Senhor Jesus, eu clamo a ti

Comentário e Reflexão

29/06/2012

HPD 183 Senhor Jesus, eu clamo a ti

O cientista, medico e escritor Gotthilf Heinrich von Schubert (1780-1860) era conhecido como alguém que amava a Deus e as pessoas humanas. Segundo ele, Deus se revelava através da leitura da Bíblia e da observação da natureza. Na sua auto-biografia ele conta um episódio interessante:
Quando estudante, ele costumava fazer passeios e pequenas excursões nos morros. Certo dia, num passeio destes, ele foi surpreendido por uma tempestade. Perdeu o rumo. Fez muitas voltas por desvios. Já estava ficando fraco, pois, não havia levado um lanche. Finalmente encontrou a prancha estreita, que atravessava a garganta de um riacho furioso. Mas ele estava tão exausto que não arriscava pôr os pés nela. Neste momento vinha chegando um lavrador idoso pela mesma trilha, e o cumprimentou com as palavras:

- Já sei, o que lhe falta.

Ele tirou um pedaço de pão caseiro de sua sacola, e o deu ao viajante enfraquecido. Enquanto o jovem comeu, o lavrador descobriu, através de perguntas inteligentes, que se tratava de um estudante. Após algum tempo este recuperou as forças. E o lavrador, ao se despedir, disse:

- Meu jovem, agora aprendeu quanta força resulta de um pedaço de pão seco. No futuro não faça excursões sem um pedaço de pão na mochila. Além disso, leve na estrada da vida mais um outro “pão”. Lembre-se dele quando um dia vai ser pastor. E, mesmo que não se tornar pastor, ele também não deve ficar esquecido: ‘Que o Verbo teu me nutra bem e seja o meu sustento, d’alma o alento, e proteção também’.

Estas palavras são parte da segunda estrofe do hino nº 183 do HPD. E o episódio mostra que este hino era bem conhecido no início do século 19. O autor do texto é Johann Agrícola (1494-1566), que era aluno e amigo de Martin Luther. Hoje em dia o hino é pouco cantado em nossos cultos. O motivo talvez seja a melodia um tanto antiquada. Mas vale a pena observar o texto.

O hino consta em nosso hinário na seção de “Santificação, Discipulado, Serviço”. Foi inspirado pelas palavras do Salmo 130 “Das profundezas clamo a ti, Senhor”, e foi escrito em forma de oração. Aqui aprendemos, em primeiro lugar, a quem devemos dirigir nossas orações, a saber: a Jesus Cristo, pois ele é nosso intercessor perante Deus Pai (1º verso).

E ainda aprendemos o que devemos pedir. Na 1ª estrofe: a sua graça, para permanecermos na verdadeira fé; na 2ª estrofe: o seu perdão e a disposição para perdoarmos de coração a todos, e “que o Verbo teu me nutra bem e seja meu sustento”, isto é, que a Palavra de Deus na Bíblia seja alimento diário. E na 3ª estrofe: novo vigor quando fraquejarmos, amparo e vitória nas tentações, e no fim a salvação eterna. – Notam-se nitidamente algumas semelhanças com as preces ensinadas por Jesus no Pai-Nosso.

Modéstia é uma das características deste hino. O autor evita palavras grandiosas. Por isso todos os cristãos podem ora-lo em qualquer situação. Quem pede pela graça de Deus e confia nesta graça pode seguir tranqüilo a estrada da vida.

Fonte: Jörg Zink “Dichter und Sänger des Kirchenliedes” Vol. 1, Lahr-Dinglingen, 1970
 


Autor(a): Leonhard Creutzberg
Âmbito: IECLB
Hino: 183. Senhor Jesus, eu clamo a ti
Título da publicação: Hinos do Povo de Deus Comentados / Ano: 2012
Natureza do Texto: Música
Perfil do Texto: Comentário ou reflexão sobre hino
ID: 15449
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Cantarei de alegria quando tocar hinos a ti, cantarei com todas as minhas forças porque tu me salvaste.
Salmo 71.23
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