JUBILATE
Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: Eu via a Satanás caindo do céu como um relâmpago.
Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.
Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus.
(Lucas 10.17-20)
Um túmulo sem honra: quem terá sido?
Os nomes que nunca aparecem nos jornais: mas as pessoas existem! Se nós perdêssemos nosso nome seria horrível (ex.: quando o nome fica manchado por motivos morais e rivalidades).
A preocupação de alguns: o nome importante...
Só essas rápidas referências mostram que nosso nome não é qualquer coisa. Muita coisa gira em torno dele, está ligada a ele.
Mas existe mais alguém que se interessa por nosso nome e nossa pessoa: e esse alguém é Deus. Há milênios, os homens ameaçados, amedrontados e angustiados têm ouvido a promessa e o convite: Não temas, porque eu te remi; chamei-te peio teu nome — tu és meu. Assim sendo, ninguém está tão só, tão abandonado, tão afastado ou tão esquecido porque Deus, em todo caso, é quem o chama, o acolhe e o aceita.
De fato, se alguém quisesse saber rapidamente o resumo de tudo o que está contado na Bíblia, poderia receber esta informação: é a história de como Deus escolhe e acolhe os homens. Se alguém quisesse saber para que existe Igreja, bastaria a resposta: para anunciar e contar a todos que Deus chama e busca a todas as suas criaturas.
Deus se lembra de nós. Para Deus não somos, apenas, os trabalhadores, os operários, a classe média, a massa anônima, os encostados. os aposentados, os terroristas, os ricos ou os pobres. Para Deus somos gente que até recebe um nome, uma identidade permanente — uma presença.
Parece-me que justamente num tempo em que a pessoa está sendo tão esquecida, tão maltratada, tão facilmente aniquilada — é motivo de alegria saber que, para Deus, cada pessoa, qualquer pessoa, ainda é tão importante como no dia da Criação. A tal ponto — que Deus lembra e guarda o nome de cada um. Justamente por isso, o nome de cada um é mencionado, na hora de seu batismo, no momento de seu festivo ingresso no povo de Deus. E também por isso o nome de cada um é mencionado na hora de seu enterro, no momento em que confiantemente o entregamos às mãos de Deus.
Podemos e devemos alegrar-nos com isso. Isso pode e deve alegrar-nos ainda mais do que todos os sucessos pessoais e profissionais, mais do que todos os êxitos missionários e evangelísticos.
Dizendo diferente: essa alegria é capaz de perdurar até mesmo quando a vida se torna um fracasso pessoal e profissional. Essa alegria continua sendo completa, até mesmo quando o cristão só conhece a dor e a decepção.
É claro que se agora alguém interrompesse para dizer: Duvido! — eu compreenderia o desabafo.
Do ponto de vista pessoal, existem muitas coisas feitas de encomenda para arrasar com a alegria de qualquer um.
Do ponto de vista profissional, entre as muitas decepções, tem a de ontem: os operários tiveram licença para olhar, de graça, os tigres e elefantes do zoológico (no Rio de Janeiro). Talvez estivessem esperando alguma coisa menor de que um elefante, mas mais importante para eles, suas mulheres e seus filhos.
Do ponto de vista cristão, nossa comunidade conhece o sabor amargo de um templo em construção — paralisada.
E todos aqueles que se empenham, se preocupam e se desdobram na divulgação do Evangelho, devem sentir às vezes um imenso cansaço. Cansaço de descobrir que tantos preferem ainda o medo — e desprezam a alegria. Que tantos preferem colocar amendoim e coco sobre as sepulturas esquecendo a cruz sobre os túmulos. A cruz que aponta para a vida, para o Deus que se lembra da nossa vida, para o Deus que nos aconselha a comer amendoim e coco, em vez de ficar 'alimentando fantasmas...
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Sim, são muitas as coisas que nos levam a duvidar da alegria. No entanto — por que Jesus insiste nessa alegria maior? Por que Jesus chama a atenção dos discípulos para essa alegria mais completa, no instante em que eles voltavam já tão felizes com o sucesso, com a vitória sobre os demônios?
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A queda de satanás. Como? Por Jesus! Nós, nossa situação — e o diabólico hoje.
(A injustiça social, a técnica da destruição, a superstição e o medo).
Também os discípulos de hoje não conseguirão vencer e derrubar todos os demônios.
A alegria completa é saber que Jesus já fez isso -- de uma vez por todas.
O que há são restos de gente enganada...
Os que sabem estão sendo convidados a comemorar a vitória maior.
Na Ceia — convidados pelo nosso nome! Amém.
(Juiz de Fora — 2-5-71)
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