É tempo de Paixão. A lembrança nos leva à morte de Jesus Cristo. A realidade brasileira nos confronta a cada dia com atos de violência. Eles causam horror e geram sofrimento. É realidade que leva ao desespero e promove resignação.
Saúdo os leitores e as leitoras com palavras do apóstolo Paulo: Assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nosso favor, assim também a nossa consolação transborda. Tanto os testemunhos do Antigo Testamento como do judaísmo no tempo de Jesus, conhecem as facetas da realidade do sofrimento.
O mundo judaico via no sofrimento um castigo de Deus, uma prova de fidelidade a Deus. Na vida do judeu piedoso a expectativa era de seguir caminhos retos e planos, na esperança de que o sofrimento não atrapalhasse.
O Novo Testamento conhece o contrapeso. Deus se revela não como espectador diante do palco do sofrimento; ele é torturado e executado. O próprio Cristo sofreu por vocês e deixou o exemplo para que sigam nos seus passos. Tudo isso em favor do Reino de Deus. O apóstolo Paulo vangloria-se da sua fraqueza física; ouve a voz de Deus: a minha graça basta, porque o meu poder é mais forte quando estou fraco.
À medida que o cristão convive com a realidade dos seus fracassos deixa de colocar a esperança em si mesmo; coloca-a primordialmente em Deus. Os sofrimentos evocam esperanças diante da promessa do novo céu e da nova terra.
Por fim, um recado especial: a qualidade do sofrimento de Cristo é exclusiva e se diferencia do sofrimento humano. Na dimensão de resgate da morte eterna, só o sofrimento de Cristo tem poder salvador! É sofrimento que carrega o mundo todo e cria vida nova. Por isto, pessoas cristãs lutam já aqui contra a violência e o sofrimento.
Que a Paixão seja silenciosa e a Páscoa alegre!
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
O Caminho - 04/2007