Juventude Evangélica



ID: 2770

Protagonismo que transforma

Palavr@ção 3

01/05/2013

 

 

PALAVR@ÇÃO on-line 3

Protagonismo que transforma

 

 

Expediente
PALAVRAÇÃO é uma publicação da IECLB – Secretaria de Formação
Postagem: Portal Luteranos – Maio de 2013
Colaboração: Conselho Nacional da Juventude Evangélica (CONAJE)
Projeto Gráfico: Artur Sanfelice Nunes
Revisão Ortográfica: Luíz M. Sander
Coordenação: P. Antonio Carlos Oliveira
Contato: secretariageral@ieclb.org.br



PALAVR@ÇÃO com uma cara nova e agora em formato digital. Este é um material destinado às pessoas que orientam os trabalhos com grupos de jovens na IECLB. Cada estudo está dividido em duas partes, uma teórica (PALAVRA) e outra prática (AÇÃO). Dessa forma, a metodologia conecta a reflexão sobre um assunto importante com sugestões para as atividades da juventude.

Palavra

Oferece uma reflexão a respeito do tema proposto. Dessa maneira, você terá acesso a um subsídio que pode auxiliar o preparo do estudo desta temática.

Ação

Apresenta sugestões de dinâmicas e atividades para o estudo. Você pode adaptá-las e complementá-las para melhor atender a realidade e as necessidades do grupo de jovens.



PALAVRA 

Pastora Marcia Blasi

Cinco jovens reivindicam seus direitos

Segundo o relato de Números 27.1ss., Zelofeade e sua esposa geraram cinco filhas. Elas se chamavam Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza. A família caminhava pelo deserto com Moisés, rumo à terra prometida.

Ainda no caminho, o pai das jovens morreu sem deixar nenhum descendente homem, ou seja, nenhum filho. A lei da época dizia que a herança passava do pai para os filhos homens. No caso de não haver filhos, a lei previa que as terras do pai seriam entregues a seus parentes, deixando a viúva (caso ainda fosse viva) e as filhas mulheres sem terra e sem teto. 

As cinco jovens conhecem a lei, mas não se conformam com o que ela prevê. Por isso falam com Moisés, com o sacerdote Eleazar, com as autoridades e com todo o povo na entrada da Tenda Sagrada.

O nosso pai morreu no deserto e não deixou filhos homens ... Não é justo que o nome do nosso pai desapareça do meio do seu grupo de famílias só porque não teve nenhum filho homem. Dê uma propriedade para nós entre os parentes do nosso pai (vv. 3-4).

Moisés não sabe muito bem o que fazer, mas leva a sério o pedido das jovens. Ele coloca a situação perante Deus e Deus responde:

O que as filhas de Zelofeade estão pedindo é justo. ... A herança do pai deve passar para elas (v. 7).

Através dessas palavras, Deus abole a lei discriminatória e garante o direito das filhas. Muito tempo depois, ainda havia leis que valorizavam mais os homens do que as mulheres. Jesus se posicionou contra essas leis e em favor da justiça. Veja a história da filha de Jairo (Lc 8.49-56), a cura da mulher que andava encurvada (Lc 13.10-17), a cura da filha da mulher estrangeira (Mc 7.24-30).

Voltemos para nossa história. Quem eram essas moças? Pouco sabemos delas, mas certamente eram bastante jovens. Os costumes e a tradição diziam que as jovens casavam cedo, muitas vezes com pretendentes arranjados por acordos entre as famílias. Isso tudo torna o acontecido muito mais interessante: cinco jovens enfrentam as leis e as autoridades e reivindicam seus direitos. A partir dessa decisão, elas acabam recebendo uma parte da terra que era destinada ao seu pai na terra prometida.

Com a atitude de reivindicar suas terras, as jovens desafiaram não somente a lei vigente, mas também protagonizaram a mudança da lei. A partir deste pedido, Deus dá uma nova lei ao povo:

Diga ao povo de Israel que, quando um homem morrer sem deixar um filho homem, a filha deverá herdar a propriedade dele (v. 8).

