A Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE) é um departamento ligado à Comunidade Evangélica (IECLB). Foi fundada em outubro de 1915 - não há mais registro da data exata. O grupo foi fundado por iniciativa da Sra. Helene Schlieper e de seu marido, o Pastor Ernest Schlieper. Chamava-se, na época, “Sociedade das Senhoras de Taquara do Mundo Novo – Frauenhilfe”.
São poucos os documentos existentes dos primeiros anos. Conforme já relatado anteriormente, a Comunidade Evangélica de Taquara, por ser de origem germânica, com todos os seus primeiros pastores vindos da Alemanha (de 1854 a 1956), sofreu muitas perseguições durante as duas Guerras Mundiais. Especialmente durante a II Guerra, muitos documentos tiveram que ser destruídos – queimados ou enterrados. Mesmo após este período de trevas, não se produziu muito material escrito, pois o trauma da perseguição não se apagou tão rapidamente.
O livro de atas mais antigo da OASE reapareceu em 2005 – estava com uma família em Sapiranga. Não se sabe como foi parar lá. Contém as atas entre 1920 e 1940, todas escritas em língua alemã. A primeira ata, em 5 de abril de 1920, parece ser da primeira reunião após um período de paralisação de dois anos devido à I Guerra Mundial. Nesta reunião, o P. Friedrich Emil Schultz faz uma retrospectiva da fundação do grupo. Cita apenas que foi fundado em outubro de 1915, com 30 “sócias”. Em 1920, já contava com 110 “sócias”.
A fotografia mais antiga que se tem do grupo é de 1924, com 12 senhoras (diretoria e cantoras da Sociedade) e, entre elas, a fundadora, Sra. Helene Schlieper. A presidente da época era a Sra. Liesel Schultz, esposa do P. Emil Schultz.
Um Boletim Informativo da época, escrito pelo P. Schultz, relata que em 1927 a OASE de então tomou uma decisão importante: de construir uma casa sobre terreno de sua propriedade, recém adquirido. Serviria para a realização de suas reuniões e para a Escola Alemã, ligada à Comunidade Evangélica. Encontramos isto registrado, também, no livro de atas acima mencionado, com data de 3 de agosto de 1927.. Em novembro do mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental e, 3 meses depois, em 26 de fevereiro de 1928, era inaugurada a sede. Em março de 1928, reiniciaram as aulas com 60 alunos. Muitas crianças do interior moravam em casas particulares ou em pensões para poder estudar nesta escola. Lemos, ainda, em ata de 7 de março de 1928, que o grupo da OASE cede, por tempo indeterminado, sua casa para a escola sem cobrar aluguel.
Os primeiros anos da história da OASE andam paralelos com a história da Escola Evangélica em Taquara. Em 1929, chegava a Taquara o P. Schäfke. Em 1932 ele reabriu a Escola Alemã Evangélica (não se sabe quando nem por que havia fechado). Ela continuava funcionando na sede da 0ASE. Temos notícias de que já existia esta escola em 1873, segundo relata o P. Dietschi em suas reminiscências (escritas em torno de 1900). Esta mesma escola teve que ser fechada novamente em 1939, por imposição do Estado Novo, de Getúlio Vargas, quando dezenas de escolas evangélicas tiveram que ser fechadas no Rio Grande do Sul.
Paralelamente à Escola Alemã, foi iniciado, em 18 de outubro de 1931, o “Jardim de Infância”, por iniciativa da Sra. Dorothea Schäfke, esposa do Pastor local. Iniciou com seis crianças, na própria casa pastoral. Como o número de crianças ia aumentando, teve que ser transferido para a Casa da OASE. Dorothea, além de coordenar o Jardim de Infância, era a presidente da OASE (por dez anos). Portanto, a ligação entre as duas entidades era estreita. A OASE era responsável pelo pagamento das professoras, pelo prédio, enfim, pela manutenção do Jardim. Em 1964, as senhoras decidiram dar ao Jardim o nome “Dorothea Schäfke”, em homenagem à sua fundadora, que falecera no ano anterior.
Em 1967, o Jardim de Infância virou a Escola Primária. Foi mais uma iniciativa da OASE, que naquela época se chamava de “Sociedade Beneficente de Senhoras Evangélicas”. Ela realizava chás e promoções em benefício da Escola. Com a decisão de transformar a Escola Primária em Escola de 1o Grau Completo, a responsabilidade de manter o Jardim e a Escola foi transferida para a Comunidade Evangélica de Taquara. Terminava, assim, um período de 40 anos no qual a OASE deu ênfase ao trabalho educacional. Em tempo: a Casa da OASE, construída em 1928, foi demolida no início da década de 1990, para a construção do ginásio de esportes do Centro Sinodal de Ensino Médio Dorothea Schäfke.
A OASE sempre trabalhou em conjunto com a comunidade. Sempre procurou minimizar o sofrimento de outros. Alguns exemplos: em 1947, fez uma grande campanha para os famintos na Europa; em várias ocasiões ajudou os Asilos Pella (Taquari); colaborou na construção da Casa Matriz de Diaconisas, em São Leopoldo e de uma igreja em Itapoã; na comunidade local, sempre esteve presente trabalhando e arrecadando fundos para diversas obras (igreja, salão de festas, relógio da torre,...); sempre arrecadou alimentos e roupas para pessoas necessitadas, entre outras.
Ao lado do trabalho educacional e de solidariedade, também promovia noitadas de teatro e danças folclóricas. Nas reuniões, sempre se estudava o Evangelho e também se faziam trabalhos manuais. Isto também hoje ainda é feito. A OASE sempre entendeu que estava aí para servir.
Em 1973, preocupou-se, também, com a instalação de um lar para idosos em Taquara. O prédio do antigo Hospital Sagrada Família foi adquirido com recursos da comunidade. Porém, no início, contava com a ajuda voluntária de muitas senhoras da OASE. O nome: Lar OASE foi uma homenagem ao grupo.
E a OASE continua com suas atividades. Hoje, ela continua auxiliando pessoas necessitadas e instituições sociais. Além das reuniões semanais com o estudo bíblico e temático; faz-se visitas a pessoas e entidades; a ligação com o Lar OASE continua com visitas regulares e outras atividades; auxilia financeiramente o coral da comunidade; especificamente na Páscoa e no Natal distribuem-se brinquedos e comidas para crianças carentes – algumas atividades são realizadas em conjunto com o grupo de casais da comunidade.
“Sociedade das Senhoras de Taquara do Mundo Novo – Frauenhilfe”, “Sociedade Beneficente de Senhoras Evangélicas”, “Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas” – o nome variou durante estes quase 100 anos de atividades. Mas os objetivos permaneceram os mesmos: Ter comunhão, Servir, Testemunhar. O servir da OASE quis e quer ser resposta ao amor de Deus revelado no Evangelho de Jesus Cristo.
Somos, em primeiro lugar , gratas a Deus que nos guiou durante estes anos. Agradecemos, também, às senhoras que se dedicaram com fidelidade ao trabalho da OASE e às que continuam se dedicando. Que Deus continue a iluminar o caminho trilhado pela OASE em Taquara e em todos os lugares.