Leitura Bíblica Básica: Marcos 3.1-6
Outras Leituras:
Autor: P. Elton Pothin
e-mail:
Origem: CEJ - Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville - SC
Data da pregação: 01/06/2008
Data Litúrgica: 2º domingo após Trindade
Prédica:
Prezada Comunidade cristã aqui reunida.
Este texto de Marcos 3 que acabamos de ler pode ser abordado sob muitos aspectos. E eu gostaria de conversar hoje sobre o versículo 5, quando Jesus fala da dureza do coração humano: Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração, disse ao homem: estende a mão. Estendeu-a, e a mão lhe foi restaurada.
Vejamos a situação: Jesus quer curar este homem num dia de sábado. A lei judaica proibia isto, permitindo o atendimento apenas em caso de risco de vida para a pessoa - o que não era o caso.
Confrontam-se duas opiniões, dois conceitos contraditórios:
- Aquele que coloca a lei acima da necessidade da pessoa;
- Aquele que coloca a necessidade humana acima da lei.
Os fariseus, escriba e herodianos colocam a regra/lei acima da misericórdia. Existem mais dois exemplos claros nos evangelhos que gostaria de citar:
1. Em Marcos 2.23-28, Jesus colhe espigas no campo em dia de sábado. Jesus não estava roubando. Era costume que o que ficava no campo após a colheita pudesse ser recolhido pelos pobres - mas não em dia de sábado. E Jesus estava passando por um destes campos que já havia sido colhido e estava recolhendo espigas, pois estavam com fome. E novamente os fariseus querem adverti-lo e Jesus responde: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. (Marcos 2.27)
2. Também em João 8, escribas e fariseus trazem para Jesus uma mulher adúltera. E adultério era punido com morte por apedrejamento. Não havia lugar para a misericórdia, para o arrependimento, para o perdão, para a mudança de vida. Havia uma lei a ser seguida à risca. E o que Jesus fez? Diz a todos: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. (João 8.7)
Jesus via em primeiro lugar a PESSOA, A NECESSIDADE DO SER HUMANO. Olhava para as pessoas com amor, com carinho, com compreensão. Acolhia, perdoava, dava uma nova chance.
E criticava os que tinham um m coração duro, de pedra. Num coração duro não há como entrar a Palavra de Deus - que ensina misericórdia, amor, acolhimento, perdão. Podemos ver isto de forma clara se formos jogar água nesta pedra e nesta esponja. A água não vai penetrar na pedra, somente na esponja.
E nós, muitas vezes, somos estes que têm o coração duro, de pedra. Somos como os que têm olhos, mas não vêem, têm ouvidos, mas não ouvem (Marcos 8.18). Somos, muitas vezes, como aqueles que vêem um cisco no olho do outro e não vêem a trave no próprio olho (Mateus 7.1-5) - vemos os defeitos, os pecados do outro/s, e não vemos os nossos próprios.
E julgamos, discriminamos, como faziam os escribas e fariseus e esquecemos da misericórdia, do amor, do perdão.
Gostaria de citar um exemplo que aconteceu numa pequena empresa. Esta empresa tem dois sócios. E estava admitindo funcionários. E descobriram algum tempo depois que um dos funcionários havia mentido, ocultando o fato de ter sido presidiário. Um dos sócios da firma o chamou, ouviu sua história e que ele não havia falado nada pelo medo de não ser admitido no emprego, pelo preconceito que há contra ex-presidiários, ainda mais em cidades pequenas. Pediu desculpas, argumentando que tinha família, um filho pequeno e que precisava do emprego. Um dos sócios lhe deu uma nova chance. O outro quis despedi-lo a todo custo - bandido e mentiroso não pode trabalhar na nossa firma! Felizmente, prevaleceu a misericórdia, e o funcionário está até hoje trabalhando nesta firma, sendo que é um ótimo trabalhador e com uma conduta ética exemplar.
Jesus hoje também olha para cada um de nós, para nosso coração. E, quando ele ver seu coração, ele irá ficar feliz ou irá ficar indignado e condoído com a dureza dele? Irá encontrar um coração de pedra ou um coração cheio de misericórdia e amor?
Amém.