Culto de acolhida a pessoas imigrantes e pessoas refugiadas
Dia Mundial da pessoa refugiada
20 de Junho
Ambiente
(Um barco pequeno, construído de madeira ou papelão, com areia e velinhas, as quais serão acesas durante o Kyrie - ter, entre as velinhas, uma maior. Colocar num lugar em frente ao altar. Onde for possível, utilizar um barco real. Com o barco, busca-se representar a travessia de pessoas refugiadas e a dura realidade da sua busca por sobrevivência).
LITURGIA DE ENTRADA
Acolhida
Salmo 24.1: Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e as pessoas que nele habitam.
Estas belas palavras do salmista nos anunciam que, para Deus, o mundo não tem fronteiras, pois toda a terra pertence a Deus.
São palavras significativas para o contexto de vida das pessoas que são forçadas a imigrar e se refugiar de suas pátrias. Como comunidade evangélica de confissão luterana, muitos de nossos membros são descendentes de migrantes. Por isso, temos uma história comum com tantas pessoas que ainda hoje vêm para esta terra, na esperança e com esperança de encontrar um lugar onde possam reconstruir sua vida e sua história.
Acolhei o forasteiro, diz Jesus (Mateus 25). Exercitar o acolhimento e a hospitalidade é vocação de toda pessoa cristã.
Convidamos as pessoas imigrantes que estão entre nós para se apresentarem e receberem as nossas boas-vindas.
(Apresentação e abraço de acolhimento)
Hino
Se vens ou longe ou de bem perto, esta é tua casa (Miriã 2, n.2)
Saudação
Nosso Deus tem muitas faces. É Deus da peregrinação, que acompanhou Abraão e Sara em sua vida pelo deserto;
É Deus no exílio, que foi ao encontro do seu povo em terras estrangeiras;
É Deus encarnado, que se tornou humano em Jesus Cristo, e assumiu nossas dores.
Em nome deste Deus, aqui nos reunimos.
Hino
Onde dois ou três (Bayga Bayga) HPD, 338
Confissão de pecados
Deus, que acompanhas as pessoas em todos os lugares e em todas as situações de vida, ouve-nos quando a ti confessamos:
A ti pertence a terra, e tudo o que nela se contém. No entanto, nós, seres humanos, criamos uma sociedade gananciosa; nos colocamos como donos da terra e causamos a discriminação entre as pessoas. Criamos fronteiras, dividimos espaços, impomos divisas. Como se não bastasse, valorizamos certas culturas em detrimento de outras, erguemos barreiras sociais, geramos a pobreza e a riqueza, utilizamos a força da guerra, causamos a expulsão de vítimas inocentes de suas pátrias e casas, dividimos famílias. Ó Deus, enviaste Jesus, que assumiu o pecado do mundo e deu sinais de um mundo novo; olha-nos com compaixão e renova a face da terra. Transforma o mundo e o coração das tuas criaturas!
Hino
Perdão, Senhor, perdão.
Anúncio da graça
Esta é a palavra de Deus: “andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave”.
Canto
Dai louvor ao Senhor, ele é tão bondoso, sua misericórdia dura para sempre.
Kyrie
Kyrie eleison – Senhor, tem compaixão é o grito que vem das margens, das periferias do mundo. Trazemos estes clamores e os colocamos diante de Deus, pois cremos no Deus da compaixão:
(Em seguida, a cada petição, acender uma vela dentro do barco)
Ó Deus, que segues com o povo peregrino, tem piedade das pessoas que sofrem por causa das guerras e situações em conflito (acender uma vela);
Tem piedade das crianças que se tornam órfãs em consequência dos conflitos bélicos (acender uma vela);
Tem piedade das mães e pais que perderam filhos e filhas na travessia dos mares (acender uma vela);
Tem piedade das famílias que se dividem no caminho da peregrinação como pessoas refugiadas (acender uma vela);
Desperta, ó Deus, a tua Igreja, para que ela seja um lugar de hospitalidade e desenvolva ações solidárias com as pessoas e famílias estrangeiras e refugiadas (acender a vela maior).
Canto Kyrie eleison
Oração do dia
Deus de refúgio, que acompanhas as pessoas em suas travessias e peregrinações, graças te damos, porque em ti encontramos um porto seguro, um abrigo acolhedor. És calmaria e proteção em meio aos mares revoltantes e trevas da noite. Vens a nós com tua palavra e sacramento, que anima e consola, conforta e sustenta. Em ti esperamos, em ti confiamos. Por Jesus, teu amado Filho!
