Pentecostes

09/06/2009

PENTECOSTES

Após a sua ressurreição, Jesus permaneceu quarenta dias na terra, revelando-se aos seus discípulos como o vencedor sobre a morte, confortando-os e instruindo-os. Então, Jesus foi elevado aos céus. Mas, ainda que já não estivesse mais fisicamente com os seus seguidores, Jesus, cinquenta dias após a Páscoa, enviou sobre os apóstolos o Espírito Santo, conferindo a eles força, coragem e capacidade para serem suas testemunhas (Atos 2.1-13). A este episódio, dá-se o nome de Pentecostes. É o nascedouro da Igreja, pois através do testemunho dos discípulos, muitas pessoas vieram a crer em Cristo e a formar comunidades cristãs.

Assim, Pentecostes é uma data carregada de significado para nós, cristãos, e deveria ser comemorada com a mesma intensidade com que festejamos o Natal ou a Páscoa. É o aniversário da Igreja, e o dia em que, tomados pelo Espírito Santo, renovamos o nosso propósito de sermos testemunhas do amor de Deus revelado em Jesus. Ser testemunha de Cristo é compartilhar com os outros, em palavras e ações, o que Deus tem feito por nós, e o que ele nos tem prometido: a salvação e a vida eterna. Eis porque a IECLB escolheu o Domingo de Pentecostes para ser o marco inicial da Campanha Vai-Vem, que visa arrecadar fundos para a missão, para o testemunho do Evangelho.

Entretanto, embora Pentecostes seja um dia tão especial, creio que ainda há entre nós pouco entendimento a respeito do Espirito Santo e sua função. Muitas passagens bíblicas nos ajudam a entender quem é o Espírito e o que ele faz. Como terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo é o próprio Deus, que se revelou a nós como Pai Criador, como Filho Salvador e como Espírito Santificador. É a maneira de Deus estar presente entre nós, hoje. Martim Lutero, no Catecismo Menor, escreveu a respeito do Espírito de Deus: “Creio que, por minha própria inteligência ou capacidade, não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem chegar a ele. Mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, iluminou com seus dons, santificou e conservou na verdadeira fé”. Esta belíssima explicação encontra seu fundamento na Bíblia. Veja o que está escrito em Zacarias 4.6: “Não por força, nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”. Originalmente, estas palavras foram ditas para Zorobabel, governador de Judá, que, terminado exílio babilônico, tinha a incumbência de restaurar o culto entre o povo e reconstruir o templo de Jerusalém. Uma tarefa difícil e que só seria bem-sucedida com o auxílio do Espírito Santo. Zorobabel não deveria confiar em suas próprias forças ou capacidades, mas sim no Espírito de Deus. O Espírito era a garantia de que a missão seria cumprida.

Você percebe a relação deste versículo com a explicação de Lutero no Catecismo? É que também nós nada podemos, nem mesmo crer, sem a intervenção do Espírito Santo. Não que o ser humano seja incapaz de fazer coisas boas. Mas o ser humano, apesar de suas qualidades, é limitado, frágil e suscetível a erros. Nós não podemos confiar em nossas próprias forças, porque, conforme escreveu o apóstolo Paulo, “quem pensa estar em pé, veja que não caia” (1 Coríntios 10.12). É preciso, pois, deixar-se encher do Espírito de Deus, porque dele virá a coragem, a sabedoria e a força para agirmos. O Espírito Santo, controlando os seres humanos, ultrapassa força de um exército. Ele nos ajuda a tomarmos as decisões corretas, que conferem com a vontade de Deus; ele nos ajuda a dizermos as palavras certas e a agirmos como convém. O Espírito nos faz caminhar por veredas seguras. Nós, ainda que queiramos falar e agir corretamente, e ainda que por algum tempo consigamos tal proeza, cedo ou tarde, falharemos. O Espírito Santo, que é o próprio Deus, é fiel e não falha jamais.

Assim, prezado irmão e prezada irmã, neste dia de Pentecostes, abra-se para a ação do Espírito Santo em sua vida.

P. Marcos Fries – Lages, SC.
Enviado pelo P. Ivário Fries – Venâncio Aires

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