízimos e as cousas consagradas, disto era intendente Conanias, o levita, e Simei, seu irmão, nomeados pelo rei Ezequias e por Azarias, chefe da Casa de Deus. Percebe-se aqui organização da guarda do dízimo, nomeadas tanto pelo poder religioso e estatal. O foco neste texto está no Templo, nos sacerdotes e nos levitas que nele exerciam suas funções. Os sacerdotes com o culto e os levitas, dentro da tradição profética, procuravam transmitir as legítimas tradições ao povo, os ideais do Êxodo, isto é, mantinham viva a construção dos ideais de uma sociedade igualitária.
No livro de Neemias temos o relato das atividades do povo de Israel, depois que retornam do cativeiro da Babilônia, relatando a reconstrução do templo em Jerusalém, a renovação da Aliança, reformas políticas e sociais. O texto referente à prática do dízimo (Neemias 10.37-39) encontra-se dentro do contexto da renovação da Aliança, centralidade do culto, e o dízimo dirige-se para os sacerdotes e levitas: “As primícias de nossa massa, as nossas ofertas, o fruto de toda árvore, o vinho e o azeite traríamos aos sacerdotes, às câmaras da casa do nosso Deus; os dízimos da nossa terra, aos levitas, pois a eles cumpre receber os dízimos em todas as cidades onde há lavoura. O sacerdote, filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e os levitas trariam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro.” (Neemias 10.37-38). Era necessário que o levitas entregassem o dízimo dos dízimos aos sacerdotes, remete-se aqui ao texto de Números 18.21-32. Portanto, uma parte do dízimo (o dízimo dos dízimos...10% dos 10% recolhidos) era trazida pelos levitas ao templo (à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro). Neemias 10.39 refere-se também aos outros trabalhadores do templo: os sacerdotes, os porteiros e os cantores “e, assim, entregando as ofertas e aos dízimos não ficaria desamparada a casa do nosso Deus.” A prática do dizimo nestes textos refere-se ao amparo do templo, “Casa do nosso Deus”. Em Neemias 12.44; Neemias 13.5;12-13 lemos também sobre a organização deste recolhimento dos dízimos.
Tanto o texto de II Crônicas como de Neemias buscam reabilitar os serviço dos trabalhadores do templo, dentro de um processo de reconstrução da comunidade judaica, no contexto pós-exílico. O Templo passa a ser o centro da vida da comunidade, como lugar de culto e da transmissão da lei, fornecendo as bases para a estrutura social da comunidade. Os levitas encontram-se dentro da tradição profética. De acordo com REIMER, “os profetas e as profetisas dos tempos bíblicos assinalaram que a relação dos humanos com o seu ambiente tem a ver especialmente com justiça, paz e vida digna para todos, sobretudo para as pessoas empobrecidas e famintas.”8
No decorrer da história, também começaram a acontecer abusos em relação as práticas e recolhimento do dízimo. Neste contexto, também surgem os profetas como grandes críticos do abuso dos poderes, especialmente quando não acontece uma justa distribuição para os levitas e para os pobres da comunidade (viúvas, órfãos) e fora da comunidade (estrangeiros, migrantes).
O profeta Amós 4.4 chamou a atenção do povo de Israel que havia se desviado de Deus e estava cego espiritualmente. Esqueceu a sua fidelidade a Deus. Transgrediu o verdadeiro culto, isto é, já não mais reconhecia que tudo provinha de Deus. O profeta Amós denunciou então, a falsa segurança colocada na realização pura e simplesmente do culto ritual (Amós 4.4-5) e a entrega do dízimo como algo simplesmente mecânico, não relacionado com a solidariedade e a justiça social. Só o culto ritual não basta, a entrega do dízimo precisa estar ligada com a fidelidade e o temor ao Deus único. O culto a Deus precisa estar relacionado com o serviço que busca uma vida justa e solidária para todas as pessoas. O profeta Amós denunciou a prática de um culto ritual, mecânico, anunciando o verdadeiro culto que deve ser prestado a Javé, Deus único. De acordo com Amós 5.4: “Pois assim diz o Senhor à casa de Israel, Buscai-me e vivei.”