LITURGIA DA PALAVRA
Leituras bíblicas
Primeira leitura: Rm 12.1-2. 9-14
Leitura do Evangelho: Mateus 11.28-30
Pregação (escolher um dos textos lidos acima)
É possível sentir Deus em situações de total exclusão e ausência de dignidade? Qual é a concepção de Deus que carregamos? Ao olhar para as pessoas forçadas a imigrar e também para as refugiadas, perguntamos: como podemos nós, comunidade cristã, responder a esta realidade? Como é o nosso testemunho de fé? Que ações de apoio e acolhimento podemos desenvolver em relação às pessoas que hoje buscam abrigo?
Alguns dados sobre a realidade:
“Os imigrantes bolivianos destacaram o trabalho análogo à escravidão a que muitos são submetidos. Destacaram que imigrantes, quando saem da Bolívia, pensam que no Brasil terão mais oportunidades para melhorar de vida. No entanto, são submetidos a jornadas de trabalho que iniciam às 5 horas da manhã e encerram às 2 horas da manhã. Trabalham muito e ganham pouco. Muitas vezes ficam sem seus documentos, que ficam com seus empregadores. São submetidos à violência psicológica e ameaças. Relatam casos de “venda de emprego com transferência de dívida”. Isso significa que um empregador oferece seu trabalhador para outro empresário. O trabalhador muda de empregador. A dívida que tinha com o primeiro empregador é transferida para o segundo. O imigrante segue endividado e dependente de quem o contratou. Como ocorre isso? Empregador paga os custos da viagem e a pessoa, ao chegar no Brasil, trabalha para pagar os custos da viagem e das documentações que foram encaminhadas. Há bolivianos trabalhando por R$ 300,00. O número de bolivianos no Brasil é de aproximadamente 660 mil. Em São Paulo vivem aproximadamente 300 mil imigrantes.” (Trecho do Relatório da Oficina Imigrantes e Refugiados, realizada em São Paulo nos das 8 e 9 de dezembro de 2015 - CONIC)
Como comunidade cristã, não ficamos alheios e alheias a esta realidade. Jesus “olha com compaixão para as pessoas que estão cansadas e sobrecarregadas”. Como suas testemunhas, acolhemos aqueles e aquelas que migram e buscam refúgio em outras pátrias, sem esquecer que também é nossa tarefa profética denunciar as injustiças que essas pessoas sofrem, seja em seus países, como vítimas inocentes das guerras, seja em nosso meio, pela exploração de sua força de trabalho. Pela fé em Jesus Cristo, nossa postura diaconal é o acolhimento e a solidariedade para com quem sofre em consequência da ganância, da guerra, da conquista sem medida, da injustiça.
Confissão de fé
Creio em Deus que é amor e que deu a terra a toda a humanidade.
Creio em Jesus Cristo, que veio para nos salvar e nos libertar de toda classe de opressão.
Creio no Espírito de Deus, que atua através de todas as pessoas que buscam a verdade.
Creio na comunidade das pessoas que creem, que está chamada a servir a humanidade.
Creio na promessa de Deus de destruir a força do pecado em todos nós, e de criar para a humanidade inteira um reino de paz e justiça.
Não creio no direito do mais forte, nem na força das armas nem, no poder da opressão.
Creio nos direitos humanos, na solidariedade entre todos os seres, no poder da não violência.
Não creio no racismo, no poder que cresce de riqueza e privilégios, nem em nenhum sistema existente que escravize homens e mulheres.
Creio que todas as mulheres e todos os homens são seres iguais em sua humanidade, e que um sistema baseado na violência e injustiça não é ordem nenhuma.
Não creio que a guerra e a fome sejam inevitáveis, nem que a paz nunca possa ser alcançada.
Creio na beleza da simplicidade, no amor com as mãos abertas, na paz sobre a terra.
Não creio que o sofrimento seja em vão, que a morte seja o fim, que Deus tenha querido a deformação de nosso mundo.
Mas me atrevo a crer que o poder de Deus pode transformar e produzir mudanças e que a promessa de um novo céu e uma nova terra, onde florescerão a justiça e a paz, será cumprida.
