História de vida de Gudrun Braun

03/11/2016

 

Nome: Gudrun Braun
Tempo de participação na IECLB: Desde 1960, quando se mudou da Alemanha para o Brasil.
Comunidade: Bom Samaritano – Ipanema/RJ
Sínodo: SUDESTE

Escrever a biografia de alguém é um ato de carinho, respeito, admiração. É um ato de contar experiências e relatar acontecimentos vividos. Contar a história de Gudrun Braun é também contar grande parte da história da OASE.


Gudrun Braun nasceu numa cidadezinha histórica no Sul da Alemanha, chamada Weinsberg. Teve uma infância feliz, mas sempre acompanhada pelas consequências da Segunda Guerra Mundial. Começou muito cedo a frequentar o Culto Infantil e os Estudos Bíblicos com o pai, que era Pastor luterano. Mais tarde, o pai dela assumiu um pastorado em outra cidade do sul da Alemanha, onde moravam poucos evangélicos. Depois da guerra, no entanto, vieram cada vez mais evangélicos entre os refugiados.

Gudrun esperou ansiosamente pelo dia da Confirmação, pois queria participar no grupo da Juventude. O grupo era bem organizado. Os jovens realizavam reuniões, passeios, mas também ajudavam muito na Comunidade.

Um dia a mãe de Gudrun disse que a Igreja enviaria um Pastor brasileiro para ajudar na Comunidade onde residiam, pois o pai não estava bem de saúde. Então, o Pastor brasileiro Karl Gerhard Braun chegou à Comunidade e realizou um lindo trabalho. Gudrun e Karl Gerhard se apaixonaram. Casaram na Alemanha e depois seguiram para o Brasil, para dar continuidade ao trabalho do marido junto à Comunidade de Panambi, RS, onde chegaram no dia 4 de março de 1960. Era uma tarde chuvosa e foram buscados de Jeep, em Cruz Alta e, logo no primeiro dia tiveram um “encontro” com um dos barrancos da estrada. No primeiro dia o casal já teve contato com a OASE. Foram escalados para dirigir um programa alusivo ao Dia Mundial de Oração, na Linha Iriapira II, no interior do município.

Os três filhos do casal Braun nasceram em Panambi. Além de cuidar dos filhos, da casa e ajudar o marido nas atividades da Comunidade, Gudrun participou ativamente na OASE. De terças a sábados havia reuniões em diversos lugares da Paróquia. Para atender melhor o grande número de mulheres da OASE Centro de Panambi, Gudrun se empenhou, junto com a diretoria do Grupo, em dividir o trabalho em 10 subgrupos. Cada subgrupo recebeu o nome de uma mulher da Bíblia. Assim, em grupos menores foi possível proporcionar maior aproximação e comunhão entre as integrantes. Gudrun teve a oportunidade de conviver vinte anos com as mulheres membros desses grupos de OASE os quais deixaram boas lembranças, grandes amizades e muitas saudades.

Quando em 1995, a OASE de Panambi Centro festejou 85 anos de fundação, Gudrun, que já morava no Rio de Janeiro, participou da festa como convidada especial. Na ocasião, saudou as pessoas presentes com o Salmo 100.2, que diz: “Servi ao Senhor com alegria”. (Posteriormente este Salmo foi adotado como Salmo da OASE Nacional). Palavras de Gudrun durante os festejos: “A OASE é uma casa, na qual os moradores com as mais diferentes mentalidades devem se sentir bem. Uma casa que está aberta a todos, onde a gente se reúne, escuta e estuda a palavra de Deus e desenvolve os mais diversos dons, com os quais quer servir. Desta casa saímos juntas para cumprir as tarefas a nós confiadas”.

Em 1980 a família Braun havia se mudado para o Rio de Janeiro, Paróquia de Ipanema, onde já existia OASE. Gudrun deu continuidade aos trabalhos existentes. Mais tarde, começou um trabalho com as mulheres no Ponto de Pregação da Barra da Tijuca.