Também Malaquias denunciou que estavam acontecendo desvirtuamentos na celebração do culto. Em Malaquias 2.1ss, encontramos denúncias contra os sacerdotes. Ao que tudo indica, estava havendo problemas no relacionamento entre sacerdotes e levitas (Ml 2.4-9). De acordo com Ml 2.7-8: “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos. Mas vós vos tendes desviado do caminho e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos; violastes a aliança de Levi, diz o Senhor dos Exércitos.” Depois da reprovação da atitude dos sacerdotes, Malaquias em 2.10-16 também advertiu contra a infidelidade conjugal. O texto de Ml 2.17-3.5 tem como tema a vinda de Javé e o seu posicionamento frente ao bem e ao mal. O profeta anunciou “o envio do mensageiro, que preparará o caminho (…) de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança, a quem vós desejais; eis que ele vem (…)” (Ml 3.1). O profeta chamou a atenção para as práticas desvirtuadas que estavam ocorrendo no templo e anunciou o templo como um lugar, que poderá ocorrer a manifestação messiânica. É um chamado para o verdadeiro culto. Em Ml 3.7 lemos: “Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar.” Há um chamado para que o povo se volte a Deus. Já Ml 3.8 o profeta se questionou: “Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nós dízimos e nas ofertas.” Percebe-se claramente um desvirtuamento na arrecadação do dízimo. Mas, o que estava acontecendo? Já no texto de Ml 1.6-14 os sacerdotes são reprovados, pois não oferecem os melhores animais, mas os defeituosos. Poderia também ser que a situação econômica estava precária, isto é, condições desfavoráveis na agricultura, como seca e pragas, geravam colheitas ruins e levavam a situação de necessidade (3.10s). Não podemos esquecer que a política persa de tributação contribuía para aprofundar as dificuldades. Possivelmente o sacrifício de animais defeituosos (1.8,13) e a sonegação de dízimos ao templo (3.8-10) decorrem desta situação de carência. O profeta Malaquias denunciou a situação de apatia do povo e o chamou de volta ao verdadeiro culto. A não correta prática do dizimo também aumentava os problemas sociais da comunidade, conforme é possível deduzir em Ml 3.5: “Chegar-me-ei a vós outros para juízo; serei testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o salário do jornaleiro, e oprimem a viúva e o órfão, e torcem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos.” Remete-se ao projeto de organização social de Deuteronômio. Esta situação fez com que o profeta Malaquias iniciasse uma advertência a todos sobre o roubo do dízimo: Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós, a nação toda. (Malaquias 3:9) Nos dias de Malaquias os sacerdotes do templo recolhiam as ofertas e não repassavam para os levitas, para que eles pudessem utilizá-las para no cuidado dos próprios levitas, dos órfãos, das viúvas e viajantes. É neste sentido que Malaquias afirmou: “Trazei todos os dízimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento na minha casa; e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós bênção sem medida.” Portanto, aqui se refere à antiga prática já mencionada em diferentes textos a prática do recolhimento do dízimo estava ligado com a justa distribuição do mantimento. O profeta denunciou uma concentração e apontou para uma distribuição do mesmo. E o profeta Malaquias encerra o seu dito profético, anunciando: “Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria. Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos Exércitos. Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe, para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que eu vou vos enviarei o profeta Elias antes que venha o grande e terrível Dia Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.” (Ml 4.2-6). Malaquias chamou o povo de volta à boa tradição do Êxodo, lembrou do grande líder Moisés, do cumprimento das leis e estatutos e da realização do verdadeiro culto a Deus.
Detive-me com mais detalhes no livro de Malaquias, pois o texto de Malaquias 3.9-10 é muito usado em pregações em nosso contexto brasileiro religioso. No entanto, o que se percebe é a necessidade de ler todos os quatro capítulos do profeta Malaquias para entender o que estava acontecendo em relação à prática do dízimo. Não é possível se utilizar da passagem sem citar o seu contexto.
CONCLUINDO
Como foi possível perceber, o dizimo faz parte da boa tradição de Israel. Era usado para ser comido comunitariamente com alegria, dar assistência aos pobres, manter o trabalho do templo e as pessoas que realizavam o serviço no templo. Quando surgem abusos ou esquecimentos no verdadeiro sentido do dízimo, os levitas que se encontravam na tradição dos profetas e os profetas denunciavam abusos e procuravam deixar claro o verdadeiro sentido da prática do dízimo entre o povo de Israel.
O dízimo em Israel se dava como sinal de reconhecimento a Deus como o criador e o sustentador da vida, aquele que manda chuvas e sol, para que a terra produza o seu fruto. O dízimo no Antigo Testamento tinha a ver com a produção agropastoril. Esta precisava ser dizimada e partilhada pelos proprietários de terra em Israel para com os levitas, pobres e necessitados. Neste reconhecimento de que Deus é o criador dos céus e da terra também nenhuma criatura podia passar necessidade. O dízimo no Antigo Testamento estava ligado com a confissão de fé de que Deus é o criador, sustentador e mantenedor da vida em todas as suas dimensões. Esta confissão de fé leva a uma ética de cuidado, prática da solidariedade e a busca de uma organização social justa.
