Ecce home, eis aí o homem! As palavras foram proferidas por Pilatos, governador romano. Impossibilitado de conter as multidões que clamavam: crucifica-o, crucifica-o. Pilatos lava as suas mãos e entrega o Filho de Deus às mãos dos assassinos. O sacerdote Caifás dizia: é melhor que morra apenas um homem pelo povo do que deixar que o país todo seja destruído.
Estamos em plena Quaresma. O tempo litúrgico é de arrependimento, de silêncio e de meditação, o tempo é de luto. Recordamos e celebramos a morte salvadora do Filho de Deus. A realidade da morte nos acompanha a cada dia. A violência que conduz á tortrua e à morte são evidências de quanto a vida humana experimenta o menosprezo e o quanto ela é bagatelizada.
Quem anda nas ruas e avenidas das cidades ou viaja nas rodovias do país é testemunha de muitas cruzes e de outros sinais revelando morte, dor, sofrimento e saudade. Pessoas concretas morrem a caminho do trabalho, da festa, morrem a caminho do supermercado. Não alcançam a meta de chegada. E Jesus segue ao Gólgota para sofrer a morte vexatória na cruz. É Quaresma, tempo de recordação da morte do Filho de Deus. Ecce homo, eis aí o homem! Quem matou Jesus? Quem foram os seus assassinos? Buscando respostas, vejamos:
1) Os judeus são acusados de serem os responsáveis pela sua condenação: Diante da condenação eminente de Cristo de Deus gritavam: crucifica-o, crucifica-o.
2) Mas também os romanos são considerados assassinos do Filho de Deus. Viam em Jesus uma ameaça á manutenção do poder. O inimigo merece a imposição de um castigo e precisa se condenado à morte.
3) Os ricos e poderosos são arrolados nos evangelhos sendo co-responsáveis da morte de Jesus. Eles tinham as suas dificuldades com o menino - nascido pobre em Belém, cuja solidariedade para os que nada tinham eram notícias. Vocês não podem servir a Deus e às riquezas, ensinava o Cristo. E o apóstolo Paulo afirma: se os poderosos tivessem conhecido a sabedoria de Deus, jamais teriam crucificado o Senhor da glória.
4) Seria o próprio Deus, conivente com a morte do amado Filho? Jesus ensinava e dizia: O Filho do homem terá de saber muito. Será morto e, três dias depois, ressuscitará.
5) E nós? O Evangelho anuncia que Cristo, homem sem pecado, morreria em lugar dos pecadores, sua morte aconteceria em nosso favor e por causa de nós, pessoas humanas marcadas pelo poder do pecado. Deduzimos que também nós assumimos culpa diante da cruz.
O testemunho deixado pelo apóstolo Pulo é consolador e animador: De fato, a mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que estão se perdendo; mas para nós, que estamos sendo salvos é o poder de Deus.
Manfredo Siegle
pastor sinodal do Sínodo Norte-catarinense
da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB)
em Joinville - SC
Diocese Informa - 04/2007