Se o perigo tão temido está perto, temos mais medo. Quanto mais nos afastamos do local ou da proximidade do perigo, mais tranquilos ficamos. E o medo nos deixa. Se está próximo o socorro tão esperado, nos acalmamos. Quanto mais longe ele está, mais sofremos com a demora.
Assim somos. Queremos estar próximo ao que é bom, alegre, animador, bonito. E, na maior parte do tempo, fazemos de tudo para nos afastar de algo que possa nos impor perigo, medo, pavor. São orientações que nos acompanham desde os primeiros passos na vida. Cedo ficamos sabendo de onde podemos nos aproximar e de onde devemos manter distância.
O texto do profeta Jeremias é fala de Deus contra líderes: governantes e profetas falsos, que contam sonhos, em vez da mensagem de Deus. Inventam coisas que Ele não ordenou. Escondem a realidade quando dizem: “Tudo vai bem!” Deus diz: “Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o Senhor, e não também de longe?”
Não consigo deixar de relacionar esta Palavra de Deus com a situação das eleições municipais deste ano. A começar pela hipocrisia das orações que Deus precisa escutar de candidatos/as e seus cabos eleitorais! Aqui todos/as querem estar perto de Deus.
Se penso, então, no comércio de votos na semana que antecede o pleito, lembro a frase que ouvi muitas vezes de minha mãe: “Deus tá vendo!” Nesse momento, candidatos e eleitores querem estar longe de Deus! Torcem para Ele ser míope.
Enquanto aceitamos tudo isso como normal, engrossamos as fileiras dos mesmos líderes e profetas do tempo de Jeremias, que pensavam possuir um deus domesticado. Quando necessário nos dirigimos a ele. Caso contrário, nos afastamos dele e praticamos o que bem entendemos.
Esconder-se de Deus, isso dá certo? Para cristãos, não! Pois cremos na onipresença divina e eterna. Deus, criador, preenche o universo. Para mim, isso basta! Aqui não há mais longe nem perto.