Rudolf Alexander Schröder (1878-1962) HPD nº 172 e 281
Rudolf Alexander Schröder, arquiteto, pintor, poeta e tradutor extraordinário.
Nasceu: 26 de janeiro de 1878 em Bremen, Alemanha.
Faleceu: 22 de agosto de 1962 em Bad Wiessee, Baviera.
Schröder nasceu como filho dum comerciante em Bremen. Depois de freqüentar o ginásio na sua cidade natal foi, a partir de 1897, estudar arquitetura em Munique, onde, junto com Walter Heymel e Otto Julius Bierbaum, fundou em 1899 a revista Die Insel. A primeira metade de sua vida mostra uma pessoa inconstante e a procura de algo mais. Nos anos 1902/03 ele prestou serviço militar. Depois trabalhou como arquiteto de interiores em Bremen e em Paris. Mais tarde mudou para Berlim. E de 1908-1914 esteve novamente em Bremen como arquiteto e escritor. Ali traduziu (1910) a Odisséia de Homero para o alemão. Durante a Primeira Guerra Mundial Schröder prestou serviços administrativos como censor na Bélgica.
. As impressões da guerra levaram Schröder a mudar de rumo. Ele descobriu o valor da doutrina cristã. Na segunda metade de sua vida ele é um pregador autêntico da Palavra de Deus. De 1920 até 1931 trabalhou de novo como arquiteto em Bremen e dedicou-se a poesia religiosa. Em 1930 publicou sua coleção de poesias »Mitte des Lebens«. Em 1936 ele abandonou para sempre sua cidade natal, a fim de evitar as pressões dos nacional-socialistas em Bremen. Ele mudou, junto com sua irmã Dora, para Bergen, próximo de Traunstein, lago Chiemsee, na Baviera, onde permaneceu até o seu fim.
A partir da edição “Lobgesang” (Cântico de Louvor, em 1937) ele se dedicou aos hinos da Igreja. Escreveu biografias de importantes autores de hinos da época do Barroco e uma redação programática sobre “A Igreja e seus Hinos”, além de editar (1949) Die geistlichen Gedichte (Poesias religiosas). Durante a segunda Guerra Mundial serviu em Bergen com toda a dedicação como pregador leigo. Faleceu em 1962 em Bad Wiessee.
Schröder é autor dos hinos de HPD nº 172 Se te servimos, bom Senhor e HPD nº 281: Veio a noite, escuridão desce sobre nós.
Fontes: Kleines Nachschlagewerk zum Evang. Gesangbuch, para Baviera e Turingia, Munique s.d. . J. Pfeiffer Schröder, Rudolf Alexander em RGG³, Volume V, Tübingen, 1961
Wolfdietrich von Kloeden Schröder em BBKL, Volume IX (1995), Colunas 988-992
Rudolf Alexander Schröder
O absurdo da Primeira Guerra Mundial abalou profundamente as pessoas, mesmo as mais otimistas dentre elas. O morticínio de tanta gente nova e a destruição horrível deram também ao artista sensível Rudolf Alexander Schröder uma visão completamente nova do mundo: Cheguei a descobrir que “o mundo inteiro jaz no maligno”, como diz a Escritura (1.João5,19); com outras palavras, que o pecado é uma realidade grande e séria, no meio de tantas coisas belas, agradáveis e louváveis neste mundo.
Assim começou uma mudança radical na vida de Rudolf Alexander Schröder. Em 1878 ele nasceu em Bremen numa família de comerciantes abastados. Como amigo de belas artes ele vivia num círculo de famosos artistas. Sendo arquiteto do interior ele decorou várias salas do transatlântico Bremen, e projetou o túmulo para Hugo von Hofmannsthal1. Além disso ele era pintor, ilustrador de livros, e um excelente tradutor e magistral lírico que dominava vários idiomas.
Com 32 anos de idade editou uma tradução clássica da Odisséia de Homero. Depois seguiram traduções de Vergílio e Horaz, e mais tarde as Ilíadas, mas também obras de Molière e Racine, de Shakespeare, Pope e Elliot. Junto com amigos fundou em 1899 o periódico artístico Die Insel, do qual mais tarde nasceu o famoso Inselverlag (Editora Insel) para literatura selecionada.
Nesta editora Schröder publicou em 1930 um pequeno volume de poesias, intitulado Mitte des Lebens (Centro da Vida) e o subtítulo Geistliche Gedichte (Poesias Sacras). Este livrinho era a última publicação de Schröder nesta editora. Pois o que ele publicou ultrapassou o limite desta editora de literatura estética.