No Distrito Eclesiástico Rio de Janeiro - DERJ participou de vários encontros e seminários, nos quais conheceu muitas pessoas. Diversas vezes foi convidada para assumir algum cargo na OASE, mas sempre recusava, pois achava que, como esposa de Pastor tinha muitas oportunidades e que outras mulheres também deveriam ter a oportunidade de participar e assumir cargos.

Em 1990, sem ter tempo de questionar muito ou recusar, foi eleita Coordenadora Distrital da OASE do DERJ. Quando o seu marido, então Pastor Distrital, celebrou o Culto de Encerramento e fez a instalação da nova Diretoria, a emoção foi forte. Pastor Karl Gerhard Braun veio a falecer em março de 1991 e ela entendeu que Deus já havia escolhido um caminho para ela. No segundo mandato de Coordenadora Distrital, foi eleita Presidente Regional da OASE, em agosto de 1993, em Araras, RJ. Em 1994, participou da Reunião do Conselho Nacional da OASE, em São Leopoldo, RS. Neste Encontro, várias pessoas sugeriram que ela assumisse o cargo de Presidente Nacional da OASE. Ela disse que não aceitaria, pois acabara de assumir o cargo de Presidente Regional. Por insistência das pessoas, ela conversou com a sua Vice e esta disse que assumiria a Presidência Regional, se fosse necessário. Então, Gudrun foi eleita Presidente do Conselho Nacional.

No Planejamento constavam: Congresso Nacional da OASE em 1996, e, 100 anos da OASE em 1999. No Congresso Nacional, em 1996, foi reafirmado o hino “Jesus Cristo é Rei e Senhor” como o hino da OASE. Houve muito empenho e trabalho para a comemoração dos 100 anos da OASE. Nesta ocasião foi lançado o primeiro livro da OASE “Retalhos no tempo”, que contém relatos das participantes da OASE. Segundo Gudrun: “Sobre os 100 Anos não cabe a mim escrever, mas posso dizer que foi um evento abençoado, marcante, inesquecível e único do nosso trabalho”. Segundo Helga Schünemann: “Movidos pelos objetivos da OASE COMUNHÃO, TESTEMUNHO e SERVIÇO, reuniram-se de 13 a 15 de agosto de 1999, em Rio Claro, SP cerca de 2.000 pessoas, representando os 17 Sínodos da IECLB. Nestes três dias, pode-se celebrar uma história que, como disse o Pastor Dreher, não exclui sofrimento, dor e morte, mas carrega a certeza da profunda esperança. Tudo foi único, a alegria de encontrar, o calor humano, a organização e a participação. Na abertura, as palavras da Presidente foram as palavras do Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor e nada me faltará”. Pastor Dr. Martin Dreher disse: ... “A IECLB não pode ser pensada sem a OASE”. O então Pastor Presidente da IECLB Humberto Kirchheim saudou a todas, dizendo que “esta celebração do centenário iria marcar profundamente a Igreja em sua caminhada”.

O mandato de Gudrun como Presidente Nacional da OASE foi de 1994 a 2000. Em 2000 foi eleita Tesoureira do Conselho Nacional, cujo mandato durou até 2004, quando foi eleita para o cargo de Secretária do Conselho Nacional da OASE. Em 2005, por solicitação da IECLB e em conformidade com o Código Civil brasileiro, foi preciso transformar a OASE em pessoa jurídica. Isto aconteceu em setembro de 2005. Por esse motivo, a Diretoria teve o mandato estendido até setembro de 2009. Em 2009 Gudrun foi eleita Assessora da Diretoria da Associação Nacional dos Grupos da OASE, cujo mandato durou até 2013. Foi um tempo de muitas mudanças e aprendizado.

