Será que realmente conhecemos as pessoas com quem convivemos? Esta é uma pergunta que nos acompanha na vida familiar, no trabalho e também no lazer. Poderíamos ainda acrescentar outro questionamento: será que nos deixamos conhecer completamente?
Para conhecermos uma pessoa verdadeiramente é necessária a transparência. O contrário seria viver na falsidade. O livro de Levíticos, no Antigo Testamento, lembra: “Não furtareis, nem mentireis, nem usareis de falsidade cada um com o seu próximo.” (Lv 19.11)
A transparência traz a verdade, a lucidez e a confiança, e é fruto da simplicidade e da lealdade. Conforme Jesus Cristo, a verdade é capaz de nos libertar (João 8.32). Libertar de quê? Libertar da própria falsidade, de egoísmo, preconceito e tantos outros frutos do maligno. Assim também atestam as Sagradas Escrituras: “O lábio da verdade dura para sempre, mas a língua da falsidade dura por um só momento.” (Provérbios 12.19)
Jesus sempre agiu com total transparência. Ele é o exemplo da verdade. Cristo dizia o que realmente pensava, sem intermediários. E mais: valorizava as pessoas como realmente eram, sem fazer pré-julgamentos, muitas vezes questionando aqueles que se julgavam acima de tudo e todos.
Para ilustrar este tema, vejamos uma pequena fábula. Num reino distante, um mestre tinha vários discípulos. Viviam em união, procurando estar juntos na tristeza e na alegria. Todos menos um, que vivia mais bêbado do que sóbrio. O tempo passou e o mestre foi envelhecendo; alguns dos alunos mais virtuosos começaram, então, a discutir sobre quem seria o novo líder do grupo, aquele que receberia os segredos ocultos da tradição.
Na véspera da morte do mestre, ele chamou o discípulo que sempre andava bêbado e lhe transmitiu os segredos da tradição. No mesmo momento, uma verdadeira revolta tomou conta dos demais discípulos. “Que vergonha! Sacrificamos-nos por um mestre errado, que não sabe ver nossas qualidades.” – comentavam entre si.
Escutando a confusão, o mestre, agonizando em seu leito, comentou: “Eu passei os segredos da tradição para um homem que eu realmente conheço bem. Todos vocês são virtuosos e têm me mostrado apenas suas qualidades. Isso é perigoso: a virtude muitas vezes serve apenas para esconder o orgulho e a intolerância. Por isso, escolhi o único discípulo que eu conheço realmente, já que ele tem demonstrado também seu defeito e tem consciência do que precisa melhorar.”
Transparência é um dos sinais do Reino de Deus. Que possamos trilhar por este caminho. Pense nisto e reflita com coração e mente.