Faz quatro anos que sou mãe. Aprendi muito com minha filha, Sofia Cathrine. Nestes últimos tempos tive que aprender a usar bem as palavras. Usar a palavra certa, na hora certa é um desafio, uma arte, também para nós que somos mães e educadoras. Recentemente, com a erupção da fala, surgem as muitas perguntas ávidas por desbravar o mundo. Sendo mães e educadoras somos perguntadas pelas crianças, constantemente. E as perguntas surgem nos mais diferentes momentos e lugares, dentro do carro, na rua, na cozinha, na hora do banho, num passeio de bicicleta, no quarto e até na igreja: O que é cemitério? Por que Jesus não está na cruz? Como ele desceu? O que é inveja? O que é preocupada? Como eu fui parar dentro da tua barriga? Por que as pessoas morrem? Por que os bichos não falam? E muitas outras...
Perguntas mexem com a gente, nos constrangem, nos fazem refletir sobre a vida. Diante de perguntas difíceis somos tentadas a não responder, a deixar para mais tarde, para outro momento, somos tentadas, em meio a tantos afazeres, a dar meias respostas ou a inventar uma historinha para não revelar a o sentido real das coisas e do mundo.
Como mãe sempre busquei a prática de explicar para minha filha exatamente o que ela queria saber naquele determinado momento, sem fazer grandes palestras ou explanações, porém respondendo com clareza e com verdade, sem rodeios. Pesquisas inclusive comprovaram que responder adequadamente às perguntas é importante para o desenvolvimento das crianças, em vez de simplesmente responder “porque sim”.
Fui percebendo o poder que temos em nossas mãos! Como mães, pais, educadores/as, familiares, igreja, temos o poder de nomear, explicar, falar claramente, moldar o mundo de um ser que começa a descobrir e explorar a realidade que a cerca. Que mágico é este poder. E quão cruel pode ser quando usado erroneamente, dando explicações vazias como: sei lá, outra hora eu falo, não tenho tempo, isso não é da sua conta, vai brincar, você é muito pequena para saber disso!
Se nós como mães e educadoras não dermos respostas para as tantas perguntas que surgem na cabeça de nossas filhas e filhos, quem o fará? Como o dirá? De que forma o explicará?
Educação ocorre por meio de gestos, atitudes e também por palavras. Quando formos perguntadas, instigadas pela curiosidade de um ser que começa a desbravar o mundo, respeitemos seu desejo, sua sede de conhecer e saber e façamos uso da palavra com amor, carinho, atenção e compreensão, na certeza de que aquela explicação, aquela resposta preencherá um vazio e orientará um passo a mais no caminho da vida.
Jesus Cristo, ao dizer “deixai vir a mim os pequeninos” quis que as crianças fossem tratadas com respeito, com dignidade e amor em todos os momentos, especialmente quando começam a fazer tantas perguntas que exigem respostas claras, objetivas, dadas com compreensão e cuidado. Palavras têm poder para moldar e fazer crescer ou para deixar marcas de não aceitação, intolerância, impaciência e indignação. Vanessa da Mata na canção “As Palavras” afirma: “As palavras fogem, se você deixar o impacto é grande demais. Cidades inteiras nascem a partir daí. Violentam, enlouquecem ou me fazem dormir. Adoecem, curam ou me dão limites. Vá com carinho no que vai dizer”.
Nas deliciosas e impactantes perguntas que nossas pequeninas crianças nos fazem lembremos o exemplo de Jesus que tirou um tempo para acolhê-las, conversando, olhando nos olhos, afagando e abençoando-as para a vida, onde se desenvolvem no corpo, na alma e no espírito.
Que Deus nos ilumine para usar bem as palavras e gestos de atenção e carinho na educação das crianças, explicando e orientando com amor! As crianças agradecem!