“Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo” (2 Coríntios 5.17)
Todas as pessoas têm algum tipo de documento de identidade como, por exemplo, o RG, ou, no caso de crianças, uma certidão de nascimento. O documento de identidade contém algumas informações que identificam a pessoa, como, por exemplo, seu nome, o nome de seus pais, sua data e local de nascimento. A igreja também tem uma carteira de identidade. O “documento de identidade” da igreja é Jesus Cristo, quem morreu na cruz e foi levantado dentre os mortos. Não que ele seja literalmente um documento, mas Jesus certamente é a pessoa que confere sua identidade à igreja. Quem confessa Jesus como seu Senhor e Salvador, carrega consigo o nome de cristão, faz parte da família cristã e sua história pessoal está entrelaçada com a história da igreja. Nele somos uma nova pessoa.
É certo que em cada culto, quando a família cristã se reúne para ouvir as Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus quer anunciar à igreja que sua identidade está firmada em Jesus Cristo. Entre todos os cultos do ano, a semana de Páscoa se destaca porque na Sexta-feira da Paixão e no Domingo de Páscoa recordamos dois momentos extremamente importantes na vida da Jesus, que sustentam a identidade da igreja.
Por um lado, sua morte na cruz. Pela cruz reconhecemos que o pecado – o nosso pecado - nos afasta de Deus. E não há nada que possamos fazer, por nossas próprias forças, para reconstruir a comunhão com Deus. O ser humano, buscando sua salvação por forças próprias, é como uma pessoa querendo subir uma escada rolante bem comprida que está descendo. Ele se esforça para subir, mas, acabando-lhe as forças, a escada sempre leva a pessoa de volta para baixo. A pessoa simplesmente não consegue subir. Por esta razão, Deus, em seu infinito amor, desce até nós através de Jesus, enviando-o para morrer na cruz. A cruz da sexta-feira da Paixão anuncia a nossa carência e as nossas limitações. É somente através da morte de Jesus que nos é concedida a reconciliação com Deus.
Por outro lado, a Ressurreição de Jesus proclama que nele existe a possibilidade real de uma nova vida. Como nos escreve o apóstolo, “acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo”. A nova vida em Cristo nos convida a revermos as prioridades e o sentido da nossa vida. A nova vida em Cristo nos motiva a não pensar somente no meu próprio interesse, mas nos anima a se ocupar com o bem-estar do nosso próximo. Porque recebemos de Cristo seu perdão, podemos buscar a reconciliação com as pessoas em vez de carregar sentimentos destrutivos como mágoas, ressentimentos ou ódio. A nova vida em Cristo nos move a olhar para o sofrimento das pessoas ao nosso redor, e lhes estender um gesto de solidariedade, como um abraço, uma oração, ou ouvidos abertos para acolher um desabafo. A nova vida em Cristo nos chama para participarmos na missão de Deus no mundo, compartilhando o pão com quem está faminto, onde possível promovendo políticas públicas que beneficiam toda a sociedade e certamente anunciando a Palavra de Deus a todo o tempo, se necessário usando palavras.
As possibilidades de se viver a nova vida em Cristo são muitas. Importante como igreja, como pessoa cristã, é relembrar todos os dias a nossa nova identidade em Cristo, buscando orientação na sua Palavra para avaliar nossas atitudes, sentimentos e pensamentos, se arrepender naquilo que clama por transformação, e caminhar junto com a família cristã, seguindo Jesus Cristo. Porque em Cristo tudo se fez novo. Que possamos crer e viver a partir da nova vida que ele nos dá.