Celebração


ID: 2651

Sexta-Feira Santa

25/03/2016

Na sexta-feira da paixão de Cristo, temos que lidar com a pergunta pelo sofrimento, a qual sempre é posta de lado na nossa vida. Se formos sinceros, não queremos fazê-la e tampouco respondê-la, pelo menos não com todas as consequências que ela exige! Achamos que, se não a fizermos ou enfrentarmos, talvez o sofrimento não aconteça. Como é que um pai vai sequer pensar em perder seu filho? Como uma mãe irá experimentar a dor da separação? Isso é apenas um exemplo de sofrimento, duro e real. Estamos contando aqui com aquele sofrimento que realmente importa, não aquele aparente, falso, que hoje está muito em voga, quando as pessoas acham que sofrem por conta do seu ego e orgulho atingido ou não possuírem algo para consumir. Você iria dizer: _Mas isso não é sofrimento e sim uma atitude ignorante e egoísta perante a vida! Te dou razão. No entanto, se olharmos e vermos, por trás dessa atitude frívola se encontra um verdadeiro sofrimento: o de não encontrar sentido na vida além do individualismo e do consumismo! Milhões sofrem dessa doença hoje. E o pior: nem sabem que estão doentes! Mas para sermos sinceros, se falamos desse tema, temos também que mencionar aquele sofrimento que parece sem sentido, como as tragédias naturais, dramas humanos como acidentes e etc. O que sim, sabemos, é que o sofrimento nos coloca diante de uma situação de reconhecimento de que não temos todo aquele poder de poder mandar na nossa vida; fica claro a nossa falsa autonomia e muitas vezes soberba! Sim, quando sofremos percebemos o quão humanos somos, o quão parecidos com os demais, o quão dependentes, o quão instável e efêmera é a nossa vida! Todas as diferenças e os preconceitos, de repente, não fazem mais sentido! Apesar de todos os seguros que fazemos com o poder do dinheiro, de nada adiantam! Aliás, quando reconhecemos isso, podemos experimentar também o que a palavra compaixão significa: justamente sofrer com o outro o sofrimento que não é meu, mas que, de alguma forma me atinge justamente nesse mais íntimo âmago que é o humano! No sofrimento também experimentamos que necessitamos dos outros e também daquele Outro que queríamos que estivesse totalmente presente e perto: Deus!!! Aliás, tem pessoas que só lembram dEle nesse momento! Mas nesse caso, ainda há alguém com quem contar! Na paixão de Cristo, entretanto, presenciamos a ausência de Deus! Jesus, o Filho, deve passar pelo momento humano por excelência: a morte. E deve passar como todos nós, sozinho! Por isso é tão importante a comunhão antes, com todos os amigos ao redor da mesa! Eu acredito que toda a natureza e também os animais sentem essa ausência, sofrem! Realmente acredito na palavra do Apóstolo Paulo quando diz que toda a criação geme esperando a salvação...e é disso e sobre isso, sobre gemer e ansiar pela intervenção divina que fala a sexta-feira da paixão! E sabe de uma coisa, ela é boa! Não, não estou ficando louco! Ela nos chama a atenção de que estamos rodeados de morte por todos os lados: na destruição da natureza, na ganância, na violência, na falta de cuidado, na falta de amor, na falta...sim, a sexta-feira da paixão vem nos lembrar das mortes ainda existentes apesar da nossa tentativa de negá-las! O quê, nos acostumamos com elas? Sim, infelizmente: a criança desnutrida, o idoso sem visitas, a mulher castigada pela violência, a poluição e o veneno nos alimentos. Tudo nos rodeia e ainda fazemos de conta que está tudo bem! Mas não está! Deus está ausente e todos procuram por milagres. Não há milagre! Pelo menos não do jeito que a gente espera, sem fogo do céu, sem trovão, sem estrondo. A morte é real. E Jesus a vivenciou, até o último suspiro de vida, quando ela então o tomou. Mas nós queremos rapidamente mudar de assunto e falar da ressurreição, não é mesmo? Quantos hinos falam da vitória? Não, ainda não! Agora, agora é tempo de luto, ausência de Deus. E é justamente aqui que acontece o primeiro milagre da Páscoa, sem a gente perceber: as pessoas buscam contato, abraços, proximidade. É preciso parar tudo e atender aqueles que estão passando por algo que também nós podemos e iremos passar. É preciso estar do lado da família de Jesus. Se não sabemos como é perder alguém, sabemos por intuição humana que não deve ser fácil. Sim, é preciso tirar o corpo da cruz. Lavá-lo. Prepará-lo. Não adianta fugir. É tempo de chorar. É tempo de sentir saudades. É tempo de ficar perto dos outros, pois sozinho é insuportável. É preciso despedir-se!


Autor(a): Leandro Otto Hofstätter
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense
Área: Celebração / Nível: Celebração - Ano Eclesiástico / Subnível: Celebração - Ano Eclesiástico - Ciclo da Páscoa
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 37245

AÇÃO CONJUNTA
+
tema
vai_vem
pami
fe pecc

Não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não o foram os nossos ancestrais e a nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: Eu estou convosco até o fim do mundo (Mateus 28.20).
Martim Lutero
REDE DE RECURSOS
+
Meu Deus e meu Rei, eu anunciarei a tua grandeza e sempre serei grato a ti. Todos os dias, te darei graças e sempre te louvarei.
Salmo 145.1-2
© Copyright 2024 - Todos os Direitos Reservados - IECLB - Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - Portal Luteranos - www.luteranos.com.br