2 Nas nossas orações sempre damos graças a Deus por todos vocês e nunca deixamos de pedir em favor de vocês.
3 Pois lembramos, na presença do nosso Deus e Pai, como vocês puseram em prática a sua fé, como o amor de vocês os fez trabalhar tanto e como é firme a esperança que vocês têm no nosso Senhor Jesus Cristo.
4 Irmãos, sabemos que Deus os ama e os escolheu para serem dele.
5 Pois temos anunciado o evangelho a vocês não somente com palavras, mas também com poder, com o Espírito Santo e com a certeza de que esta mensagem é a verdade. Vocês sabem de que maneira nos comportamos no meio de vocês, para o próprio bem de vocês.
6 E vocês seguiram o nosso exemplo e o exemplo do Senhor Jesus. Embora tenham sofrido muito, vocês receberam a mensagem com aquela alegria que vem do Espírito Santo.
7 Desse modo vocês se tornaram um exemplo para todos os cristãos das províncias da Macedônia e da Acaia.
8 Pois a mensagem a respeito do Senhor partiu de vocês e se espalhou pela Macedônia e pela Acaia, e as notícias sobre a fé que vocês têm em Deus chegaram a todos os lugares. Portanto, sobre isso não é preciso falarmos mais nada.
9 Todas as pessoas desses lugares falam da nossa visita a vocês e contam como vocês nos receberam bem e como vocês deixaram os ídolos para seguir e servir ao Deus vivo e verdadeiro.
10 Elas contam também como vocês estão esperando que Jesus, o Filho de Deus, a quem Deus ressuscitou, volte do céu, esse Jesus que nos salva do castigo divino que está para vir.
Estimadas Irmãs, estimados irmãos!
I. “Nicht getadelt ist genug gelobt!” Não criticou?- Elogio suficiente!
É clássico o senso crítico dos luteranos. O nosso normal é botar defeito em tudo que é da nossa igreja. Isto vale tanto para os leigos quanto para os obreiros. Quando está muito bom, podemos perceber somente porque as queixas deram uma trégua. Exatamente como diz o provérbio alemão: Não criticou?- Elogio suficiente! Quem já mudou o lado do balcão já experimentou: Somente chegam os comentários negativos, os positivos não são falados. Quando tudo dá certo, o sucesso é de todo mundo, quando não deu, a culpa é da pessoa responsável. Este mecanismo costuma ser mais difícil para os leigos, que são surpreendidos, do que para os pastores que já são habituados.
Esta atitude tem, sem dúvida, a ver com nossa tradição protestante, de questionar, de assumir responsabilidade – não para qualquer coisa. É boa tradição protestante de não se conceder poder para uma pessoa sem critérios. Não há carta branca. Serve o exemplo da Bispa Margot Käsmann que renunciou de todos os cargos após ser pega dirigndo alcolizada. Acredito que na IECLB seria semelhante.
Mas chega ao exagero a obstinação por encontrar um defeito. Quantas vezes já ouvi de lideranças de comunidade que ela estaria falida, que o pastor não serve, que ninguém presta....etc. É dureza... Fica a suspeita que esta fala tem a função de justificar porque a pessoa não quer se envolver. O nosso senso crítico chega a ser tanto que inibe o desenvolvimento da comunidade. É como com aquele filho que tanto escutou que ele não presta até resolver de não prestar mesmo.
Para melhorar neste ponto podemos ouvir o que Paulo escreve para a comunidade em Tessalônica. Ele, que em outras ocasiões pode ser arrisco e crítico, a elogia muito e expressa seu apreço por ela. Ele gosta muito desta comunidade. É um caso de amor. O relacionamento é tão bom que ele deixa claro que o anúncio que fez no meio deles veio de uma convicção profunda, não somente com palavras. Ele tem muito carinho por esta gente e eles também para com ele.
II. Firmeza e Esperança:
Esta ligação vem da história da comunidade. Paulo pregou primeiro na Sinagoga de Tessalônica. Pregou o evangelho do amor incondicional de Christo. Ele se sente especialmente chamado para os não-judeus. Defende que eles podem aceitar Cristo sem passar pelo judaísmo antes. Na época isto era revolucionário e falava aos corações daqueles não-judeus que frequentaram a sinagoga como “Tementes a Deus”. Com esta gente começou a comunidade. As lideranças da sinagoga não gostaram e começaram a denunciar na prefeitura e a exercer pressões. Paulo fica sabendo e preocupado sobre a firmeza da comunidade. Ele manda Timóteo e fica muito contente ao saber que eles ficaram firmes e não voltaram atrás. É desta visita que o texto relata.
Vale suspeitar sobre o porque desta firmeza. Acho que é porque há este clima de amor e valorização. É um lugar caro para perder. Ninguém quer perder o lugar onde foi amado. Muito diferente fica quando este lugar é o lugar de apanhar de criticar de denegrir. Fica bem mais frágil.
Tem mais: O que mais segura esta comunidade na sua fé é a sua esperança: Eles estão esperando que Jesus volta logo. Sem dúvida, isto é expressão de fé destas primeiras comunidades. Eles acharam que eles ainda chegariam a ver o retorno de Jesus e estavam ansiosos por isto. A esperança era tanta que Paulo na segunda carta aos Tessalonicenses tinha que discipliná-los porque alguns haviam parado de trabalhar. Paulo diz então a frase famosa: “Nós lhes ordenamos isto: Se alguém não quiser trabalhar, também não coma.” (2ª Tess 3,10). Como bem sabemos, Cristo não voltou logo e estamos esperando até hoje. Mas continua sendo o diferencial da fé cristã se esperamos a chegada de Deus neste mundo e em nossa vida. Em última instância é a questão se nos acreditamos que a nossa fé faz diferença de fato para a nossa vida.
III. Para além do Bairrismo:
E onde ficamos nos aqui na fita? Ao perceber que o espírito de valorização que Paulo elogia na comunidade de Tessalônica tem a ver com sua história. Eles abraçaram um evangelho que extrapola suas limitações tradicionais: Quem está com Cristo está com eles. Muito simples.
Nós aqui temos o nosso histórico como igreja dos alemães. Alguns anos atrás uma liderança daqui me contou que aceita pessoas não descendentes alemães somente por que não tem jeito. Precisamos deles.
Isto é muito pouco! Se ao mesmo reclamamos da falta de visibilidade da nossa comunidade, isto ocorre exatamente em função deste bairrismo que acrescenta algo estranho ao evangelho. Temos uma vizinha aqui que durante décadas olhava com interesse para cá mas achava que não podia ir. Hoje ela está conosco. Já demos grande passos na direção certa mas podemos dar mais!
Isto também diz respeito a nossa esperança. Aqui já ficou folclórico a afirmação que isto aqui vai acabar. Já somos acostumados. Ao mesmo tempo é um lugar tão caro para tantas famílias. POdemos fazer a diferença se acreditamos na chegada de Deus. Porque as coisas chegam a vida principalmente a partir da nossa esperança!
Amém
P. Guilherme Nordmann - w.nordmann@gmail.com