(Credo de Seul/1992)
Oferta: de acordo com o Plano de Ofertas da IECLB
Hino
Oração Geral da Igreja
Interceder para que as autoridades civis do mundo inteiro desenvolvam ações em favor da paz, do entendimento entre os povos, contra a guerra, e de superação da pobreza.
Interceder pelas Igrejas, para que desenvolvam ações de apoio às pessoas refugiadas.
Interceder pelas pessoas que sofrem longe de suas pátrias e famílias, e lutam por sobrevivência.
(...)
LITURGIA DA CEIA
Preparo da mesa
(Após a mesa preparada, dizer para a Comunidade:)
L. Na Ceia do Senhor, Deus nos prepara a mesa; o Filho Jesus nos serve o alimento precioso da vida; o Espírito Santo cria comunhão entre as pessoas que se
sentam à mesa! O que recebemos nesta mesa é tudo o que necessitamos para o bom viver e o con-viver! Demos graças a Deus.
Canto de louvor
Graças, Senhor, graças, Senhor, por tua bondade, teu poder, teu amor. Graças, Senhor.
Oração eucarística
L. Deus, a quem a terra pertence e tudo o que nela se contém, és nosso abrigo e proteção. Graças te damos por tua mão que nos acolhe, e por teus passos que nos acompanham. Como pessoas famintas, cansadas e sedentas, à tua mesa chegamos, pois tens alimento e bebida e braços abertos para todos e todas que até ela chegam. Graças te damos por Jesus, teu Filho, que em sua peregrinação pela terra deu de comer às pessoas famintas e de beber às que estavam com sede. Com seus gestos acolhedores, nos ensinou a hospitalidade. Em sua promessa de estar sempre conosco e nos acompanhar em nossa peregrinação, ele nos deu este sacramento, conforme está escrito nas sagradas Escrituras:
(Palavras da Instituição) Pois Ele, Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, o partiu e o deu à comunidade discipular, dizendo: tomai e comei, isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em memória de mim. A seguir, depois de cear, tomou também o cálice, rendeu graças e o deu às pessoas que estavam com Ele, dizendo: tomai e bebei, este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós, para a remissão dos pecados. Fazei isto todas as vezes que o beberdes em memória de mim.
L. Graças damos ao teu Filho, Deus amado, por esta promessa e pelo Espírito Santo por nos reunir num só corpo, nesta Ceia. Na esperança de nos reunirmos para o banquete eterno com todas as pessoas que, por tua graça, creram e deram testemunho da tua companhia misericordiosa, louvamos a ti, Trino Deus. Por Cristo, com Cristo e em Cristo. Amém.
Pai-nosso
L. Como pessoas unidas pela mesma fé e que, na mesa da comunhão se tornam um só corpo, oremos em conjunto: Pai nosso...
Gesto da paz
L. Participar da mesa da comunhão e viver da paz de Cristo é praticar a hospitalidade. Com um abraço ou aperto de mão, demos um sinal do nosso compromisso com a hospitalidade cristã.
Fração
L. O cálice pelo qual demos graças é a comunhão no sangue de Cristo; o pão que partimos é a comunhão no corpo de Cristo!
L. Eis o cordeiro de Deus que, em sua graça, reconcilia o mundo e elimina todas as barreiras e fronteiras existentes. Venham, pois tudo está preparado!
Canto: Cordeiro de Deus
Comunhão
Oração pós-comunhão
L. Bendito sejas, Deus de refúgio, pelo alimento que cria comunhão. Agradecemos-te porque nos recebeste em sua graça. Com a força que vem de ti, saímos daqui para praticar a hospitalidade. Envia-nos e abençoa-nos. Por Jesus, teu Filho amado.
C. Amém.
Pai Nosso
LITURGIA DE DESPEDIDA
Bênção
Que Deus, com sua mão acolhedora, te guarde e te proteja;
Que Deus, com seu Espírito consolador, te anime e te dê esperança;
Que Deus, com seus olhos de misericórdia, te acompanhe e te abençoe. Amém!
Envio
Vai em paz, na confiança de que Deus segue os teus passos e conhece todos os teus caminhos.
Elaborada por:
Cat. Dra. Erli Mansk
Coordenação de Liturgia da IECLB
Abril de 2016