História do povo evangélico luterano


ID: 2927

O Sino da Comunidade Evangélica Luterana de Erval Seco - RS

24/11/2019

Erval Seco Igreja pintada 27 setem 2019.
Nossa Igreja em Erval Seco
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No dia 24 de novembro de 2019 o sino da Comunidade Evangélica Luterana completou 70 anos da sua instalação. A existência desse sino se deve a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) que desde a sua fundação, um ano antes, se empenhou realizando campanhas, rifas, chás e pedindo contribuições dos membros na cidade, no interior e até em cidades como Panambi, em favor dessa aquisição.

 Houve quem entendesse que havia coisas mais importantes a serem feitas, a própria casa pastoral era precaríssima, mas as mulheres da OASE estavam determinadas alegando que além de o sino ser um importante meio de comunicação, uma verdadeira comunidade tinha que ter um sino e pronto.

E o tempo lhes deu razão. Porque num mundo sem rádio, sem TV, sem telefone e claro, sem internet, um sino constituiu-se no meio mais rápido e eficaz de comunicação com os membros da comunidade.

Tradicionalmente o sino bate três vezes ao dia: manhã, meio dia e final da tarde. Também bate para chamar os membros para os cultos. Assim, quando o sino bate às 17,00 h de sábado, está comunicando que haverá culto à noite ou no domingo. E uma hora antes do início do culto faz mais uma chamada. E, finalmente, ½ h antes faz o derradeiro chamado. Isso para que ninguém possa dizer: teve culto e ninguém me avisou... É por meio do sino também que a comunidade é informada do falecimento de um(a) membro(a) e se contarmos as badaladas saberemos quantos anos o(a) finado(a) alcançou. E também avisa, às 13,00 h, quando há encontro da OASE. Por tradição, o sino também é badalado à meia noite nas viradas do ano. E também já foi usado para chamar a atenção das pessoas sobre algum fato extraordinário, um incêndio, por exemplo. Ou a morte do Tancredo Neves na noite de 21 de abril de 1985, quando, mais por impulso, junto com meu compadre, o P. Zeca (Pastor Leonídio Gaede), achamos que tínhamos de bater o sino às 21,00 h.

Bem, reunido o dinheiro, o sino foi comprado. Há informações de que a firma vendedora era de P. Alegre, Bromberg e Cia. Mas a fabricação é de uma indústria de Garibaldi-RS, e a marca é São Bento. O peso estimado é de 20 a 30 arrobas. Foi transportado pelo caminhoneiro Ervino Schmidt que o guardou no seu armazém até que o campanário estivesse pronto. Depois, do armazém até o pátio da igreja o transporte foi feito de carroça pelo membro Otto Laabs. E aí aconteceu um fato significativo que ilustra bem o quanto o sino era aguardado: a carroça foi toda enfeitada e ornamentada com flores e folhas de palmeira e acompanhada em procissão pela comunidade. Dizem que de vez em quando alguém dava uma batida no sino para chamar a atenção das pessoas. Tempos depois fizeram um reforço nas estruturas e o colocaram na torre da igreja. Curiosamente, o primeiro falecimento anunciado pelo novo sino, no dia 26 de abril de 1950, foi a do senhor Otto Laabs...

No dia da inauguração houve festa. Os padrinhos e madrinhas foram os(as) que ofereceram maior donativo em espécie e tiveram o direito de badalar o sino pela primeira vez: Benno Geib, o presidente da comunidade e Reinholdo Sturzbecher e Erna Koche, a presidente da OASE, e Sibila Luersen Depois qualquer pessoa, mediante o pagamento de uma pequena taxa, podia também bater o sino. Dizem que as primeiras badaladas ocorreram logo cedo, após o culto e não pararam mais durante o resto do dia. D. Melita Wilsmann, testemunha viva desses acontecimentos, relata que puxou poucas vezes a corda porque estava grávida do Helvino, que nasceria em janeiro, e tinha medo de que o esforço poderia precipitar as coisas. Já a D. Herta não teve esses cuidados, porque a sua gravidez ainda estava no início e seu filho, que hoje conta essas histórias, só nasceria em junho.
Nelson Luersen
 


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