Vidas perdidas ...

A sociedade morta

01/06/2016

Enquanto eu caminhava sentia seus olhos me seguindo.
Enquanto eu dormia alguma coisa estava se abrindo.
Sem conhecer o mundo eu já morria.
O mundo está entregue a destruição humana, o valor da vida corre de mãos em mãos que preferem usa-las para o mal do que para o bem.
Não adianta querermos achar desculpas para atos tão violentos quanto os que vêm acontecendo com meninas, mulheres... e que não esquecemos das tantas criancinhas, meninas e meninos que tiveram sua vida arrancada pelo estupro, pela violência sexual, raízes arrancadas pelo crime de uso e abuso do corpo. É inadmissível que se diga que mulheres saiam de casa a procura de um crime dessa proporção. Seria muito mais fácil acreditar nessa filosofia quando não se quer enxergar a realidade de um mundo violento em que se vive.
Pensem em todas as crianças que enquanto dormiam, enroladas em seus cobertores, sentindo-se protegidas...mãos as arrancam dos seus sonhos e as transportaram para um pesadelo escuro, sem ao menos ter a chance de chorar...ou de alguém ouvir seus medos, porque naquele momento ninguém estava por perto, ninguém tentou ouvir, alguém confiou em outro desconhecido... E o desconhecido a levou para um buraco do qual muitos nunca saíram.
Acredite na menina, na mulher que ao andar pelas ruas ouvem palavras de baixo calão, que assovios ensurdecem, e que a metros de distâncias, são agarradas por mãos que machucam, que são mais fortes que a fragilidade feminina, essas mãos que torturam, exploram, que cessam uma caminhada... e enterram uma vida, essas mãos são muitas vezes, na maioria das vezes, as mesmas que embalaram o berço da menina quando pequena, que abraçaram a mulher quando menina.
Ouçam choros de meninos que ao serem questionados, se fecham para o mundo, ficam mudos ao escutarem a voz em sua direção. O mesmo menino que também é embalado, cuidado e colocado no colo, sofre com abusos de violência, e ninguém nunca escuta nada, nunca vê nada... ninguém consegue deixar esses garotos virarem alguém.
São marcas de sangue correndo pelo caminho, são palavras ecoando no ar, são olhos marejados, são corpos escondidos... São meninas, são mulheres... São crianças sendo tiradas da vida... e são vidas jogadas em valas.....e uma sociedade tentando buscar um culpado, um motivo, uma razão .....E elas não existem...razões...motivos....são irrelevantes diante da barbárie criada pelo ser humano contra o próprio ser humano.
A busca que a sociedade faz para barrar a violência do estupro, só vai começar a funcionar quando a própria sociedade entender que é crime... e crime tem que ser pago, tem que ser barrado...tem que ter uma solução e uma urgência .


 


Autor(a): Claudiana Friedel
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Jaraguá do Sul - Apóstolo Tiago
Título da publicação: Vidas perdidas / Editora: Claudiana / Ano: 2016 / Volume: 33
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 38164
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