Não foi só a realidade do pecado humano que levou Rudolf Alexander Schröder a esta mudança de rumo, mas, sim, o evangelho libertador de Jesus Cristo, o qual ele havia negligenciado durante muito tempo. – Sob a experiência pesada da proximidade da morte ele descobriu o grande estímulo na Palavra de Deus. Era no início do último ano da guerra. Um dos seus amigos faleceu, e os parentes estiveram ao redor do caixão. Eu peguei da Bíblia e li os relatos da Ressurreição, uma após da outra. Aí experimentamos um consolo, tão firme e forte como nenhum outro poderia ser; e ele me acompanhou até hoje, se Deus permitir, ele estará comigo até o túmulo e além túmulo.
No hino Wer kann der Treu vergessen (Quem poderá esquecer a fidelidade) Schröder relata clara e diretamente, como ele experimentou a graça de Deus, no tempo quando ainda lutava com incertezas.
Als ich noch kaum vom Weiten durch Dunst und Nebel sah,
warst über meinem Schreiten du wie die Sonne nah.
(Quando ainda distante mal e mal enxergava através de neblina e fumaça
tu, próximo como o sol, já vigiavas sobre meus passos.)
E a respeito do caminho, como ele voltou à fé, Schröder explica: Eram os hinos de Paul Gerhardt, para os quais fui guiado por mão silenciosa, ainda antes que a Palavra da Escritura se tornou novamente viva para mim.
A importância dos antigos hinos de fé Schröder reconheceu ainda mais claro no ruidoso início do Terceiro Reich2. Não só os jovens se deixaram iludir pelas novidades daquela época de mudanças revolucionárias. Schröder, naqueles dias, enfrentou aqueles que achavam: os hinos antigos não servissem mais para a nova geração. Precisamente diante do pano de fundo das mudanças da sociedade do século XX Rudolf Alexander Schröder acentuou que estes hinos antigos em verdade são mais novos e norteadores do que todas as inovações na época em moda. Os hinos antigos são atuais e vivificantes, porque transmitem, com o poder que lhes é próprio, a Palavra de Deus. Por isso os antigos corais são muito mais atuais do que as pessoas fascinadas dos tempos modernos.
Schröder estava convicto: sem a Palavra bíblica a música sacra se torna árida. Os corais, através da poesia, devem interpretar o texto bíblico.
Para poder resistir ao terror do regime nazista Rudolf Alexander Schröder filiou-se à Igreja Confessante, e editou os Lieder für Kirche und Haus (Hinos para Igreja e Lar). Seus hinos estão profundamente enraizados na Palavra de Deus. Schröder queria interpretar conscienciosamente os textos bíblicos, e por eles testar-se e fortalecer-se constantemente. Sua preocupação era que palavras humanas poderiam deturpar as verdades divinas. Por isso, com toda a fidelidade, queria transmitir estas verdades autêntica e literalmente. A Palavra, sobre a qual se baseia o hino, é a Palavra do Evangelho, o qual por princípio não deve ser tratado com sofismas, nem mercantilismos. Portanto, os hinos da igreja não precisam transmitir o que é moderno e surpreendente, mas, sim, o que foi aprovado pela tradição.
Schröder havia redescoberto o fundamento permanente do Evangelho. E disto sempre teve que falar. Importante lhe era que, através dos hinos, a fé seja fortalecida e publicamente anunciada. Na sua opinião, os hinos devem pregar o Evangelho, ainda que o mundo ao nosso redor seja arruinado.
Eram anos turbulentos, quando os cristãos convictos procuraram seu caminho com coragem lutando contra o terror do nazismo. Característico para Rudolf Alexander Schröder era o fato que ele logo se prontificou a servir como pregador leigo nos cultos. Ele realizou este serviço tão importante da pregação também nos anos sombrios da Segunda Guerra Mundial. Ele se propôs ser consolador, cura d’almas e sentinela. Não fez isso como obrigação, mas como sinal de gratidão por tudo aquilo que ele recebeu pela fé em Jesus Cristo. Assim ele o expressa no hino Wir dienen, Herr, um keinen Lohn (EG nº 455) “Se te servimos, bom Senhor, não é por recompensa.” (HPD nº 172), (melodia do próprio Schröder3).
Schröder lamentou que no tempo atual se canta tão pouco: O atual estado de crise de nossos hinos eclesiásticos em grande parte é o resultado do fato que, em vez de ser um povo cantante, passamos a ser um povo de poucas idéias, critiquento e de super-nutridos ouvintes de guloseimas musicais de toda espécie.
A vida rica de Rudolf Alexander Schröder terminou em 1962, poucos meses antes do seu 85º aniversário natalício, na Baviéra, onde desde 1936 havia encontrado o seu refúgio.
Um dos seus hinos mais cantado é Abend ward, bald kommt die Nacht (EG nº 501), “Veio a noite, escuridão desce sobre nós” HPD nº 281, com a melodia de Friedrich Samuel Rothenberg, feita em 1948.
Fonte: Fotocópia em língua alemã, sem indicação de autor ou título.