Também, hoje, em nossas comunidades e em nossos grupos de OASE existe o recolhimento de ofertas e de dízimos. No meu entendimento, o dinheiro que é arrecado em nossas igrejas e, diferentes grupos, aqui pensando, especificamente, nos grupos de OASE devem servir para ajudar os pobres (realização do trabalho diaconal), para manter as atividades da Igreja, o que inclui o pagamento das pessoas que se dedicam integralmente ao trabalho da Igreja. Portanto, é importante lembrar que a subsistência do ministro ou da ministra da Igreja não é a única finalidade do dízimo. O dizimo se destina aos pobres de dentro da comunidade (crianças, idosos, desempregados, sem-teto, etc...) e para os pobres fora da comunidade – os migrantes/os forasteiros.
Neste sentido, é importante lembrar de nossa história, como Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil. Por muito tempo várias comunidades e, inclusive, grupos de OASE foram ajudados e até mantidos por Igrejas parceiras, principalmente, da Europa. Como imigrantes e igreja éramos realmente necessitados. Várias comunidades da Alemanha e de outros países da Europa entenderam que a Igreja no Brasil era pobre e necessitava de ajuda. Elas arrecadavam dinheiro, de diferentes formas. Muitas mulheres teciam, bordavam, costuravam, pintavam e vendiam os seus trabalhos manuais, revertendo este dinheiro para a Igreja enviar para as igrejas no Brasil. Ainda hoje, vivendo e trabalhando, aqui na Alemanha tenho visto mulheres, crianças, confirmandos/as, homens, comunidades, fazendo pequenas e grandes ações, como venda de bolos, mercado de coisas usadas e revertendo este dinheiro para a doação para comunidades cristãs, necessitadas na América Latina, na África e na Ásia. No momento, somos assolados, com a triste notícia da fome na Somália, onde como pessoas batizadas, precisamos dar a nossa parte, para que nenhum ser humano criado a imagem e semelhança de Deus sofra e morra antes do tempo.
Também percebemos que muitas comunidades de confissão luterana e grupos de OASE, se acostumaram com esta ajuda de fora e se acomodaram na prática da doação do dízimo e da oferta. Muitas pessoas só davam algum dinheiro, quando necessitam de algum trabalho da Igreja: batizado, confirmação, casamento, sepultamento. Esqueceram que o templo e o trabalho da Igreja precisam ser mantidos. Assim como ministros e ministras, que se dedicam exclusivamente ao trabalho da Igreja, necessitam do dinheiro para sobreviverem. Além disto, temos os centros de formação, onde jovens estão se preparando/estudando para assumir o ministério na Igreja. Estes e estas jovens também necessitam de nossa ajuda e colaboração. Assim como os levitas e sacerdotes no Antigo Testamento entregavam o dízimo dos dízimos, é importante esclarecer que também ministros e ministras precisam realizar a sua contribuição financeira ao trabalho da Igreja. Eles e elas também são membros do Corpo de Cristo.
A verdade é que as Igrejas necessitam de dinheiro para cumprirem com o seu papel em nosso mundo. Elas precisam de dinheiro para comprar as coisas mais básicas para um verdadeiro serviço a Deus: toalhas brancas, paramentos, velas, cadeiras, Bíblias, livros de canto, materiais litúrgicos para celebração correta do Batismo e da Ceia do Senhor. O próprio templo, muitas vezes, ainda precisa ser construído em determinados lugares, cuidado ou restaurado em tantos outros. Além disso, temos pobres entre nós e também para além de nossa realidade, e estes, são os preferidos de Jesus. O trabalho diaconal, que busca a transformação da realidade social é também responsabilidade da Igreja cristã. A prática do dízimo no Antigo Testamento sempre também tinha na sua visão os pobres.
Portanto, a Igreja necessita da contribuição justa e correta de cada uma e cada um de nós. Em nossa IELCB, temos ensaiado uma contribuição como ato de gratidão e de fé, dentro de uma perspectiva e tradição bíblica. Nossos grupos de OASE apóiam-se no tripé comunhão, testemunho e serviço. Portanto, nós, mulheres, cristãs, da IECLB, somos chamadas a darmos a nossa contribuição efetiva para que também a Igreja possa manter viva a chama da fé através da pregação da Palavra de Deus e da administração dos Sacramentos, os sinais visíveis da graça de Deus. Sabemos que além da realização do trabalho mencionado, muitos outros serviços são realizados em nossas comunidades, como por exemplo: visita às pessoas, às famílias, aos doentes, trabalho com casais, culto infantil, grupos de juventude, grupos de pessoas idosas, aconselhamento pastoral, reuniões da OASE...Portanto, é tempo de voltar-se à Palavra de Deus e aprender do Antigo Testamento, lembrando que o Antigo está ligado com o Novo Testamento, e Jesus Cristo deve ser o centro de nossas práticas comunitárias.
