As celebrações pelos 506 anos da Reforma Luterana em Dois Irmãos iniciaram em um ritmo alegre, de confraternização. Na noite de sexta-feira, 27 de outubro, foi realizado o Recital da Reforma, no Centro Evangélico de Dois Irmãos, a partir das 19h30min. Sob a coordenação da musicista Raquel Gumz e com a recepção do Coral Paroquial Arcanjos da Serra, que promoveu o evento, ocorreram apresentações de oito corais da região. Após as apresentações, houve um momento de confraternização, para o qual foram levados alimentos para compartilhar.
Já no dia 31 de outubro, o Culto da Reforma, celebrado em conjunto pela Pastora Cláudia P. S. Pacheco e pelo Ministro Candidato no Período Prático de Habilitação ao Ministério, Henrique Echeverria, teve como tema o versículo bíblico de Gálatas 5.1: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”.
Em sua pregação, a Pa. Cláudia enfatizou que a noção bíblica de liberdade está ligada à experiência de um povo, tendo uma ligação com elementos da história do Antigo Testamento. Ela colocou que no conceito bíblico de liberdade, implica um compromisso coletivo: o de ter sido libertado de uma vida escrava no Egito para conquistar uma vida livre na terra prometida. Ela destacou que o conceito de liberdade pode ser atualizado, dizendo que, pela fé bíblica, ser uma pessoa livre é ser liberta de uma maneira única de pensar a vida, para pensá-la de outra forma e assumir novas atitudes.
Ela colocou, ainda, que a liberdade na bíblia fala em uma experiência no deserto, uma mudança de mente, uma transformação, uma “evolução no pensar”. Contudo, a nossa fé não precisa se submeter a essa história como uma lei que subjuga as nossas consciências. A Pa. Cláudia lembrou que a intervenção de Deus nesta história nos revela o modo como Ele é, como tem compaixão e sentidos. Ele, vê, escuta e caminha com aquele povo.
Sobre a perspectiva de liberdade no Novo Testamento, a ministra explicou que para Paulo, autor da carta aos Gálatas, a lei da circuncisão estava escravizando o pensar, impondo nas consciências uma única forma de “filiação” a Deus. Ela colocou que Paulo, no entanto, aponta para Jesus e para uma Nova Aliança estabelecida por Deus, somente pela fé: “Quando estamos unidos com Cristo, não faz diferença nenhuma estarmos ou não circuncidados. O que importa é a fé que age pelo amor”. Gálatas 5.6
Sobre a Reforma, a Pa. Cláudia refletiu: sempre pode haver o risco de uma comunidade se tornar legalista, prender-se na tradição como uma lei absoluta, na ilusão de estar fazendo o mais certo, de não se perder diante dos desafios atuais e de assim pensar agradar a Deus. Mas, a Palavra revela algo muito precioso: “o que importa é a fé que atua pelo amor”. Percebemos que isso é central no Evangelho e no pensar da Reforma: a fé em Cristo que atua pelo amor. O dia da Reforma não é um dia para cultuar Lutero, mas Aquele que transformou a vida dele e a nossa. Lutero, na sua transformação pela fé, pensou na liberdade, dizendo que a pessoa cristã é livre sobre todas as coisas e não está sujeita a ninguém. Ela é servidora de todas as coisas e sujeita a todos.
Sobre liberdade e fé, A música tema da IECLB de 2023, entoada no Recital da Reforma, reafirma:
Somos igreja de Cristo, do Cristo que é misericórdia
Somos igreja de Cristo, do Cristo que é libertação
Somos igreja que prega o Cristo que sofre na cruz
Somos igreja que aponta a graça e o amor de Jesus
Sal da terra, luz do mundo é nossa missão!
Que tempera e reflete o Cristo que traz salvação
Pa. Cláudia P. S. Pacheco
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