Abrir portas! Trata-se de um gesto fraterno e solidário. Causa alegria, cria um clima de alívio e satisfação; portas abertas afastam o medo da exclusão, permitem vida em comunhão e favorecem o encontro de abrigo.
O tempo de Advento inaugurado, no domingo, dia 28 de novembro 2010, corresponde ao ato de abrir portas, porque Jesus Cristo, o Salvador, veio e vem! Este é o desafio do Advento. Quando se anuncia a chegada de Cristo, há liberdade para paradas. Advento, um tempo de pausa, para respirar novos ares. A sensação é de um verdadeiro oásis. Em meio ao vazio, ambiente de desgosto e de ameaça, sob o sol e calor causticantes, surge a oportunidade de relaxar, num espaço muito agradável e especial.
Jesus não força a abertura de portas. Ele não age de forma violenta quando se encontra diante de portas fechadas. O Salvador não aplica “pés de cabra” para forçar a abertura de portas. Jesus Cristo, o Messias prometido, não assume a postura de um governante autoritário e truculento. A sua vinda reveste-se de humildade, de renúncia, de esvaziamento próprio. Desde o princípio da sua vinda ao mundo, tão amado por Deus, o Príncipe da Paz, o Deus-Criança assume a sua humanidade; vem frágil, sem lugar confortável para nascer; seu fim, a cruz, não poderia ter sido pior. Identifica-se como pessoa humilde e entra na cidade santa Jerusalém, sentado num burrico, animal de carga.
O Cristo de Deus permanece à frente das nossas portas, na esperança que as abramos. A sua companhia e o seu serviço nos surpreendem.
Jesus valoriza a vida, ama a vida humana; seu amor e cuidado estendem-se a toda a criação! Ele não desiste da sua missão, também quando os corações permanecem duros e insensíveis.
A hierarquia humana detentora do poder e mando vive a tentação de dividir o mundo contrastando classes, raças, etnias, gêneros e culturas. Cercas e muros, valetas e paredões, instrumentos que atestam poder, afastam, trazem dificuldades, promovem a desconfiança. A realidade das portas fechadas e dos muros ameaçadores produz juízos impiedosos, estratifica a sociedade, nascem eixos de discriminação. Em conseqüência, a miséria alheia não nos toca, as condenações mútuas levam ao desespero e à violência.
Abrir as portas, derrubar cercas; eis o desafio do Advento! O exemplo e o estímulo procedem de Jesus Cristo. O céu se abriu sobre Belém. Agora, há liberdade ao arrependimento. O alimento da esperança, aperitivo de um novo futuro já estão servidos; o perdão é possível; é como a luz que irrompe na escuridão, o desamor cede espaço à prática da bondade, o perdão se sobrepõe aos conflitos e a injustiça é vencida por relações e soluções justas. No horizonte se enxerga a realidade da morte sendo vencida pelo poder da vida.
Festejar é preciso, porque a história da salvação começa com o Advento de Jesus Cristo.
Desejo um feliz e abençoado tempo de Advento.
Pastor Sinodal Manfredo Siegle