Essa mudança na lei não é exatamente o que nós, atualmente, consideramos igualdade de direitos, mas, para uma época em que as mulheres praticamente não tinham nenhum direito como indivíduos, essa mudança foi bastante significativa. Através dela, Deus se posiciona a favor das mulheres na família, dando-lhes o direito de ter propriedade, mesmo que seja em último lugar.

Nós raramente ouvimos a história dessas jovens hoje. Elas e sua história foram esquecidas.

Depois que o povo povoou a terra de Israel, eles se esqueceram de Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza. Esqueceram-se de como as filhas de Zelofeade tinham falado com Deus e ajudado a fazer uma nova lei para todo o povo. Mas Deus se lembrou das filhas de Zelofeade, sua coragem e sua oração (Sandy Eisenberg Sasso).

Deus se lembrou das jovens e se lembra de todas as pessoas que, com coragem e ousadia, desafiam as leis injustas e reivindicam justiça e igualdade de direitos e deveres.

A luta por direitos e oportunidades iguais continua

Como IECLB, fazemos parte de uma comunhão, chamada Federação Luterana Mundial (FLM), que se esforça e trabalha para acabar com a discriminação contra as mulheres. Há anos estamos buscando, refletindo e implementando políticas justas. Mas não se pode negar que ainda temos um longo caminho pela frente. Em nossa sociedade e igreja, ainda há discriminação por causa de gênero, idade, cor, habilidades, classe social. Precisamos, em conjunto, lutar contra todas as coisas que separam e prejudicam pessoas. Nessa luta por transformação, a juventude tem papel de protagonista.

Bibliografia:

SASSO, Sandy Eisenberg. But God Remembered: Stories of Women from Creation to the Promised Land. Woodstock: Jewish Lights Publishing, 1995.


Quer saber mais?

Dica de Livro

- LOPEZ SALAMERO, Nunila. A cinderela mudou de ideia. Ed. Planeta, 2010. Esta Cinderela decide ter uma vida diferente daquela descrita no conto de fadas. Ela rompe com os estereótipos e toma conta de sua própria história.

Dica de Filmes

- Gracie. Ano: 2007; Gênero: Drama/Esporte. Direção: Davis Guggenheim. Duração: 95 min. Conta a história de uma jovem que é apaixonada por futebol e, com sua determinação, ajuda a mudar as regras sobre quem pode participar do time.

- Chocolat. Ano: 2000; Gênero: Drama/Comédia. Direção: Lasse Hallström. Duração: 121 min. Uma pequena cidade é abalada com a chegada de uma pessoa “diferente”. Valores são questionados, o papel da fé é revisto.


 

AÇÃO

Teóloga Janaina Hübner

Proposta de encontro: Superando os limites invisíveis

Leitura de Números 27.1-11

Macla, Noa, Hogla, Milca e Tirza foram corajosas ao exigir diante de Moisés e das autoridades de seu povo a herança da propriedade que pertencia ao pai delas, que havia falecido. Elas reivindicaram um direito que, naquele momento, era restrito aos homens. O texto bíblico relata que Moisés, ao consultar a Deus, ouviu como resposta que o pedido das filhas de Zelofeade era justo. Esse direito passou a valer, a partir de então, para todas as mulheres em Israel.

Impulsos para meditação: 

• Atualmente, quais são as situações em que existe desigualdade de direitos entre homens e mulheres?
• O que podemos aprender com o exemplo destas jovens em Nm 27.1-11?

Dinâmica: Histórias de vida

Objetivo: Fazer uma reflexão sobre as diferenças no conceito de sexo e gênero, analisando como, a partir das características biológicas, tende-se a construir histórias de vida diferentes para homens e mulheres.

Materiais necessários: bola; quadro para escrever ou folhas de papel; giz ou canetas hidrocor.

Desenvolvimento

1. Explique ao grupo que vamos construir a história da vida de duas pessoas imaginárias: Joana e João. 

2. Peça que uma pessoa do grupo anote no quadro ou nas folhas o que for falado pelo grupo durante a construção das histórias. Isso será importante na discussão posterior.

