Um dos temas importantes discutidos na 10ª Assembléia da Federação Luterana Mundial (FLM), em julho de 2003, foi Justiça e Cura nas Famílias. Para as delegadas e os delegados das igrejas-membro da FLM participantes da assembléia, que se reuniu sob o tema geral Para a Cura do Mundo, este tópico foi objeto de vários e intensos debates em sessões plenárias.
Num mundo em constante mudança, a integridade da família, como um espaço de amor, educa-ção e segurança, se vê continuamente desafiada e, amiúde, experimenta as conseqüências destrui-doras da violência, da doença, do impacto da pobreza, do abuso de álcool e drogas, e da mudança dos padrões que regem a nossa vida em comunidade. No âmbito da nossa comunhão global, se entende a família e sua composição de formas muito distintas, que obedecem a diferentes tabús e práticas culturais. Neste contexto, o desafio consiste em buscar a justiça e a cura, com a tolerância e o respeito devidos.
A assembléia discutiu exaustivamente as realidades cambiantes e a maneira como afetam família, o gênero e a sexualidade no mundo contemporâneo. A tensão que surgiu na assembléia, ao consi-derar as diferentes formas de família, aumentou quando se passou a abordar o tema da homosse-xualidade e a atitude das igrejas para com pessoas homossexuais. De fato, trata-se de uma temáti-ca complexa, que implica dimensões éticas relacionadas com a cultura, a antropologia e a espiri-tualidade. Como somos uma comunhão de igrejas, e por isso interdependentes, nenhuma igreja-membro pode ignorar a questão ou considerá-la encerrada (de uma forma ou de outra) enquanto outras igrejas-membro ainda se debatem com ela.
Por esta razão as pessoas participantes da assembléia se comprometeram com a causa e concla-maram as igrejas-membro para que, como elas, se comprometessem a “se encorajarem e apoiarem mutuamente para
a) o estudo e o diálogo respeitoso sobre questões do matrimônio, da família e da sexualidade humana, numa forma adequada às necessidades de cada igreja-membro, e
b) a defesa dos direitos humanos e da dignidade de todo ser humano sem distinção de gênero e orientação sexual”.