“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” 1 Tessalonicenses 5.18
Dar graças a Deus em todas as circunstâncias. Há uma música, até bem conhecida que diz: “Como dar graças e cantar com tanto ainda que lutar? Graças por quê? Graças a Deus porque a vida nos deu!”
Dar graças, agradecer, ser grato, dizer obrigado, essa palavrinha mágica que tantos pais tentam ensinar suas filhas e seus filhos. E que muitas vezes nos foge de nossos pensamentos, mas sobretudo, de da nossa boca, principalmente quando temos que dizer a alguém “obrigado”.
Confesso que não gosto da palavra “obrigado”, isso me lembra “obrigação”. E assim como você, eu não gosto de me sentir obrigado a nada. Quero ser e me sentir livre. No entanto, no português as duas palavras são oriundas da mesma palavra 'obligō', mas tem significados completamente diferentes: “Eu sou obrigado a virar a comer vegetais” e “Obrigado por me fazer um bolo”.
Segundo os portugueses, numa consulta a um site que explica a origem de algumas palavras. Eles, lá em Portugal nos dizem o seguinte:
“A fórmula portuguesa surgiu a partir de expressões mais complexas, como eram as fórmulas finais nas cartas, tal como «Muito Venerador e Obrigado a Vossa Mercê». Com o tempo, aquele «obrigado», que tinha a tal origem latina muito antiga, começou a deixar para trás — sem o perder por completo — o sentido original de obrigação e passou a ser usado como fórmula fixa. Ou seja, aquela forma verbal, ao contrário do que aconteceu nas outras línguas, tornou-se a interjeição de agradecimento típica da língua portuguesa. Digamos que a palavra decidiu saltar de categoria — e reinventar-se.”¹
Então, nosso obrigado vem muito provavelmente das fórmulas finais de cartas escritas às pessoas de maior sobre e entre nós.
Confesso que ainda assim não gosto dessa palavra. Não que eu não goste de agradecer a alguém por alguma coisa. Isso faço com muito prazer e muita vontade, mesmo quando a minha vontade não pode ser satisfeita, quando não alcanço aqui que eu almejo.
Eu prefiro o “gracias”, do espanhol. Acho que ele diz para mim e representa melhor o que eu quero dizer! Mas não sou dono da língua portuguesa, mas posso adaptar ele e usar de diferentes formas e fazer as pessoas compreenderem o que quero dizer. Mesmo sabendo que os gramáticos dirão que eu estou errado, e a essas pessoas sou grato pela correção.
É isso o que ser grato em todas as circunstâncias representa para mim. Não por uma vontade minha, mas como uma incumbência que o próprio Cristo me dá. De ser e estar grato por tudo.
Ser grato não significa também estar em concordância com tudo. Mesmo quando o apóstolo Paulo não concordava com algo em umas das comunidades a quem ele escrevia e ele não deixava de agradecer e de ser grato pelo que Deus, através de Cristo e do agir do Espírito Santo, havia feito naquele lugar e com aquelas pessoas.
Ser grato tem a ver com reconhecer que não é a nossa vontade única que prevalece sobre o outro. Mas tem a ver com reconhecer que faço parte de uma mesma comunidade. E se uma pessoa sofre, todas as demais sofrem. E que se uma pessoa se alegra e ri, todas as demais pessoas irão se alegrar e rir. Por isso, as palavras de Paulo nos dizem: “Sempre dou graças a meu Deus por vocês, por causa da graça que dele receberam em Cristo Jesus.” 1 Coríntios 1:4
E podemos dar graças por termos um Deus que sempre acolhe as orações de todas as pessoas que o servem com a consciência limpa. “Dou graças a Deus, a quem sirvo com a consciência limpa, como o serviram os meus antepassados, ao lembrar-me constantemente de você, noite e dia, em minhas orações.” 2 Timóteo 1.3
E assim, eu consigo também ressignificar o obrigado, do nosso querido português!
Gracias, merci, thank you, danke…
¹ Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/qual-e-a-origem-da-palavra-obrigado/3725# [consultado em 06-05-2021]