3. Vamos começar com Joana. Entregue a bola para uma pessoa do grupo. Esta terá que arremessá-la rapidamente para outra pessoa, que terá de dizer algo sobre a vida de Joana, passando-a depois a outra que ainda não tenha falado, e assim sucessivamente até que todas as pessoas tenham contribuído para a construção da história de vida de Joana com as suas várias etapas, aspirações, condições de vida, sucessos ou frustrações.

4. Repita o mesmo procedimento para a construção da história de vida de João.

5. Por fim, resuma as histórias e incentive o debate sobre as suas diferenças, analisando os papéis sociais de gênero atribuídos a Joana e a João.

- Questione até que ponto as histórias de vida construídas para Joana e João correspondem aos papéis tradicionalmente atribuídos por nossa sociedade a homens e mulheres.

- Reflita com o grupo sobre o conceito de gênero e as suas implicações para homens e mulheres.

- Peça ao grupo que aponte maneiras de superar divisões, preconceitos e desigualdades entre homens e mulheres.

Observações: A bola ajuda a fazer com que o exercício seja mais enérgico e as pessoas respondam mais espontaneamente, dizendo a primeira coisa lhes vêm à cabeça. Para não se perder a espontaneidade nem o ritmo da atividade, se o grupo for grande, ele pode ser dividido em dois subgrupos e cada subgrupo cria uma das histórias de vida, um a de Joana e outro a de João.

Proposta de atividade: Mapa dos caminhos da justiça

Objetivo: Realizar um mapeamento das instituições que defendem os direitos das mulheres e compartilhar essas informações com a comunidade.
Primeiro passo: Desafie o grupo de jovens a mapear na cidade e região os locais e instituições que ajudam a proteger e promover os direitos das mulheres (Delegacia da Mulher, ONGs e grupos independentes). Estas informações podem ser buscadas nos registros da Secretaria de Assistência Social da prefeitura do seu município e também na internet. Então, motive o grupo para visitar alguns desses locais e coletar casos e estatísticas de violação dos direitos das mulheres.

Segundo passo: A partir dessa experiência, você pode sugerir que o grupo prepare um encontro com o grupo de mulheres da sua comunidade e apresente as suas descobertas sobre esse assunto. Se for o caso, o grupo de jovens pode convidar representantes destas instituições para trazerem orientações e darem outras explicações a respeito desta temática de gênero e dos direitos das mulheres.

Bibliografia

- Kit Pedagógico sobre Gênero e Juventude / Educação não formal para o mainstreaming de gênero na área da juventude. 2010. Disponível em: http://redejovensigualdade.org.pt/drupal/


E importante entender que: 

“Quando falamos de sexo referimo-nos às diferenças biológicas, características de mulheres ou de homens, que são universais, e não se alteram de sociedade para sociedade.” Por exemplo: órgãos reprodutores, hormônios, forma dos músculos, etc.

“Quando falamos de gênero referimo-nos aos atributos sociais, aos papéis, às tarefas, às funções, aos deveres, às responsabilidades, aos poderes, aos interesses, às expectativas e necessidades que socialmente se relacionam com o fato de ser menino ou homem ou de ser menina ou mulher numa determinada sociedade e época. O gênero é uma construção social do masculino e do feminino e da relação entre os sexos. É uma definição de feminilidade e de masculinidade, e da relação entre estes dois conceitos, que é específica de uma dada cultura e, por isso, varia no tempo e no espaço.” Exemplo: vestimentas, acessórios, cores que pode ou não gostar e usar, profissões, papéis de poder na família e na sociedade, jeitos, com quem pode falar, como falar, etc.

Fonte: http://redejovensigualdade.org.pt/drupal/

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ARQUIVOS PARA DOWNLOAD
Palavr@ção 3.pdf


Autor(a): Marcia Blasi e Janaina Hübner
Âmbito: IECLB
Área: Missão / Nível: Missão - Jovens
Área: Missão / Nível: Missão - Formação / Subnível: Missão - Formação - Educação Cristã / Organismo: Juventude Evangélica - JE
Testamento: Antigo / Livro: Números / Capitulo: 27 / Versículo Inicial: 1 / Versículo Final: 11
Natureza do Texto: Educação
ID: 20816
O verdadeiro cristão não vive na terra para si próprio, mas para o próximo e lhe serve.
Martim Lutero
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