Há muitas formas de contribuir, com tempo, talentos e também com dinheiro. Importante não fazer da palavra “dízimo” uma lei, uma regra absoluta, no sentido de exigir que cada pessoa ou família contribua com 10% de sua renda para o trabalho da Igreja. Lembremos dos profetas, não podemos cometer abusos. Para quem recebe muito, o dízimo não interfere muito na economia familiar, mas para quem ganha pouco, pode representar um peso. Já tenho presenciado, que muitas vezes, esta contribuição ao trabalho da Igreja inclusive supera os 10%.
Outra questão importante é a organização, planejamento e a correta administração do dízimo ou da contribuição em nossos grupos de OASE e comunidades. A realização de uma clara prestação de contas mensal ou anual é de fundamental importância. As pessoas encarregadas de dirigir a comunidade precisam prestar contas do dinheiro que administram e devem fazê-lo com todo zelo e a máxima transparência, sem deixar qualquer margem à dúvida. Lembrem do chamado do profeta Malaquias, ele cobrou dos sacerdotes, uma justa distribuição do dízimo. Era isto que os levitas no Antigo Testamento buscaram fazer, sempre chamando o povo de Israel de volta ao verdadeiro sentido da prática do dízimo, baseado na fidelidade a Deus, na prática da solidariedade e da justiça social. Não nos esqueçamos de que, quem administra está administrando doações, contribuições, dízimos de muitas pessoas, que entregam este dinheiro à Igreja como sinal de gratidão e reconhecimento de que ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém. Por fim lembro uma bonita oração no livro de Provérbios 30.7-9:
“Duas coisas te peço, meu Deus; não mas negues, antes que eu
morra: Afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a
pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário;
para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: “Quem
é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o
nome de Deus. Amém!”
BIBLIOGRAFIA
DREHER, Carlos A. A medida do coração: encontros bíblicos sobre dízimos, ofertas e solidariedade. São Leopoldo: CEBI/CONTEXTO, 2009. Série A Palavra na Vida, n. 260. (especialmente o estudo sobre Dízimo páginas 29-36).
LIVRO DE NEEMIAS. http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro de Neemias. Acesso dia 03 de agosto de 2011.
LIVRO DE MALAQUIAS. http://pt.wikipedia.org/wiki/Livro de Malaquias. Acesso dia 03 de agosto de 2011.
PROSPERIDADE: Posicionamento da IECLB. Porto Alegre, 19 de agosto de 2008.
REIMER, Haroldo. Sobre Economia no Antigo Israel e na Bíblia Hebraica. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 14, n. 8, p. 1371-1392, ago. 2004.
STAUDER, Eduardo Paulo. O dízimo como prática comunitária e solidária – uma leitura histórico crítica de Deuteronômio 14, 22-19. Orientador: Milton Schwantes. Data: 23.02.07. Dissertação de mestrado. Metodista: São Paulo, 2007.
STEPHEN, Daniel. Caminhos da teologia bíblica.: O significado do dizimo em Deuteronômio 14. http://dnstephen.blogspot.com/2011/01/o-significado-do-dizimo-em-deuteronômio_27.html. Acesso doa 29 de julho de 20111.
TRIANA, Pedro. Palavra para tempos de crises... Uma aproximação ao livro de Deuteronômio. Não desampararás aos mais fracos. In. www.dasp.org.br/codigos/artigos/Aproximação_Deuteronômio. Acesso dia 29 de julho de 2011.
Notas:
1 STEPHEN, Daniel. Caminhos da teologia bílbica.: O significado do dizimo em Deuteronômio 14. http://dnstephen.blogspot.com/2011/01/o-significado-do-dizimo-em-deuteronomio_27.html. Acesso dia 29 de julho de 2011.
2 REIMER, Haroldo. Sobre Economia no Antigo Israel e na Bíblia Hebraica, p. 1387.
3 REIMER, Haroldo. Sobre Economia no Antigo Israel e na Bíblia Hebraica, p. 1387.
4 TRIANA, Pedro. Palavra para tempos de crises... Uma aproximacao ao livro de Deuteronômio. Nao desampararas aos mais fracos. In. www.dasp.org.br/codigos/artigos/Aproximacao_Deuteronomio-IV.pdf .
Acesso dia 29 de julho de 2011, p. 2.
5 TRIANA, Pedro. Palavra para tempos de crises... Uma aproximacao ao livro de Deuteronômio. Nao desampararas aos mais fracos. In. www.dasp.org.br/codigos/artigos/Aproximacao_Deuteronomio-IV.pdf . Acesso dia 29 de julho de 2011, p. 2.
6 REIMER, Haroldo. Sobre Economia no Antigo Israel e na Bíblia Hebraica, p. 1387.
7 Veja dissertacao de mestrado do pastor STAUDER, Eduardo Paulo. O dízimo como prática comunitária e solidária – uma leitura histórico-crítica de Deuteronômio 14, 22-19. 115p.
8 REIMER, Haroldo. Sobre Economia no Antigo Israel e na Bíblia Hebraica, p. 1380-81.