O Luto

04/11/2010

No dia 02/11 lembramos o dia de finados. Lembramos com respeito das famílias enlutadas. Toda pessoa que perdeu alguém de quem gostava muito está de luto. Estar de luto é uma série de reações, sensações e sentimentos que experimentamos depois da perda de alguém especial. Se havia uma ligação afetiva muito forte com a pessoa ou então uma convivência muito grande, é comum pensar muito nela, vê-la nos lugares que ela costumava estar, ouvir sua voz e pensar em falar com ela.

São inúmeras pessoas que passam pelo luto: é o sentimento de dor que invade nossa alma pela morte de alguém. Um familiar, um amigo/a, alguém de nossa convivência. Atualmente tenho escutado intensamente a frase: hoje não se faz mais luto. Como pessoa, ser humano que tem sentimentos e que crê nas promessas de nosso bondoso Deus, confesso que fico preocupada com este tipo de pensamento sobre uma fase tão delicada na vida da família enlutada. Quando perdemos um ente querido, passamos pelo luto e não há como fugir da realidade da morte. Vamos necessitar de tempo, para colocar nossos sentimentos em ordem. Portanto, o luto faz parte da vida pós-moderna.

A psicologia explica que existem fases distintas do luto e que não existe uma seqüência lógica para cada uma delas. Elas podem se alterar e se misturar. Num primeiro momento acontece o choque ou negação. Muitas vezes a morte colhe as pessoas de surpresa. A nossa reação é: isto não pode ser verdade!

Em seguida segue a fase controlada. Depois da fase inicial, segue-se uma fase mais controlada. A pessoa enlutada é desviada e distraída por diversos acontecimentos e fatos que sucedem ao seu redor. Ela precisa pensar em várias questões, o sepultamento. A cerimônia, pessoas em sua volta, agitação... Os sentimentos são confusos, aí a família enlutada não chega a se dar conta exatamente do que acontece.

Surge então nos dias que seguem o vazio existencial ou depressão. É a fase mais importante do processo de luto, e mais prolongada e dramática. Ela inicia quando cessa a agitação do funeral, os familiares e amigos se foram e a família retorna a rotina do dia-a-dia. Só que a rotina não é mais a mesma. O sentimento de perda se instala tão forte que parece ser impossível pensar em outra coisa. Onde quer que você vá e não importa o que você faça, a pessoa falecida parece estar presente. Nesta fase a pessoa enlutada se dá conta do que realmente aconteceu. Muitos enlutados sentem um grande vazio existencial, sendo possível que lhes venha um sentimento de perda do sentido da vida. É a fase em que a pessoa enlutada mais precisa do apoio dos familiares, amigos, vizinhos e sua comunidade de fé. Os sentimentos afloram, surge a revolta e o sentimento de abandono por Deus e por todos. Isola-se e guarda profunda mágoa daqueles amigos e parentes que não foram ao funeral. Esta é a fase em que se pode visitar e construir laços de confiança.

Por fim surgirá a fase de readaptação. Vai surgindo aos poucos. A medida que o enlutado consegue reorganizar sua vida, reencontrando a alegria e tomar iniciativas. Como por exemplo: muda a decoração de sua casa, consegue doar roupas e objetos da pessoa falecida. Começa a reorganizar seus sentimentos, aos poucos vai se readaptando a nova realidade.

Quando falo de luto é para tentar ajudar as famílias enlutadas, que estão sofrendo com a dor da saudade, da ausência de um ente querido. Cada situação de luto é especial, delicada e única.

A Bíblia diz: “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer... tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar, tempo de estar calado e tempo de falar... tudo fez Deus formoso no seu devido tempo, também pôs a eternidade no coração do ser humano... Ec 3.1ss

Infelizmente a sociedade capitalista em que vivemos é marcada por uma grande incapacidade de chorar e até mesmo entender as fases do luto. Estimado leitor/a, se você está passando pelo luto, procure alívio e refrigério para sua alma, na palavra de Deus. No grupo de oração em sua comunidade, na OASE, na Juventude, no Grupo de Casais nos cultos, no aconselhamento pastoral, procure sua comunidade de fé. Guarde o tempo de luto necessário, respeite seus sentimentos e especialmente a memória da pessoa falecida. Não queime etapas em sua vida e na vida de seus amados familiares. Lembre-se de que nada pode separar-nos do amor de Deus como diz o apóstolo Paulo:

“Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, em qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” Rm 8.38-39

Um forte abraço em Cristo.

Pastora Jaqueline Michel Piazza
Paróquia Getúlio Vargas/RS


Autor(a): Jaqueline Michel Piazza
Âmbito: IECLB / Sinodo: Planalto Rio-Grandense
Área: Missão / Nível: Missão - Acompanhamento e consolação
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 7870
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Não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não o foram os nossos ancestrais e a nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: Eu estou convosco até o fim do mundo (Mateus 28.20).
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