(LWI) – “Nós herdamos um jardim: não devemos deixar um deserto para nossos filhos”. Essa séria advertência está no centro de um apelo conjunto de líderes de todas as comunidades religiosas do mundo que se reuniram no Vaticano em 4 de outubro, antes da Cúpula do Clima COP26, que deve começar em Glasgow, Escócia, no final do mês. O apelo destaca o consenso entre os cientistas de que uma ação urgente é necessária para limitar o aumento da temperatura da Terra a 1,5 graus centígrados a fim de evitar uma catástrofe climática.
O Secretário Geral da Federação Luterana Mundial (FLM) Pastor Dr. Martin Junge e o Bispo Presidente Dr. Frederick Shoo, da Igreja Evangélica Luterana na Tanzânia (ELCT), estavam entre os 40 líderes religiosos de todo o mundo que se juntaram ao Papa Francisco para assinar o apelo aos governos e tomadores de decisão, instando-os a tomar medidas mais ambiciosas para cooperar de forma mais eficaz na redução do aquecimento global.
O encontro, intitulado ‘Fé e Ciência: Rumo à COP26’, culminou meses de reuniões online entre os líderes religiosos e os principais cientistas do clima. O evento foi organizado pelo Vaticano, em parceria com as embaixadas britânica e italiana junto à Santa Sé, com o objetivo de mobilizar comunidades de fé em todo o mundo. Incluía uma cerimônia simbólica de plantio de árvores, uma vez que cada líder religioso acrescentava um punhado de terra a uma oliveira a ser plantada nos jardins do Vaticano.
Reduzir emissões e proteger as pessoas vulneráveis
Falando em nome da comunhão global das igrejas luteranas, o P. Junge disse que o apelo conjunto envia uma mensagem clara de que pessoas de boa vontade de todos os setores da sociedade podem se unir, podem agir, podem trabalhar juntas agora. A apenas algumas semanas da COP26, ele disse que “estamos juntos em nosso chamado à comunidade dos Estados: assegurem que as emissões sejam substancialmente reduzidas, protejam e apoiem os vulneráveis”.
Com base em seu compromisso de longa data de cuidar da criação, o P. Junge disse que a FLM busca equipar as igrejas-membro “com os recursos espirituais e teológicos para inspirar ações para enfrentar a mudança climática e apoiar as comunidades afetadas por desastres relacionados ao clima”. Além disso, disse ele, a FLM se compromete a “aprofundar a cooperação ecumênica e inter-religiosa existente” e a “amplificar e promover as vozes dos jovens e apoiar os líderes das igrejas na defesa da justiça climática”.
O bispo Shoo da Tanzânia, convidado por causa de seu trabalho pioneiro no combate às mudanças climáticas, observou que se tornou conhecido como o Bispo das Árvores por causa de seus esforços em mobilizar as comunidades locais para plantar árvores nas encostas do Monte Kilimanjaro. Ele se lembrou das palavras de Martim Lutero: Mesmo que eu soubesse que morreria amanhã, ainda hoje plantaria uma árvore. Acrescentou que agora é compromisso que todas as crianças e adolescentes que frequentam as aulas de ensino confirmatório plantem árvores e aprendam sobre a crise climática. Ele concluiu sua fala com um apelo aos líderes de governos: “Vamos salvar nossa casa comum antes que seja tarde demais”.
Obrigação Moral de Cuidar da Criação
O apelo conjunto foi assinado por líderes cristãos de tradições ortodoxas, católicas, anglicanas, protestantes e reformadas, ao lado de representantes de comunidades religiosas judaicas, muçulmanas, budistas, sikhs e jainistas. Outros líderes religiosos, que não puderam comparecer ao encontro, enviaram mensagens de vídeo. Os participantes do encontro também ouviram uma jovem italiana, Federica Gasbarro, representando os e as delegadas de um encontro da Juventude pelo Clima realizado em Milão na semana anterior.
A declaração foi entregue pelo Papa Francisco ao político britânico Alok Sharma, que preside a Cúpula da COP26, e ao chanceler italiano Luigi Di Maio. O Reino Unido e a Itália serão os anfitriões da Cúpula do Clima em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro. A FLM será representada na reunião por uma delegação de jovens ativistas do clima de diferentes regiões, ao lado de seus especialistas em Justiça Climática, Juventude e Advocacia Global.
O apelo destaca a interdependência das pessoas e do planeta, enfatizando a necessidade de “solidariedade mais profunda em face da pandemia global” e da crescente crise climática. Observa que as pessoas mais pobres, especialmente mulheres e crianças nos países mais vulneráveis, são as mais afetadas pela crise, e apela a uma mudança na narrativa atual de desenvolvimento econômico. “Não somos proprietários ilimitados de nosso planeta e de seus recursos”, afirma o comunicado. “Somos zeladores do meio ambiente com a vocação de cuidar dele para as gerações futuras e a obrigação moral de cooperar na cura do planeta.”
FLM / P. Hitchen