Limpe as suas vidraças!
Um casal, recém-casado, mudou-se para um bairro muito tranquilo. Na primeira manhã, enquanto tomavam café, a mulher reparou a vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido: Que lençóis sujos ela está pendurando no varal! Está precisando lavar de novo. Se eu a conhecesse melhor perguntaria se ela quer que eu a ajude a lavar as roupas! O marido observou calado. Três dias depois, também durante o café da manhã, a vizinha novamente pendurava lençóis no varal e a mulher comentou com o marido: Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Como eu gostaria de ajudá-la a lavar suas roupas! E assim, a cada três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava suas roupas no varal. Passado um mês, a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos sendo estendidos e empolgada foi dizer ao marido: Veja, ela aprendeu a lavar as roupas, será que a outra vizinha a ajudou? Eu não fiz nada! O marido, então, calmamente respondeu: Aconteceu o seguinte: Hoje eu levantei mais cedo e lavei a vidraça da janela aqui da cozinha.
Após partilhar esta ilustração, trago a leitura do texto bíblico de Mateus 7.1-2: Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus. Porque Deus julgará vocês do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma medida que vocês usarem para medir os outros.
Como nós gostamos de ocupar a cadeira do juiz, não é verdade? Mês nunca, de maneira alguma queremos ocupar a cadeira do réu, daquele que é julgado. Disso nós não gostamos.
Julgamos a roupa que os outros usam. Julgamos a maneira de agir e o que os outros falam. Julgamos as decisões que são tomadas na política. Nestes tempos de pandemia do novo coronavírus, quantas vezes julgamos as decisões tomadas por nossos governantes, como se nós soubéssemos exatamente o que deveria ser feito. Julgamos as questões relacionadas a igreja, a nossa comunidade ou paróquia. Julgamos os médicos, os professores, os pastores, os bombeiros, os comerciantes, os jovens, as crianças, os idosos os prisioneiros, os policiais, enfim, julgamos tudo e todos com muita facilidade. Se bobear, nem Deus escapa dos nossos julgamentos.
Mas, com que medida temos julgado? Com que critérios? Quais são as nossas prerrogativas para exercer o juízo sobre tantas coisas? Bom, talvez nem nós saibamos. Mas de uma coisa podemos estar certos: não gostaríamos de ser julgados da mesma forma como nós julgamos, e, tantas vezes, condenamos. Aliás, geralmente as pessoas que mais rapidamente tem o hábito de julgar, são as primeiras a ficarem ofendidas ou ressentidas quando elas próprias são julgadas.
Quantos julgamentos são feitos sem qualquer conhecimento de causa. Quantos julgamentos são emitidos com base no preconceito. Emitimos os nossos juízos sem qualquer conhecimento de causa. O nosso critério é o “axômetro”. Achamos que os outros estão errados, que os lençóis da vizinha estão sujos, quando, muitas vezes, na verdade, a nossa própria vidraça é que está suja. As vezes confundimos, liberdade de opinião com uma pretensa liberdade de proferirmos as nossas sentenças acusatórias e condenatórias.
Tomemos cuidado. Julgar os outros torna-se um hábito, um vício do qual é difícil de se libertar. Se você tem essa mania, peça ajuda a Deus para se libertar. Nós não temos o direito e nem a autoridade de julgar o outro, por mais que teimemos em achar que estamos certos.
Lembremos do que nos diz o texto bíblico: a mesma medida que nós usamos para julgar é que também seremos julgados. Qual a medida que usamos para julgar os outros? A raiva? A precipitação? O nosso senso de justiça? Lembremos que, Deus nos julgou tendo como medida o seu amor por nós. Por isso, e somente por isso temos esperança. Do contrário estaríamos perdidos. Lembremos sempre desse critério de Deus quando quisermos nos arriscar a sentar na cadeira do juiz. E mais: antes de julgar os outros, é bom verificar as nossas próprias vidraças. Amém.