Como Presidente Nacional da OASE, Gudrun empenhou-se em atender todos os convites possíveis dos 17 Sínodos, e diversos grupos, procurando, também, integrar ao trabalho nacional os grupos do atual Sínodo Amazônia, que na época ainda não estava formalizado. Também participou ativamente dos Concílios e demais encontros da IECLB. Para ela foi marcante o Concílio Extraordinário em Ivoti, RS. Neste Concílio foi votada a nova Constituição da IECLB, quando com muito empenho, foi aprovado que a OASE teria participação no Concílio da IECLB, com direito a voto. Durante o Concílio, Gudrun enfatizou que estava pedindo um assento para a OASE, em nome de 40.000 mulheres que trabalham incansavelmente nas Comunidades e que isto não é pouca coisa.

Durante seus mandatos ela fez inúmeras viagens para visitar os grupos, nas Regiões e depois nos Sínodos. Sempre foi muito bem acolhida e pôde sentir e acompanhar a alegria de estar junto, participando dos encontros e trabalhando para o bem das Comunidades. Esse sentimento a revigorava cada vez mais. Como Presidente Nacional, participou de um encontro internacional de intercâmbio na Federação Luterana Mundial, em Genebra. Atuou também no grupo Mulheres em Igreja e Sociedade, no Paraguai, Chile e Nicarágua. Visitou e foi visitada por Mulheres do Leste Europeu. Também aceitou convite para conhecer o trabalho das mulheres na Venezuela. Participou nas Assembleias do Dia Mundial de Oração e de Encontros do CONIC. Esteve presente no Encontro Internacional de Mulheres que fazem parte da Instituição Martin Luther Verein em Neuendettelsau, Alemanha. Teve contato com o Gustav Adolf Werk – Frauenarbeit, em Stuttgart, Alemanha e presenciou o intercâmbio com o Deutscher Evangelischer Frauenbund, Landesverband Bayen, Alemanha. Todos estes encontros foram importantes para conhecer o trabalho com as mulheres em outras instituições, países e Igrejas e, acima de tudo, para divulgar mais e mais o trabalho da OASE.

Ela disse que nunca pensou que em sua vida escreveria tanto. Durante 15 anos foi responsável pela elaboração do jornal OASE em Foco. De março de 1994 até março de 2014 fez parte do Conselho Redatorial do Roteiro da OASE. Escreveu artigos para o Anuário da IECLB e a revista NOVOLHAR. Fez revisão e adaptação do Regimento Interno da OASE e do livreto OASE Por quê? Como? Para quê? E coletou material para os livros “Retalhos no tempo” e “Mulheres que fizeram a diferença”. Por solicitação do Gustav Adolf Werk Leipzig, na Alemanha, colaborou com o livro anual dessa entidade, com um extenso artigo sobre o trabalho da OASE “Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas – OASE no Brasil e a situação das mulheres. Além da atuação na OASE, ela também fez e faz parte da Diretoria da Paróquia Bom Samaritano, de Ipanema, da Creche Bom Samaritano, em Ipanema, da Diretoria do Sínodo SUDESTE, do Conselho Sinodal e da Diretoria do Centro Luterano Araras, não poucas vezes exercendo o cargo de Secretária. 

Na antiga Região VII, atualmente Sínodo SUDESTE já exerceu os cargos de Vice-Presidente, Presidente e atualmente é Tesoureira da Diretoria da OASE Sinodal.

Palavras de Gudrun: “Gostaria de agradecer a Deus pela força e proteção durante todos esses anos e pelas alegrias que levo no meu coração. E em especial, também aos meus familiares que me apoiaram e ainda me apoiam durante a minha caminhada no trabalho junto com a OASE. Assim, também no futuro quero continuar servindo a Ele com alegria, enquanto Ele me der forças”.

Que o bondoso Deus continue abençoando a vida de Gudrun Braun com alegrias, saúde e principalmente com muito ânimo para continuar a se dedicar ao trabalho com a OASE.
 


História coletada e redigida por Adelia Lemke Graf e Helga Schünemann.


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