“entristecidos, mas sempre alegres; pobres
mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”.
2 Coríntios 6.10
O dia 10 de junho passado marcou o Dia da Ministra e do Ministro do evangelho na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB). Dia de reflexão e de renovação do chamado que atingiu principalmente jovens que foram capturados pelo sopro do Espírito para servir ao evangelho na igreja e na sociedade. Dia que nos fez bem, pois colocou-nos diante do reconhecimento de nosso esforço e luta pela vida autêntica, que encontramos no evangelho do reino ou reinado de Deus, centro da pregação de Jesus.
Neste domingo a pregação nos remete a um comentário do apóstolo Paulo escrito à sua amada comunidade de Corinto a respeito do seu ministério. Ocorre que em 2 Coríntios 6.4ss não temos apenas loas e atestado de sucesso. Pelo contrário, Paulo mostra, com seu dom de desafiar para além das aparências, em que consiste o seu ministério – e se o escutarmos – também o nosso. Ele afirma que somos “cooperadores de Deus” e como tal desafiados a assumir o “tempo oportuno” (kairós, em grego) para anunciar a salvação. Que salvação? Aquela que recebemos pela graça de Deus – a liberdade para a qual Cristo nos libertou – e que nos engaja em uma nova vida já agora em meio ao caos dos nossos dias. Vencendo qualquer possibilidade de criar escândalos (quais as tentações que mais atacam quem serve ao evangelho hoje?), Paulo adverte com sabedoria. Esta advertência mostra o que significa tornar-se “cooperadora ou cooperador de Deus”, “para que o ministério não seja censurado” (v. 3). Vale, pois, ler com atenção o texto, que fala por si e nem precisa ser “atualizado” (v. 4-10):
“Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder das armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama; como enganadores, e sendo verdadeiros; como desconhecidos e entretanto bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e contudo eis que vivemos; como castigados, porém, não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos, nada tendo, mas possuindo tudo”.
A colega pastora e mestra Iára Mueller escreveu um poema alusivo a esse dia em que alude aos desafios atuais do ministério, alenta a esperança e encoraja a nossa vocação. E termina de forma muito confiante: “Com medo, às vezes,/ Sob pressão de todos os lados,/ Fraca(o), diante das adversidades./ A injustiça me abala e me ofusca,/ A impotência me paralisa./ Por isso, clamo novamente: renova-me no esconderijo de tuas asas!/ Então, sinto tuas asas reconfortantes sobre mim,/ A coragem reacende,/ A letargia se dissipa/ e eu me re-conheço em Ti!/ Porque teu amor é suave, melodioso como o canto de um pássaro!” Que este amor nos sustente hoje e amanhã!