Mateus 9.35-10.8
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai/Mae e a comunhão do Espírito Santo estejam conosco. Amém.
O texto que acabamos de ouvir nos quer dizer como Jesus gostaria que fosse a sua Comunidade/Igreja. Sim, a igreja é de Jesus. Ele é o Senhor da Igreja.
A nossa igreja/a – IECLB e a nossa comunidade Igreja de Cristo pertencem a Jesus Cristo. Por isso, o texto bíblico de hoje quer nos mostrar como Jesus gostaria que fosse a sua comunidade.
O texto começa dizendo que Jesus andava visitando todas as cidades e povoados (v.35). Visitar e conhecer a realidade na qual a Comunidade cristã está inserida é muito importante. É preciso estar atento para ouvir, olhar, observar. Saber escutar, olhar e observar é fundamental para contextualizar o Evangelho. Pois, os dramas humanos dificilmente vêm à tona quando as pessoas estão fora de seu ambiente vital. É no seu ambiente vital que se revela quem a pessoa realmente é e quais as carências que ela possui.
Jesus quando visitava as cidades e povoados ele observava a realidade das pessoas. Ele se interessava pela vida das pessoas. E foi assim que ele viu quanto sofrimento, quanta doença, quanta gente esmorecida e caída, quanta gente perdida e desamparada que parecem “ovelhas sem pastor”. Ovelhas sem pastor ficam desnorteadas, se dispersam e se tornam presas fáceis de animais vorazes.
Ao observar essas pessoas, Jesus passa a sentir o que elas sentem. Jesus se enche de compaixão. Compadecer-se é a capacidade de reconhecer a miséria e a dor do outro e a solidarizar-se com ele. Jesus percebe que tem muitas pessoas que são uma imagem desfigurada de Deus. Pessoas entregues ao sofrimento, a mendicância, à pobreza, vítimas do preconceito religioso e social.
Jesus não se conforma com essa situação e diz que seus discípulos devem trabalhar pela transformação. Por isso ele diz: há muito trabalho por fazer e pouca gente para trabalhar. Peçam a Deus que mande mais trabalhadores.
Isso quer dizer que quem crê em Jesus deve também colocar suas mãos à serviço de Jesus. Os ministros(as) e as lideranças da igreja -e cada pessoa batizada -nunca deve esquecer que devemos trabalhar para o Reino de Deus.
O apóstolo Paulo nos diz em Romanos 5.1-8 que uma pessoa justificada pela graça de Deus deve viver de uma maneira diferente. Ela não precisa mais se preocupar tanto com ela mesma, pois ela está sob o cuidado de Deus. O Espírito Santo, escreve Paulo, derrama em nosso coração a certeza do amor de Deus por nós. No entanto, se nós estamos sob o cuidado de Deus, Jesus quer que tenhamos a mesma atitude de cuidar uns dos outros. Jesus espera que nossas atitudes no dia a dia tenham como objetivo ser pequenos sinais do Reino de Deus. Muitas vezes Jesus nos coloca em realidades complicadas, situações que estão muito fora da vontade de Deus, porque é nesses lugares que Jesus precisa de trabalhadores que ajudem a transformar essa realidade.
Uma das tarefas da pessoa de fé em Jesus é ser alguém comprometido e empenhado na construção de sinais do Reino de Deus nesse mundo.
O Evangelho nos trouxe hoje o nome dos 12 discípulos. Discípulos são seguidores e apóstolos são enviados. Jesus transforma seus discípulos em apóstolos. Nessa lista podemos ver que tinha gente de diferentes profissões e classes sociais. Pedro e André eram pescadores – o que no tempo de Jesus era um negócio altamente rentável. O principal alimento das pessoas não era o churrasco, nem a carne de porco, nem de frango – o principal alimento era o peixe. Tiago e João eram filhos de Zebedeu, o outro Tiago era filho de Alfeu – ou seja famílias conhecidas e respeitadas.
Tinha gente que era funcionário público, como o Mateus (cobrador de impostos). O outro Tiago era nacionalista, ou seja, um opositor ao governo romano e Judas Iscariotes (é o único que tem nome e sobrenome – o que parece indicar que foi uma pessoa que não vem de família famosa, mas alguém que construiu seu próprio nome).
Essa diversidade de pessoas nos mostra que os seguidores(as) de Jesus podem ser pessoas de classes sociais diferentes, de opiniões políticas diferentes, de famílias tradicionais ou gente que construiu seu próprio nome. A diversidade não é o problema quando todos sabem qual é a tarefa que Jesus espera deles (trabalhar para o Reino de Deus) – olhar e ajudar as pessoas em seu sofrimento.
Portanto, pessoas de fé em Jesus devem sempre se perguntar:
- Onde Jesus quer que eu o sirva? De que maneira Jesus precisa de mim? Minha vida é um reflexo da vontade de meu Senhor e Salvador?
Nessa semana que passou, aqui em Curitiba, ouvimos que um vereador apresentou uma proposta para que a Prefeitura feche um restaurante popular no centro da cidade, porque ali se concentram muitas pessoas em situação de rua e drogados. Quem passa por esses restaurantes pode perceber que a maioria das pessoas que comem ali são pessoas idosas em situação de rua, que não representam um perigo. Além disso, as marmitas não são produzidas com dinheiro público, mas por ONGS e igrejas, como nós aqui da Igrejinha.
Graças a Deus, a Prefeitura de Curitiba disse que vai manter restaurantes populares, porque o problema da pobreza e das pessoas em situação de rua não se resolve mudando os pobres de lugar. Eles permanecem aí para lembrar a todos nós que como sociedade precisamos ser melhores e transformar essa situação.
Sim, na maioria das vezes a indiferença, a alienação ou o preconceito vem do distanciamento que as pessoas tem da realidade das pessoas que sofrem. Mas quando nos aproximamos dessas pessoas e ouvimos sua história de vida, há uma grande chance de que nosso coração se comova e sejamos movidos à compaixão e à solidariedade, tal como Jesus nos falou hoje. A partir dessa passagem do Evangelho, Martim Lutero dizia: Deus não precisa de teus gestos de solidariedade, mas o teu vizinho, sim.
Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus nosso Pai e a Comunhão do Espírito Santo continuem a nos chamar para o Reino de Deus. Amém.