Marcos 9.14-29
Invocavit
Situação constrangedora a dos discípulos: procuraram ajudar, curar o jovem epiléptico. - e não conseguiram.
Situação semelhante a da Igreja: necessidades urgentes de todos os lados - mas os cristãos não conseguem oferecer auxílio eficaz. Em vez disso, ou por causa disso, nascem as discussões - amargas, intermináveis, às vezes inúteis.
De qualquer modo não podemos fechar os ouvidos à crítica de fora: a Igreja falhou, os cristãos fracassaram.
Jesus também não cortou a discussão. Sua primeira pergunta é justamente para saber por que tinha nascido a discussão. Jesus sabe ouvir. Jesus faz questão de ouvir. Jesus se interessa pelo garoto, pelo pai, pela doença. Jesus leva a sério um caso de doença, qualquer caso de doença. Jesus olha para o sofrimento de uma vida, de qualquer vida, de todas as vidas.
Quer dizer: em alguns casos não é suficiente assinalar, na Mordomia, apenas o quadrinho orar para missão da Igreja.
Em alguns casos, para que essa oração se torne verdadeira, honesta, completa, será preciso participar da ação social...
Seja como for, na multidão que discutia, escutava ou apenas olhava o que estava acontecendo, certamente havia muitos que também oravam. (Discípulos!)
No entanto: gente incrédula! Por Quanto tempo ainda terei de aguentar vocês? Até quando terei de suportar vocês? - Palavras duras, pelo menos para os discípulos!
E nós? Não temos seguido a impressão de que nós é que toleramos a Jesus? Não é frequente a ilusão de que estamos fazendo tanto, até o impossível, pela Igreja? Essa falsa impressão, essa ilusão que gostamos de alimentar - é radical mente cortada pelas palavras:, gente incrédula!
O espanto e a surpresa da multidão, a vontade de só discutir dos doutores da lei e a incapacidade de curar dos discípulos - tudo incredulidade!
Todos aqueles que em todos os tempos e lugares insistem em fazer e estabelecer diferenças de valor entre as pessoas, deveriam meditar sobre essa nivelação: gente incrédula.
Mas Jesus não rejeita incrédulos - essa é a outra verdade que não pode nem deve ser esquecida. No meio de toda aquela gente sem fé, havia também um pai capaz de dizer: mesmo que os discípulos não conseguiram nada, talvez o Mestre possa fazer alguma coisa...
E seu pedido é modesto: se for possível, ajude-nos! Tenha pena de nós!
Novamente Jesus fala. Agora não se ouve mais a cortante severidade de antes. Porque Jesus tem compaixão. Se é verdade que todos são incrédulos, também é verdade que todos precisam de ajuda.
O homem diz: se for possível...
E Jesus replica: tudo é possível para quem crê, para quem confia.
E então, só então, só depois de ter ouvido a palavra libertadora de Jesus - palavra que ajuda mais do que muitas discussões - só então aquele pai, aquele homem, foi capaz de dar sua resposta. Só então ele faz a mais bela, a mais curta, a mais humilde, a maior profissão de fé de que um homem é capaz: - eu creio, ajuda-me na minha falta de fé. Eu acredito, mas ainda tenho dúvidas, eu quero ter confiança, mas ainda desconfio às vezes, eu quero crer, talvez eu consiga crer, - mas ajuda-me, em todo caso, ajuda-me.
Para Jesus isso já é suficiente. Para Jesus isso basta. Jesus não decepciona aquele comecinho de fé. Jesus não despreza aquela confiança cheia de angústias e perguntas. Não foi preciso a fé que movimenta montanhas, para que o poder de Deus se demonstrasse vigorosamente. Até quando a falta de fé grita por auxilio, Jesus estende a mão. E quando todos acham que o menino morreu, Jesus o põe novamente de pé.
A violência da enfermidade e o fracasso dos discípulos só puderam demonstrar uma coisa: a vitória do poder de Jesus. Assim como a violência da cruz só serviu para demonstrar a vitória da ressurreição.
Por que os discípulos falharam? Por que fracassam os cristãos, tão seguido?
Jesus responde: esse tipo de espirito só pode ser expulso por meio da oração.
Se alguém não souber orar, comece assim: eu creio, Senhor, ajuda-me na minha falta de fé!
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