Sr. Boanerges e Sr. Pedro

28/06/2007

 

Querida e querido internauta,
queridos srs. Boanerges, queridos srs. Pedro

Estes dias, ao me preparar para escrever uma meditação para o Mensageiro de nossa Igreja, recebi uma correspondência da Comunhão Martim Lutero - Literatura Evangelística. A primeira meditação que li era exatamente sobre o tema que queria abordar - nossa contribuição para com nossa Comunidade de Fé. Não creio que tenha sido coincidência, mas creio que foi a mão de Deus. Assim, decidi publicar esta meditação nesta quinta-feira para, juntos, meditarmos sobre este assunto. Creio que para a realidade de nossas Comunidade/Paróquias, esta meditação do pastor Alfredo Jorge Hagsma cai como uma luva. Obrigado a ele por esta linda meditação. Vemos lê-la?! Quem sabe você vai se identificar com um dos dois personagens. A partir desta identificação, convido você a uma reflexão profunda.

Cada um contribua segundo tiver proposto no coração,
não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama a quem dá com alegria.

2ª Coríntios 9.7

Um exemplo do dia-a-dia

O sr. Boanerges era visto como um patrão durão e de pouca conversa. Mesmo assim, mantinha uma amizade muito bonita com seu funcionário Pedro. Eles conversavam quase todos os dias. Num final de tarde, Boanerges falava sobre a importância de administrar bem uma empresa. O sucesso da empresa, dizia ele, depende de poupar ao máximo, evitando gastos desnecessários. Um bom administrador sabe identificar quais despesas podem ser eliminadas, sem prejudicar o funcionamento da empresa. Esse era o segredo para ter uma empresa saudável.

Para Pedro, dirigir uma empresa era como cuidar das finanças da família. Também ali os gastos devem ser bem avaliados. Espontaneamente, Pedro relatou ao patrão como gastava o seu salário. Uma parte é minha contribuição para a Igreja; depois, pago luz, água, o mercado do mês, roupa e material escolar para as crianças. Quando não há uma emergência, até consigo poupar alguns trocados.

Boanerges estranhou que Pedro contribuía financeiramente com a Igreja, e questionou: Olha, meu amigo, essa contribuição para a Igreja é uma despesa desnecessária. Pedro ficou assustado ao ouvir isso, pois os dois eram membros da mesma Igreja. E o sr. Boanerges continuou: Há muito tempo não contribuo para a Igreja. Se um dia precisar do 'serviço da igreja' - batizado, casamento, sepultamento - então pagarei.

Pedro ficou chocado com essa resposta. Para ele, a contribuição para a Igreja vinha em primeiro lugar, pois entendia que tudo o que tinha era presente de Deus - a vida, a família, a casa, o trabalho, o salário. Por isso, gostava de uma canção que o coral da Comunidade cantara no culto da Festa da Colheita: Tudo vem de Ti, Senhor, e do que é teu Te damos. Amém! Ele contribuía para a Igreja com alegria, não por obrigação ou para receber algo em troca. Ele entendia que, através da contribuição, devolvia uma parte de tudo que Deus lhe concedera, e isso revertia para o bem de outras pessoas. Pedro contribuía com gratidão para que todos os trabalhos da Comunidade pudessem acontecer e, através deles, a missão de Deus neste mundo. E ele alegrava-se em participar de uma Comunidade, ter comunhão com irmãos e irmãs, ver seus filhos crescendo e envolvidos na Igreja. Boanerges, ao contrário, via a Igreja como uma prestadora de serviços para a qual se paga quando se necessita.

A oferta é resposta à graça de Deus

Observemos a diferença entre essas duas pessoas. Uma está distante da sua Igreja. Quando precisar da Comunidade, pagará pelo serviço prestado. A outra, porém, contribui com gratidão e alegria; sente-se parte da Comunidade, participa ativamente.

O apóstolo Paulo diz: Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria (2ª Coríntios 9.7). Toda pessoa que reconhece a Deus como seu Criador, a Cristo como seu Salvador e que sente a presença do Espírito Santo em sua vida é grata a Deus. Por isso, contribui como pode.

Na Bíblia encontramos duas maneiras distintas de entender a contribuição para a obra de Deus. No tempo do Antigo Testamento vigorava a prática do dizimo; dava-se 10% de tudo que se ganhava ou colhia (Neemias 10.37-38). Em geral, para o povo do Antigo Testamento, o dizimo era uma oferta de gratidão a Deus (Levítico 27.32). Em alguns casos, essa oferta não era levada como fruto da gratidão (Amós 4.4-5), mas entendida como lei, obrigação, um imposto que também daria para sonegar (Malaquias 3.8-10).

No Novo Testamento, Jesus pensa diferente sobre a contribuição e supera a idéia do dizimo como lei e também como motivo para vangloriar-se. Ele reforça a idéia da gratidão (Marcos 12.41-44). Para Jesus, a pessoa que vive a partir da fé sabe que sua vida pertence a Deus.

Se compreendermos que a nossa vida e tudo o que nos cerca são obras e dádivas do Criador, a contribuição para a Igreja não será por causa do carnê ou para pagar um oficio religioso (batismo, confirmação, casamento, sepultamento), mas por amor e gratidão a Deus.

Oração:
Querido e amado Deus, é bom saber que a minha vida e tudo que me cerca pertencem a ti. Reconheço que Tu te preocupas comigo, com a minha família, assim também com todas as pessoas. Embora eu me alegre com esta certeza, muitas vezes sou ingrato. Por isso, amado Deus, peço-Te: ensina-me a lembrar sempre que a minha vida é Tua. Ensina-me a administrar meus bens pensando em toda a criação e ensina-me a ser pessoa grata e generosa. Isso eu te peço, por Cristo Jesus. Amém!

Um forte abraço,
Klaus Dieter Wirth, pastor

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