“O grande valor da mansidão”.

16/06/2016

A maneira como as pessoas tratam umas às outras é algo que nem sempre pode ser elogiado. Quem já não sofreu humilhação, desrespeito e desconsideração? Isso acontece porque no coração humano há inveja, egoísmo e cobiça. O que importa é a minha carreira, os meus sonhos, as minhas coisas. Quando as pessoas fazem disso seu jeito de viver “há confusão e toda espécie de coisas ruins” (Tiago 3.16).

Para nossos relacionamentos serem saudáveis as Escrituras nos apresentam uma palavra muito especial: mansidão (Tiago 1.13). O termo grego é “prautes” e significa gentileza, humildade, cortesia, consideração, amabilidade. E não podemos dizer que “essa conversa de mansidão não é comigo!”. Jesus foi manso e disse que devemos aprender isso com ele: “Vinde a mim... e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11.28,29). O descanso encontro chegando a Jesus e aprendendo a mansidão com ele. A mansidão abre a porta para a paz. Temos uma linda história na Bíblia sobre isso. Você pode ler ela em 1º Samuel 25.2-13,32-33. Vamos observar alguns detalhes importantes.

Eram tempos difíceis. As pessoas mentiam, enganavam, eram corruptas e pensavam somente em si. Nada tão diferente de nossos dias. Mas no meio dessa lama toda tinha um diamante que brilhava: seu nome era Abigail. Ela viveu na época de Davi e era casada com Nabal. Ele tinha gado e ovelhas e se orgulhava de ambos. Ele mantinha sua adega cheia e rodava por aí num carrão novo. A Escritura diz que ele era “duro e maligno em todo seu trabalho” e “é tão mau que ninguém consegue conversar com ele”. Ele aprendeu a lidar com as pessoas no zoológico local. Ele sempre conseguia irritar ou outros e não tinha relacionamento que ele não pudesse estragar. Ele não conhecia a mansidão. Quando se é assim coisas ruins acontecem. Davi era uma espécie de Robin Hood do deserto. Israel não tinha polícia rodoviária e por isso Davi e seus 600 soldados protegiam fazendeiros e pastores dos bandidos e beduínos. Um dos empregados de Nabal falou-lhe sobre Davi: “Eles nos protegeram dia e noite o tempo em que estivemos com eles tomando conta do rebanho”. Davi e seus homens foram um muro de proteção para os empregados de Nabal.

Mas quando tudo está bem uma pessoa sem mansidão vai criar problemas. Depois da colheita, ovelhas tosquiadas e feno recolhido era hora de assar o pão e o cordeiro, beber o vinho e aproveitar do fruto do trabalho. Nabal e seus homens festejavam. Davi fica sabendo da festança e acha que seus homens merecem um convite, afinal de contas eles protegeram as colheitas. O que acontece? Nabal zomba deles e finge nunca ter ouvido falar de Davi. Diz que Davi deve era um vagabundo qualquer. Isso chegou aos ouvidos de Davi. Sabem o que ele disse? Peguem as espadas! Pois é... onde não há mansidão o tempo vai fechar!

Davi fica furioso! Quem poderia impedir? Nenhum exército iria parar ele. Nenhum valente o faria mudar de ideia. É então que surge Abigail. A Bíblia diz que ela era “sensata e formosa”. Ela providencia comida e bebida e vai em direção de Davi. Aqueles homens raivosos puxam as rédeas dos cavalos e param! Ela sabe da importância daquela hora: ela é a última barreira entre sua família e a morte certa. Esta barreira não é outro exército, é apenas uma mulher com mansidão. Ela não defende Nabal; concorda que ele é um canalha e que Davi está certo! Mas ela não pede justiça, ela pede por perdão! “Perdoe, por favor, qualquer coisa errada que eu tenha feito”. Suas mansas palavras tem tanta força que mudam a intenção de Davi que agradece a Deus por sua mansidão e bom senso. Ele volta para sua casa.

A mansidão pode vencer a barbárie. A mansidão salvou a pátria naquele dia. A mansidão de Abigail reverteu um rio de raiva. A mansidão tem tal poder. Desculpas podem desarmar discussões. O arrependimento pode neutralizar a raiva. Gestos de paz trazem o bem. Abigail nos ensina muita coisa: o poder contagiante da mansidão e a força que tem um bom coração. Mas ela também nos faz olhar para Jesus. Abigail se colocou entre Davi e Nabal. Jesus colocou-se entre nós e Deus. Ela se ofereceu para ser castigada pelos pecados de Nabal; Jesus se ofereceu pelos meus pecados. Devemos perguntar: se ele nos amou tanto, não podemos amar uns aos outros? Tendo sido perdoados, não podemos perdoar? Tendo festejado à mesa da graça, não podemos compartilhar algumas migalhas de pão? “Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros” (1João 4.11).

Você acha que este mundo de Nabal é difícil de suportar? Olhemos para Cristo e menos para os encrenqueiros: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Romanos 12.21). Quem é manso pode esperar o melhor. Jesus disse: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mateus 5.5).
 


Autor(a): P. Astor Albrecht
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Confessionalidade / Nível: Confessionalidade - Prédicas e Meditações
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 38336
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