João 6.22-35 - Jesus, o pão da vida

Prédica

02/08/2009


Leitura Bíblica Básica: João 6.22-35
Outras Leituras:
Autor: P. Germanio Bender
e-mail: germaniobender@uol.com.br
Origem: Paróquia Martin Luther
Cidade: Joinville - SC
Data da pregação: 02/08/2009
Data Litúrgica: 8º Domingo após Trindade

Prédica:
Querida comunidade. Irmãos e irmãs em Cristo.

A cada encontro na comunidade, a cada culto, ou atividade na Igreja podemos e talvez devêssemos fazer a pergunta: O que estamos procurando? O que nós esperamos encontrar quando nos reunimos na igreja? Como cristãos e como comunidade, o que esperamos de Jesus? Por que nos reunimos em culto e tudo mais?

O verso 24 do nosso texto informa: “Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, tomaram os barcos e partiram para Cafarnaum à sua procura.”

O texto afirma que a multidão corria atrás de Jesus, mas o que esperam encontrar, o que buscam, o que desejam? Jesus mesmo responde esta pergunta no verso 26: “Vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres.” Ou seja, a multidão procura a comida fácil, o pão sem esforço que veio do milagre realizado por Jesus um pouco antes.

Nosso texto é uma continuação do milagre da multiplicação dos pães, que é relatado no capítulo 6. Agora a multidão segue a Jesus porque quer ver novos milagres, quer alimentar-se, quer mais do pão oferecido por Jesus. Podemos ver isso na cobrança que fazem no verso 31: “Os nossos antepassados comeram o maná no deserto.” “Que milagre o Senhor vai fazer para que o vejamos e creiamos?” (v.30).

Então nosso Senhor critica a multidão que quer apenas a comida fácil, mas não entendeu o propósito maior de sua vinda. E Jesus nos desafia a buscarmos os valores do Reino de Deus:

“Trabalhem não pelo pão que perece, a comida que estraga, mas busquem aquela que dura para a vida eterna.” (v.27). E ao mesmo tempo nos convida para a fé naquele que é pão da vida e que sacia para sempre a nossa fome (v.35). O que tudo isso pode significar?

Por um lado, Jesus reconhece a nossa necessidade de comida, do alimento cotidiano para o corpo – por isso ele fez o milagre da multiplicação. Por outro lado, ele nos ensina que o ser humano precisa de muito mais do que comida no estômago. Há uma fome que o pão feito de farinha não pode saciar. Assim como há uma sede que apenas a água não pode matar.

O apóstolo Paulo também nos lembra que “O reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). E nosso Senhor nos desafia: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça.” (Mt 6.33). E continua a nos exortar: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” (Mt 4.4).

Vivemos num mundo em que ainda há fome; falta pão na mesa de muita gente. Ao mesmo tempo há muitos que acumulam o pão e dele jamais se fartam.

A distância entre estes dois mundos, entre a fartura e a miséria, às vezes é bem pequena. Lembro de uma excursão que fizemos ao Rio de Janeiro em 2006. Ficamos hospedados num hotel na Cinelândia. De manhã tomamos um café reforçado, com muitas frutas, sucos e variados tipos de pães. Então saímos do hotel para realizar nossos passeios. Ao descermos praticamente tropeçamos nos mendigos que dormiam debaixo das marquises dos prédios. Eles não tomariam café naquele dia e talvez tivessem que se alimentar dos restos que nós dispensamos. A distância entre a abundância e a escassez era a descida no elevador do prédio em que estávamos hospedados.

Quando Jesus se apresenta como o pão da vida, ele quer ser o equilíbrio entre a falta de pão e o seu acúmulo. Ele nos ensina que o pão, a comida não é tudo na vida. Jesus quer saciar a sede e a fome que brotam do interior de cada pessoa.

Quando não nos alimentamos do pão da vida, nos apegamos tanto às necessidades materiais que vai faltar pão e sentido de vida para nós mesmos e para as pessoas ao nosso redor.

Estou convencido que a corrida exagerada atrás de bens materiais e a busca desenfreada de satisfação das nossas necessidades físicas, muitas vezes é apenas um sintoma que aponta para o nosso vazio existencial.

Na verdade todos nós temos uma necessidade espiritual: precisamos de sentido na vida e de esperança diante da morte. Estas não podem ser satisfeitas e supridas pela ciência, pela tecnologia, pelas nossas economias, nem pelas conquistas sociais, econômicas ou políticas.

Nada pode substituir aquele que é o pão da vida.

Por isso, nem tudo se resolve com o milagre da multiplicação dos pães. As pessoas precisam de algo mais. Quem se alimenta de Jesus Cristo, o pão da vida, nunca mais terá fome. Este pão está a nossa disposição.

Quando Jesus se apresenta como o pão da vida ele está afirmando que é tudo aquilo que o ser humano precisa e tudo aquilo que Deus oferece. Vida com sentido (eu sei por que estou aqui), vida com um propósito (eu sei para que vivo – servir a Deus, no serviço ao próximo), vida com esperança (caminhamos não para o nada/vazio, mas em direção à vida eterna).

Meus amados irmãos e irmãs. O maior milagre que Jesus quer realizar não é saciar a nossa fome de pão, mas nossa fome por vida. Esta fome apenas a fé no Filho de Deus pode saciar. Esta é a maior obra que Deus quer realizar: Conduzir-nos a fé em Jesus Cristo (v.29) e ao reconhecimento de que ele é o pão da vida.

Agora, para terminar, volto ao questionamento inicial: O que nós buscamos quando vamos à Igreja? O que esperamos encontrar? Um milagre de Jesus que resolve facilmente os nossos problemas? Não é isso que Jesus oferece neste texto.

Que não sejamos como a multidão que segue a Jesus, seduzida pelo pão fácil; que possamos encontrar em Jesus o pão que sacia a nossa fome de vida e nos conduz à vida eterna. Que assim seja. Amém.


Autor(a): Germanio Bender
Âmbito: IECLB / Sinodo: Norte Catarinense / Paróquia: Joinville - Martin Luther
Natureza do Domingo: Pentecostes
Perfil do Domingo: 9º Domingo após Pentecostes
Testamento: Novo / Livro: João / Capitulo: 6 / Versículo Inicial: 22 / Versículo Final: 35
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Prédica
ID: 8873
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Assim, outros carregam o meu fardo, a força deles é a minha. A fé da minha Igreja socorre-me na perturbação. A oração alheia preocupa-se comigo.
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